Blog do Chico Maia

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Quando o eterno otimismo dá lugar à frustração de voltar mais cedo

Muitos companheiros de imprensa iniciaram este ritual da volta domingo mesmo, logo após a derrota nos pênaltis para o Paraguai.

É muito interessante essa logística em qualquer evento cujo mata-mata define quem prossegue na disputa e quem volta para casa.

Quase 100% de quem estava aqui já tinha feito reservas de hotel em Mendoza, onde o Brasil jogaria contra a Venezuela, caso passasse às semifinais. E ninguém acreditava numa eliminação. Aliás, nunca acreditamos. De modo geral, brasileiro pensa que a seleção é imbatível. Nas duas últimas Copas do Mundo foi assim. Ano passado, quem estava em Port Elizabeth, na África do Sul, fazia planos para o jogo em Cape Town, mas a Holanda, foi mais competente e viajou para lá, onde eliminou o Uruguai e chegou às finais.

Em 2006 foi a França quem obrigou a brasileirada a mudar de rumos, com o show de Zidane e cia., também pelas quartas de final, em Frankfurt. E Munique recebeu franceses e portugueses para uma das semifinais, enquanto a família verde e amarela voltava para casa ou fazia turismo pela Europa.

Os argentinos continuam fazendo mais barulho pela eliminação deles, sábado, e com razão: 19 anos sem um título, e eliminação precoce dentro de casa. A imprensa pede a cabeça do técnico Sérgio Batista, que, mantendo a sua postura fria, diz que nem pensa em entregar o cargo. O todo poderoso Julio Grondona, presidente da AFA, também não fala em mudar de técnico, mas quer que Batista não convoque mais alguns jogadores, cujos nomes não revela.

Por mais incrível que pareça surgiram “viúvas” do Dunga, que se manifestaram no Brasil. Inimaginável! Mano Menezes tem os seus defeitos, mas é um treinador de futebol; Dunga não!

O atual comandante enfrenta as ondas naturais de se perder um título, como o Mineiro, mas a CBF já adiantou que ele vai continuar dando as cartas.

Seu trabalho continuará sendo testado em amistosos. Só cai se a seleção continuar  empatando ou perdendo. Aí, entra Muricy.

Por causa da surpresa e por ser a seleção mais frágil do futebol Sul-Americano, a Venezuela passou a contar com a maioria da torcida argentina, mas continua desacreditada, como na primeira fase e nas quartas de final.

Ao mesmo tempo o treinador da “Vino Tinto” é sério candidato ao título de “Mala sem alça” da Copa América. Um chato!

Porém, bom de serviço, pois levou seu time à melhor campanha da história venezuelana.

A saída de Brasil e Argentina influenciou até no planejamento de atendimento aos jornalistas pelo comitê organizador da Copa América. O sempre tumultuado Centro de Imprensa de Buenos Aires deu lugar a um ambiente tranquilo, com espaço sobrando nas bancadas de trabalho. As enormes filas para a retirada dos tickets para o jogo do dia seguinte, não existem mais.

Há tribunas à vontade para quem quiser cobrir Uruguai x Peru, em La Plata.

 A TV argentina dedicou grandes espaços à história de grande quantidade de pênaltis perdidos em um jogo. A façanha de Thiago Silva, Elano, André Santos e Fred só é comparada com a de Schiavi, Cascini, Burdisso e Cangele, que também perderam quatro cobranças para o Boca Juniors, em 2004, na perda do título da Libertadores para o Once Caldas, em Manizales.

O goleiro colombiano, Henao, foi o herói do jogo, defendendo duas cobranças.

CICLISTAS

Mesmo com chuva e tráfego intenso, o trânsito em Buenos Aires flui bem em horários de pico. O respeito às regras é uma marca dos condutores argentinos; claro, que, com exceções.

Mas, até ciclista aqui respeita sinal vermelho, coisa que nunca vi no Brasil.


Sob chuva, frio e com satisfação, retorno antecipadamente às nossas Gerais

Com muita chuva e frio nessa segunda feira em Buenos Aires, estou no corre-corre para finalizar meus trabalhos por aqui e antecipar a minha volta.

Bom demais estar aqui, mas confesso que já estou louco para voltar para a nossa terra e as nossas coisas.

O Otavio Procópio Duarte Neto, de Caratinga, escreveu um comentário muito legal no post anterior e agradeço-o.

