Ainda quando era jogador, Toninho Cerezo costumava dizer que “sete carregam quatro, mas quatro não carregam sete”. Queria dizer que mesmo com quatro grandes jogadores, um time é composto por onze, e se os demais não fizerem a parte deles, não vai adiantar ter craques na equipe, pois o futebol é esporte coletivo.
Viram o Vasco ontem?
Detonou o Santos, fazendo prevalecer a vontade da meninada escalada pelo Paulo César Gusmão, mais a calma e categoria do veterano Felipe no meio, e a velocidade e noite inspirada do Éder Luiz no ataque.
O Santos que usou desse mesmo expediente contra o Cruzeiro e a qualidade do Neymar, também jogou muito bem, mas foi superado pela garra vascaína, turbinada pela pressão da torcida em São Januário.
Os dois times com jogadores muito jovens, jogando em alta velocidade. Este é o futebol jogado no Campeonato Brasileiro, que impressionou aos argentinos Montillo e Farias, do Cruzeiro. Em entrevistas recentes, os dois fizeram essa observação, pois se assustaram com o nível de exigência que o nosso futebol está cobrando dos jogadores por aqui.
O grau de competividade imposto pela fórmula de pontos corridos a partir de 2003 passou a exigir atletas 100% condicionados. Se a qualidade técnica falha a condição física tem que superar, sob pena do castigo vir em forma de empates e derrotas. Isso explica um dos principais motivos do fracasso do Atlético na disputa, já que o departamento médico do clube é uma enfermaria permanente.
Cada vez mais, jogadores de “quilometragem alta” terão dificuldades em jogar em clubes que almejam títulos.
O Galo apostou em muitos jogadores muito rodados e em más condições físicas, o grande erro do Vanderlei Luxemburgo. Seu “projeto” esqueceu-se de avaliar que o prazo de validade de várias estrelas, apostas altas, está vencido ou por vencer em curto prazo.
Faltou um Eduardo Maluf à época das contratações para abrir os olhos da diretoria do Atlético e evitar tantas aquisições equivocadas, que resultaram neste desespero contra o rebaixamento.
Se Maluf tivesse chegado antes, ou junto com o Vanderlei, o Galo não teria embarcado em canoas furadas.
Isso explica também as alterações feitas pelo técnico Dorival Júnior, no jogo contra o Grêmio e principalmente para hoje contra o Ceará em Fortaleza.
Uma velha frase serve para resumir tudo: “os velhos sabem; mas os jovens podem”.
Os clubes e treinadores que sabem mesclar essa turma se dão muito bem.