Situações como a de ontem em Teófilo Otoni, reforçam o que temos falado sobre a falta de condições mínimas para se jogar futebol profissional em Minas Gerais. Sábado foi o Cruzeiro jogando para 1800 pessoas, capacidade máxima da “Fazendinha”, em Ituiutaba, num gramado da pior qualidade.
Ontem, num estádio com capacidade para “impressi0nantes” 4 mil foi aquilo que se viu.
Considero o Campeonato Mineiro importante, mas já passou da hora, há muito tempo, da FMF e, principalmente Atlético e Cruzeiro, que tem folhas de pagamento alta, riscos e prejuizos maiores, agirem e rediscutir tudo.
A demora nisso só aumenta o problema e faz crescer o contingente de pessoas, cada vez maior, que defende o fim dos estaduais, como neste texto do jornalista Marcelo Machado.
Com dois exemplos em quatro dias, sou obrigado a concordar com ele e com os que pensam como ele:
“Os absurdos do campeonato mineiro”
O absurdo do campeonato poderia ser oito times se classificando entre os 12 que disputam a competição. Poderia ser o baixo nível técnico – segue a pergunta: que jogador ou técnico o interior revelou nos últimos anos, a exceção do hiato Ipatinga? O absurdo poderia ser a fraca arbitragem que mostra cartão por pura falta de qualidade.
Poderia ser tudo isso, e é. Mas como se não bastasse, o interior de Minas Gerais é pobre em campos minimamente decentes para se praticar futebol profissional. Ou Nova Lima, Ituiutaba e Teófilo Otoni possuem locais adequados para se jogar?
Alagamento de campo, como se viu nesta quarta-feira no jogo entre América-TO e Atlético, é passível de acontecer em qualquer praça dependendo da intensidade das chuvas – vide Atlético x Corinthians no Mineirão, em dezembro. A questão é: Teófilo Otoni tem condições de receber um time profissional mesmo sem chuva? Para a federação mineira sim.
Diego Tardelli saiu de campo contundido, assim como ocorreu com Fábio Santos, volante do Cruzeiro em 2005, que precisou passar por cirurgia no joelho após pisar em um dos muitos buracos do estádio do Guarani de Divinópolis.
O Villa Nova manda seus jogos no tradicional Castor Cifuentes. Tão tradicional que nada muda no “Alçapão do Bonfim”. O Villa é um clube centenário e que até hoje não tem um lugar onde a bola role durante os jogos.
Em uma competição cheia de absurdos, talvez a alegria dos torcedores do interior – que podem ver os grandes clubes do Estado uma vez por ano em sua cidade – valha a pena. Não vale: 10 mil pessoas em Uberlândia, maior cidade do interior mineiro, para acompanhar o time local contra o Atlético. Em Ituiutaba foram 1.800 ver o Cruzeiro jogar e é certo: em Juiz de Fora, no final de semana, o time de Adilson não atrairá lotação máxima.
Enquanto se discute os absurdos em Minas, o mesmo é (ou deveria) ser feito no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e até São Paulo, onde é preciso jogar 19 vezes na primeira fase.
Poderíamos ter um campeonato brasileiro começando mais cedo (sem a necessidade de espremer 15 jogos nos meses de junho e julho), a Copa do Brasil poderia durar o ano inteiro, ter a participação de todos os times das séries A e B e terminar em dezembro com “as finais que o Brasileiro tanto gosta” como alguns tentam vender. E os Estaduais? Já que não temos campo para jogar, já que tecnicamente não acrescenta e já que o interior não liga tanto, talvez não seja um grande absurdo que deixem de existir.
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Marcelo Bechler Machado
Produtor/repórter – Jogada de Classe, TV Horizonte.