Disse que tinha uma outra impressão da Argentina e argentinos, mas que lendo minhas colunas no Super Notícia e ao nosso blog, mudou de opinião e até pensa em visitar essas ótimas bandas de cá.

Pode ter certeza, caro Otávio, que você ficará muito mais satisfeito do que imagina, e a sua antiga antipatia se tornará amor à Argentina, um país muito legal, povo tão bom e hospitaleiro como nós, e até com uma vantagem: não esquece seu passado, luta por seus direitos e não pensa duas vezes em protestar e reagir contra abusos e crimes dos poderosos, sejam políticos ou empresários.

Brincalhões e sacanas como os brasileiros, só tiram sarro da gente no futebol, do mesmo jeito que os sacaneamos, porém, fora isso, nos respeitam e nos acolhem da melhor forma.

Sempre tive essa impressão deles. Estive aqui em duas oportunidades anteriores, e fico incomodado quando vejo companheiros da imprensa incentivando antipatia a eles, por motivos inexistentes ou fatos isolados.

Hoje, fui muito bem atendido pelo call-center da uruguaia Pluna Linhas Aéreas e consegui antecipar a minha volta a Belo Horizonte, do dia 26, para depois de amanhã.

Paguei uma taxa de remarcação da passagem, de U$ 75, com prazer, e volto com impressão melhor ainda da Argentina, pois foram ótimos dias aqui.

Neste momento eu estaria na estrada, “Ruta 7”, com destino a Mendoza, que dizem ser melhor ainda que a “9”, para Córdoba, onde dirigi semana passada. Mas, a seleção brasileira não me deu este prazer!

Não tem problema, já que é mais um motivo para eu pensar numa volta, em breve, para os lados de cá, quem sabe, em férias, pois pretendo conhecer também a Patagônia e outras regiões da Argentina, que ainda não conheço.

Daqui a pouco ligarei para os meus editores no O Tempo, Denner; e no Super, Rogério Maurício, para saber se as colunas continuarão diárias até o fim da Copa América, ou se voltam à normalidade das segundas, quartas e quintas.

Li todos os comentários que chegaram ao blog e conclui algumas coisas, as quais falarei num dos próximos textos.

Sobre Mano Menezes, a seleção, a Copa América, CBF e sobre os nossos times, que não estão agradando a nenhum atleticano, cruzeirense e americano.


Seleção que perde quatro pênaltis tem mais é que sair fora mesmo!

A pressão brasileira aumentou no segundo tempo, mas a firmeza da defesa paraguaia se manteve.

Apesar do intenso bombardeio os ataques eram como o sol de La Plata neste domingo: não esquentava. A torcida paraguaia não estava tão maior que a brasileira como em Córdoba; e quando Mano Menezes trocou Neymar por Fred, os gritos de “burro… burro…! retumbaram.

Nos primeiros minutos da prorrogação o atacante Valdez acenou para a torcida pedindo mais apoio e foi atendido. Serviu também para injetar mais gás no fôlego de todos em campo e acirrar os ânimos, terminando com as expulsões de Lucas Leiva e Alcaraz. O argentino Sérgio Pezzota mandou um de cada lado pro chuveiro e ficar bem com todo mundo. E deverá apitar a final, já que a Argentina está fora da disputa.

* Nelinho foi o maior batedor de pênaltis que já vi. Ele conta que a pressão é tão grande, que quando partia para a cobrança, parecia que cada perna pesava 100 quilos. Mas, uma seleção brasileira errar quatro penalidades numa decisão de quartas de final, é demais. Inacreditável!

E jogadores experientes, como Elano, Thiago Silva, André Santos e Fred.

E o Júlio César, famoso nessas defesas, perdeu a chance de se redimir.

* A imprensa do mundo inteiro enviou representantes para a cobertura da Copa América, e a pergunta que mais ouvimos é: o que está acontecendo com as maiores potências do futebol Sul-Americano?

Argentina eliminada nas quartas de final dentro de casa, e o Brasil jogando mal e também eliminado!?

Cada um responde uma coisa. Para mim, faltam craques que resolvam em lances de genialidade, como em outros tempos.

* Apesar da amargura, a eliminação da Argentina não gerou nenhum ato de vandalismo em Buenos Aires. Parecia que a torcida não confiava mesmo na seleção comandada pelo Sérgio Batista, que sofre bombardeio pesado da maior parte da mídia, que quer a sua substituição.

