O título deste post poderia ser também um pedido de desculpas ao Delegado Regional de Polícia Civil de Ipatinga, Dr. João Xingó de Oliveira, mas o assunto é mais complexo do que parece.
É importante esclarecer melhor o problema das “carteiradas” no futebol mineiro. Era comum as torcidas vaiarem o anúncio no auto falante da Ademg, quando saía público e renda. Estádio quase lotado e uma mixaria de público pagante e renda. A explicação é simples, mas o problema é sério e envolve gente forte.
Atlético, Cruzeiro e América sempre tiveram uma perda enorme de receitas porque a “Lei de Gerson” impera com muita força no Brasil e quase ninguém quer pagar ingresso em muitas categorias profissionais, que se julgam no direito de entrar de graça em qualquer espetáculo. Por comodismo ou por algum outro interesse, ou mesmo medo de comprar determinadas brigas, os clubes aceitam há anos a situação. Em Minas, tudo costuma se ajeitar na base dos panos quentes.
Mas a farra tende a acabar.
No Mineirão havia espaço de sobra, e o dinheiro que deixava de entrar nos cofres dos clubes com a turma da carteirada não contava tanto.
Só que agora as coisas mudaram; não temos um estádio que caiba tanta gente entrando de graça.
Os clubes fizeram acordos com alguns setores, para que somente profissionais em serviço tenham acesso gratuito.
No jogo do Atlético contra o Prudente, no Ipatingão, houve um incidente e algumas pessoas que não têm nada a ver com o problema, estão sendo injustiçadas. O Delegado Regional de Polícia, por exemplo.
Trata-se do Dr. João Xingó de Oliveira, que foi citado por muitos de nós da imprensa, como o truculento e causador do tumulto na entrada do estádio quarta feira. Nada a ver, e muito pelo contrário. Inclusive eu acrescentei “regional” ao meu texto sobre o assunto ontem.
O problema realmente foi causado por um Delegado de Polícia Civil de lá, porém, não foi o regional, que tem colaborado com os clubes e passando também por constrangimentos. E não pensem que o problema se resume à Polícia Civil, porque é gente demais que tem “direito” de entrar de graça no Mineirão e quer continuar em qualquer estádio substituto.
Diferente de um Morumbi, Beira Rio, Olímpico, Arena da Baixada, e vários outros, que são particulares, o Mineirão é público e a Assembleia Legislativa de volta e meia liberava a entrada de graça lá. É a famosa fórmula de fazer gracinha com chapéu alheio.
Até a nossa categoria, de jornalistas e radialistas, tinha privilégios, mas agora entrou nesse mutirão do bom senso, e se absteve de tudo.
A Associação Mineira de Cronistas Esportivos – AMCE -, facultava aos associados dois ingressos de “acompanhante” numa das melhores localizações do estádio, ao preço de arquibancada, e ainda tinha um percentual “merreca” do borderô que era destinado à entidade. Era um outro erro, pois além de comprometer a independência de opinião, entrava na soma de merrecas que subtraia enormes receitas dos clubes.
Só que eu me lembre neste momento, ex-jogadores de futebol têm direitos semelhantes, e de graça entram polícias civil, militar e federal, FMF, TJD, CBF, bombeiros, agentes judiciários, defensoria pública, políticos de todos os escalões e por aí vai.
Somando tudo, tinha jogo que cinco mil entradas eram na base do 0800. Esse tipo de absurdo tinha e tem que acabar.
E que os problemas vividos atualmente sirvam de parâmetro para que o futuro novo Mineirão não cause novamente estragos como estes nos cofres dos clubes.
E que eles não abandonem a ideia de ter seus próprios estádios, porque só terão direito a 54 mil lugares, nesta bela obra, que continuará sendo pública.
O Mineirão terá capacidade para 70 mil, mas 16 mil lugares pertencerão às empreiteiras que estão vencendo as licitações das etapas das obras em andamento.