Messi foi o único poupado pela crítica, e Tevez, que era o mais querido pela torcida, tornou-se o segundo maior vilão, atrás apenas do treinador. 

* Até na imprensa argentina o principal assunto ontem foi a raça uruguaia. Do princípio ao fim o time de Oscar Tabarez não se desligou em nenhum momento e foi perfeito na cobrança de penalidades. Também o goleiro Muslera ganhou enorme destaque, principalmente por ter nascido em Buenos Aires, fato até então ignorado pelos portenhos. Porém, filho de uruguaios, foi ainda criança para Montevideo, onde começou a carreira no Wanders.


Uma grande pelada, de luxo!

O Brasil começou com dois jogadores que atuam no país: Ganso e Neymar; os paraguaios tinham apenas o volante Victor Cáceres, do Libertad. Todos os demais em campo atuam na Europa e Argentina, o primeiro mundo do futebol, à exceção de Dario Verón (Pumas, do México) e Vera (Liga de Quito).

BRAPAR

Fizeram do primeiro tempo uma pelada de luxo, na base do gato atrás do rato, e o placar em branco. O Paraguai não deu um chute sequer ao gol do Júlio César, quando a previsão era que fosse tentar isso desde o início, depois do péssimo jogo do goleiro brasileiro contra o Equador.

Pelo lado verde e amarelo, direto mesmo, apenas um chute, do Lúcio, bem defendido pelo Villar.

TRIBUNA

Nosso local de trabalho no Estádio Único, em La Plata

CAROLA

A cartolagem do futebol e os políticos têm sempre áreas vips nos estádios da Copa América, como esta no jogo de ontem em La Plata.

Em muitos casos o jogo está em andamento e os dirigentes nem tomam conhecimento; mais preocupados em comer e bater papo.


Que sufoco, porém, com méritos uruguaios!

Obrigado aos amigos que estão sempre enviando seus comentários e que me ajudam a produzir o blog.

Infelizmente não dá para responder a todos, todos os dias, mas sempre que dá respondo a questões que não são respondidas por posts seguintes.

Agradeço de forma especial ao Dr. André Pelli, de Curvelo, que recomendou o restaurante Siga la Vaca, no Puerto Madero; bom demais, e manifesto o meu lamento por não ter passado ontem em Curvelo e estar hoje em Diamantina, com a turma da BatCaverna, na grande festa anual “Golasso”, só da turma.

Ao Magno que perguntou o valor de uma Coca-Cola aqui: custa 4 pesos, mais ou menos, 1,5 real.

Ao Rodrigo Pinheiro, que falou da tragédia em Conceição do Mato Dentro: confesso que só fiquei sabendo por seu intérmédio que houve este lamentável episódio lá. Liguei lá pro amigo Renilson Guimarães, que contou detalhes. Realmente uma tragédia, envolvendo um sujeito correto, gente boa, família querida por todos, mas, lamentavelmente atacado por um surto depressivo drástico. É a vida! Cuidemos das nossas cabeças!

Acabei de assistir o jogão entre Argentina e Uruguai pelas quartas de final.

BARDENTROFORA

A sensação é muito estranha.

Não torci contra a Argentina e nem a favor do Uruguai, e estou triste com a derrota dos “hermanos”, porém feliz com o sucesso dos uruguaios.

Momentos antes de entrar no bar onde escrevi, fiz estas fotos de argentinos assistindo ao jogo, dentro e fora dos bares, no Centro de Buenos Aires.

BARFORA

Se a Capital argentina estava fria, também em relação à Copa América, imagine a partir de agora!


É sempre bom e importante duvidar

Muito em moda na Guerra Fria as teses conspiratórias continuam existindo com muita intensidade no futebol. Mas, podem ser verdadeiras, “ou não”, como diria o Caetano. Os uruguaios estavam irritados com a escalação do paraguaio Carlos Amarilla, para o seu jogo contra a Argentina, pelas quartas de final da Copa América. Diziam tratar-se de armação para que o argentino Sérgio Pezzota beneficie o Paraguai contra o Brasil, para que argentinos e paraguaios tenham seu caminho facilitado para decidirem a competição.

Motivos

Claro, que lembrando sempre que o presidente da Conmebol é o paraguaio Nicolaz Leoz. O horário de envio da coluna não permitiu que eu esperasse o resultado do “Clássico do Rio da Prata”, mas hoje tem Brasil x Paraguai, e vale a frase do candidato a filósofo de botequim Adilson Batista, celebrado por muitos em Minas Gerais: “vamos aguardar!”.

Nunca duvido de nada no futebol.

Walter Clark

Leitor que sou do livro de memórias do saudoso Walter Clark, o criador do “padrão Global de qualidade”, acredito em sua famosa frase: “se pensam que não se compra mais árbitros no futebol, os senhores estão redondamente enganados”.

Escreveu isso no início dos anos 1980, depois da sua experiência como vice-presidente do Márcio Braga, no Flamengo.

Dom Corleones

Com minha bagagem no jornalismo com foco no futebol, 7 Copas do Mundo, tantas Copas América, brasileiros, mineiros e amadores regionais, não tenho o menor receio em afirmar que as armações continuam existindo. No apito, menos, e difíceis de se provar, porque as famílias mafiosas se unem no esporte e na vida comum do dia a dia para se protegerem. Fóruns privilegiados são cada vez mais comuns nos países e cortes internacionais.

Quase intocáveis

Escuta telefônica, por exemplo, só vale como prova com autorização judicial. E, como é difícil de se conseguir autorizações como essas! Sem falar que, no Brasil, o mundo do esporte multiplica a cada eleição a quantidade de políticos imunes a processos judiciais. Deputados, Senadores, Ministros e a família que cresce, que se une e se protege.

Como ladrão e corrupto nunca passa recibo, vamos que vamos, pois a vida segue, e bola que rola!

Na cara

Na Copa América a tabela já mostra uma armação vergonhosa, aceita de forma conveniente por todos os participantes: Brasil e Argentina só se enfrentam se for na final. Por causa dessa aberração, a seleção brasileira enfrenta, hoje, de novo, o Paraguai, com quem empatou na segunda rodada da primeira fase. Se tivesse passado ontem, a Colômbia enfrentaria novamente a Argentina, com empatou de 0 x 0 semana passada, com ajuda clara da arbitragem aos argentinos.

Engana que eu gosto

O Uruguai pegaria, de novo, na semifinal, Peru ou Chile, a quem já enfrentou e empatou com ambos, na fase de classificação. Tudo para beneficiar ao maior clássico do futebol Sul-Americano, um dos cinco maiores do mundo, que interessa aos patrocinadores e por consequências aos milhões das redes de televisão mundiais.

O tão propalado “jogo limpo” pregado pela FIFA, que se dane. Por essas e outras que o futebol anda perdendo público considerável.

Bem feito!

Contra todas as previsões, o Peru passou pela Colômbia, vencendo por 2 x 0 na prorrogação. O futebol pune com rigor a quem perde oportunidades únicas. Falcão Garcia, atacante colombiano, considerado até agora o melhor jogador da Copa América, desperdiçou pênalti aos 20 minutos do segundo tempo, quando poderia ter definido o jogo e a classificação da sua seleção para a semifinal.

E deu força ao falante e nervoso técnico do Peru, Sérgio Markarian, uruguaio que semana passada cutucou esquemas extra-campo do mundo da bola.


Metrô na porta do hotel, mineiros, canja do Maurílio Costa no La Brigada; manutenção fraca em Rosário

Dia raro de muito sol e temperatura na casa dos 15 graus em Buenos Aires nessa época.

Depois de uma lida na correspondência, me preparo para ir à Feira de San Telmo, famosa todo sábado e domingo aqui, perto de onde fica o La Brigada (Av. Estados Unidos), ótimo restaurante indicado pelo Haroldo Lemos, Diretor Comercial do jornal Hoje em Dia, e “chef” de cozinha nas horas vagas.

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Estive lá nos primeiros dias que cheguei aqui.

LABRIGADA

Muito legal realmente, porém nada barato, e o bife de “chorizo” perde de muito para o do restaurante bem popular em frente à entrada principal do La Bombonera, onde um gordinho atende a 30 mesas ao mesmo tempo enquanto um senhor, que parece pai dele, dá conta do “assador” soltando carne e batata assada da melhor qualidade, por menos de um terço do preço do La Brigada.

Com inacreditáveis 35 pesos, você bem demais da conta e ainda toma um copão de vinho tinto, em frente ao Boca Juniors.

Porém, o restaurante indicado pelo nobre Haroldo é chic, com música ao vivo, decoração e mobiliário elegantes, e cheio de frequentadores ilustres, do esporte, cultura e política da Argentina e do mundo.

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Lá você vê camisas, flâmulas e bandeiras de grandes clubes do mundo todo, levadas por jogadores, dirigentes ou torcedores ilustres deles próprios.

Do Brasil, vi coisas do Inter, Grêmio, São Paulo, Palmeiras e Flamengo.

Lá conheci os irmãos Rodrigo Resende e José Victor, de Belo Horizonte, atleticanos, e para a nossa honra, leitores do blog. O Rodrigo inclusive, disse que de vez em quando posta comentários aqui, e agradeço-o mais uma vez.

MINEIROS

Neste dia que fui lá, além do pianista da casa, os frequentadores tiveram a satisfação de ouvir uma canja do Maurilio Costa, advogado, comentarista da Itatiaia e cantor de bossa nova nas horas vagas.

MAURILIO

O Dr. foi aplaudido de pé pelos estrangeiros e principalmente brasileiros que estavam lá; principalmente depois de “Corcovado”, do Tom Jobim

ARROYTO2

Também preciso contar aos senhores um detalhe que esqueci, sobre o estádio Gigante de Arroyito, do Rosário Central, em Rosário.

Não está tão bem cuidado e o fosso que separa as arquibancadas do gramado tem uma água suja toda vida, cheia de lixo, como mostram essas fotos, com garrafas pet e outras coisas boiando. 

E vejam só uma facilidade fantástica para os moradores e turistas de Buenos Aires.

O metrô cobre toda a cidade e é excelente. Saio da portaria do hotel e de cara está essa estação, que homenageia Carlos Gardel.

Nem penso em tirar o carro da garagem

HOTELMETRO

Cada bilhete custa 1,10 pesos, ou, menos de 50 centavos para nós

Ô invejam hein!?

Vida que segue!


Nem Buenos Aires dá conta de hospedar todo mundo

Quem chegou a Buenos Aires nos últimos dias sem hotel reservado está passando aperto. A cidade normalmente fica lotada no mês de julho, por causa das férias, quando tanto o turismo interno quanto externo, dobram. Além disso, duas feiras gigantes foram abertas quinta-feira na capital argentina: agropecuária e de tecnologia. Com a fase decisiva da Copa América, tornou-se impossível conseguir qualquer tipo de hospedagem com facilidade. E olhem que esta cidade é uma das mais ricas em hospedaria do mundo, mais que São Paulo, que dizem ser, a mais preparada do Brasil.

O tema é importante porque o que mais se fala ultimamente é que Belo Horizonte não estaria apta a receber o jogo de abertura da Copa do Mundo porque não tem hotéis. Realmente é preciso aumentar o numero de leitos da nossa capital, e isso já está acontecendo. A previsão é que tenhamos mais sete mil quartos até 2014, nos 29 novos hotéis que estão sendo construídos, nas categorias entre três e cinco estrelas.

Só a rede francesa Accor Hospitality está abrindo nove em Beagá, a terceira a receber mais investimentos dela no Brasil, atrás do Rio, 17, e Salvador, 10.

Porém, por mais hotéis que qualquer cidade tenha, jamais dará conta de abrigar a todos os visitantes durante muitos eventos ao mesmo tempo.

A primeira vez que eu vivi este problema foi durante as olimpíadas de 2000. A primeira fase do futebol foi jogada em Brisbane, que fica a 988 Km de Sydney. Quando chegamos à sede dos Jogos, no meio da competição, simplesmente não havia nenhum tipo de hospedagem. Graças aos voluntários do comitê organizador e à Neuma Graciano, jornalista mineira que mora lá, e ao seu marido, Thomas, consegui vaga na cidade de Parramatta, a meia hora de carro de Sydney.

A solução são as cidades do entorno, para socorrer as metrópoles. Dortmund, uma das importante sedes da Alemanha em 2006, montou até camas de campanha, do exército, em colégios e clubes, para abrigar os visitantes. E também é uma cidade preparada para o turismo, acostumada a receber milhões de pessoas anualmente.

Cidades vizinhas a Buenos Aires, que ninguém nunca ouviu falar no Brasil, estão quebrando o galho.

Certamente cidades em um raio de até 150 Km de Belo Horizonte vão se beneficiar neste aspecto com a Copa das Confederações em 2013 e a Copa no ano seguinte. O nosso grande problema são as estradas, sempre péssimas, mal sinalizadas e sem fiscalização. Essa é uma preocupação que as autoridades mineiras precisam ter: melhorar os acessos e criar facilidades para as pessoas. Será bom para os mineiros e fundamental para os gringos.

Os brasileiros que já lotavam as ruas de Buenos Aires, agora tomaram conta de vez. O mês de julho é o auge disso, quando o português está se torna língua comum nos restaurantes, lojas, entre garçons, atendentes de hotéis e vai se espalhando entre todos os argentinos no dia a dia.

Nas lojas, cartazes com informações da cotação das principais moedas correntes aqui em relação ao peso deles. Pela ordem: dólar, euro e real.

Se em Córdoba os paraguaios eram numa proporção de 3 x 1 nas ruas antes do jogo, e no estádio, em Buenos Aires está sendo diferente. A proporção é quase a mesma. O Estádio de La Plata, deverá ficar bem dividido, domingo, entre a seleção do Mano Menezes contra a do argentino Gerardo Martino, comandante paraguaio.

Acredito que o Brasil irá às semifinais. O time melhorou e o Paraguai quase sempre treme quando encara a camisa verde a amarela.

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A valorização do real proporciona atualmente algo inimaginável tempos atrás na capital argentina: dólar, euro e a nossa moeda como atrativos promocionais dos comerciantes que põem cartazes informando cotações nas lojas, melhores que a dos bancos e casas de câmbio.


No lendário Gigante do Arroyito, o “caldeirão” do Rosário Central

Na volta a Buenos Aires uma parada em Rosário, quase na metade do caminho, para uma visita ao “Gigante do Arroyito”, o lendário Estádio Lisandro de la Torre, do Rosário Central, de duras histórias para o futebol mineiro, e para a maioria dos times que o visitam. Nele, o Atlético perdeu a Copa Conmebol de 1995, depois de vencer no Mineirão por 4 x 0. Poderia perder até de três, perdeu de quatro e foi derrotado nos pênaltis.

Em 1975 o Cruzeiro sofreu pela Libertadores, conforme conta o então meia Toninho Almeida: “Fomos hostilizados desde a chegada a Rosário. À noite, barulho e foguetes no hotel; partida tensa do início ao fim. Moedas e pedras atiradas o tempo todo.  Perdemos de 3×1 com o último gol em impedimento. Quando protestamos, a polícia jogou gás lacrimogêneo pra nos dispersar.  Depois, nossa delegação teve de sair escoltada do estádio.”

ROSARIOBLOGNo Arroyito foram disputados seis jogos da Copa do Mundo de 1978, inclusive Brasil 0 x 0 Argentina, e o vergonhoso Argentina 6 x 0 Peru, quando os argentinos armaram o resultado com os peruanos para eliminar a seleção brasileira da fase seguinte. Foi quando o treinador Cláudio Coutinho soltou a frase que ficou famosa: “somos os campeões morais deste Mundial”.

Em 2009, o Brasil venceu a Argentina por 3 x 1, pelas eliminatórias da Copa da África do Sul.

Mas, cada vez mais coibida e condenada pela opinião pública, a pressão extra campo já não traz tantos benefícios ao Rosário Central, nem à seleção argentina. O time, que já teve Mário Kempes, Chamot e Di Maria, dentre outros, está na segunda divisão do país. Fundado em 1889, tem a 6ª maior torcida da Argentina, e a maior da cidade, onde o arquirrival é o Newell’s Old Boys, que pertence à primeira divisão.

O estádio do Rosário Central tem capacidade para 41.600 torcedores pagantes e serve ao futebol argentino desde 1929. Quando entro em uma arena como esta, e tantas outras mundo afora, não consigo entender como Atlético e Cruzeiro não têm as suas próprias casas para jogar. Minas Gerais é maior em população e economia que muitos países, e os nossos clubes deveriam tirar mais proveito de suas torcidas gigantes.

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Estádio Gigante de Arroyito, o “caldeirão” do Rosário Central, onde o Atlético perdeu, na pressão, a Conmebol de 1995, com Taffarel no gol. Também onde o Cruzeiro, sofreu com Raul, Nelinho, Piazza, Dirceu Lopes, Palhinha, Joãozinho e cia, pela Libertadores de 1975.


De volta a Buenos Aires

Neste momento as rodovias e o aeroporto de Córdoba estão cheios de brasileiros, principalmente da imprensa, retornando a Buenos Aires para o jogo do Brasil, domingo, em La Plata, contra o Paraguai pelas quartas de final.

Vamos à luta.

De carro.

Em condições normais, em torno de sete horas, sem correria.

ESTRADA