A imagem do técnico do Atlético incentivando os filhos Luca e Enzo a gritar “aqui é Galo!”, na saída do vestiário depois dos 2 a 0 sobre o Sport Recife está rodando o mundo.
Além da beleza da cena, que termina com Milito carregando o filho mais novo nas costas, mostra que o treinador argentino está se sentindo em casa, acolhido pelos atleticanos e pelos belorizontinos.
Mas ele próprio alertou depois das empolgantes vitórias sobre o Cuiabá, fora, e Sport, em casa: “… sabemos como é o futebol e como ele muda. Nós faremos todos os esforços possíveis para continuar nessa dinâmica. Eu sei como funciona isso. Estamos ganhando então tudo parece melhor… Depois quando não ganha, os jogadores são piores, o treinador é ruim, vêm as críticas. Calma, calma… Estou aqui tem poucos meses e não gosto de elogios. Não me sinto bem com os elogios. Prefiro calma, calma e tranquilidade”.
Realmente, no futebol tudo pode acontecer, mas comparemos os dez primeiros jogos dele, um técnico em começo de carreira, com o do antecessor, Felipão, consagrado, que se desaposentou para decepcionar a todos os atleticanos.
Levantamento do twitter.com/GaloMetrics, que aliás, recomendo:
Zapeando canais de TV, bem cedo na manhã deste 1º de maio, paro na italiana RAI e vejo vasto noticiário lembrando a morte do Ayrton Senna. Mudo para canais da Espanha, França, Canadá, EUA e até da China, e a mesma lembrança. O prestigio dele era impressionante. E continua, né?
Quase todo mundo se lembra onde estava, no exato momento em que tomou conhecimento de alguma notícia muito marcante.
A Rádio CBN existia há menos de três anos e eu a estava ouvindo, dentro do carro, a caminho do Mineirão para assistir Atlético 1 x 1 Cruzeiro, pelo campeonato mineiro.
Imagem: RAI/reprodução
Na MG-424, que já era horrível naquela época (e piorou bastante), eu passava por Pedro Leopoldo quando o repórter dizia, direto de Ímola, que a situação do piloto brasileiro era de morte cerebral.
Baixou uma péssima sensação, apesar de eu não ser tão vidrado em Fórmula 1. Mas, Ayrton Senna era especial. O tempo passa depressa: 30 anos já se foram!
Momentos depois, no Mineirão, clima de velório total, inclusive entre os jogadores. Foi 1 a 1, Gaúcho (de saudosa memória) fez 1 a 0 e Cleison empatou.
Era a “Selegalo” e o Cruzeiro terminou o campeonato mineiro campeão, com 10 pontos na frente.
O time comandado pelo Valdir Espinosa naquele dia: Humberto, Luiz Carlos Winck, Adilson Batista, Kanapkis e Paulo Roberto Prestes; Eder Lopes, Darci e Zé Carlos; Renato Gaúcho, Gaúcho (Cleiton) e Éder Aleixo (Reinaldo Rosa).
O Cruzeiro do técnico Ênio Andrade: Dida, Paulo Roberto Costa, Célio Lúcio, Luizinho e Nonato; Ademir, Cerezo e Cleison; Macalé, Ronalddo Fenômeno e Roberto Gaúcho (Catê).
Ao contrário das primeiras informações sobre o tumulto de ontem no Atlético 2 x 0 Sport, a confusão começou por causa das famosas “gangs” organizadas que infernizam os estádios, aqui e em todo o Brasil. Valentões do Sport se juntaram a gangs de Belo Horizonte e foram para a Arena MRV para brigar e depredar o estádio. A torcida de verdade do clube pernambucano também esteve lá, mas apenas para torcer, em paz.
Imagens postadas pelas redes e portal O Tempo mostram marginais rubro-negros correndo atrás de um atleticano dentro do estádio, que se salva porque escalou umas paredes lá dentro. E, lamentavelmente, sob as vistas de militares e seguranças, que não agiram com o rigor que aqueles marginais devem ser tratados.
O advogado Stefano Venuto Barbosa, amigo nosso que presenciou as cenas, nos escreveu:
“… Vou te dar meu testemunho, porque estava no estádio, não sei como foi do lado de fora. A torcida do Sport já entrou fazendo confusão. Chegaram cuspindo na torcida do Galo no anel inferior, inclusive em crianças. Queriam ficar colocados no vidro. Chegaram desrespeitando os seguranças, sob olhar passivo da PM. Soltaram bombas e relatos de um segurança, que passou por nós, inclusive, você pode se informar, com Adilson Kilessão, que estava comigo, tentaram saquear bares, soltaram bombas, enfim, parece que acompanhadas de torcedores cruzeirenses, tentaram tocar o terror. Todos os seguranças se dirigiram para o local onde estavam e foram até afrontados.
A atuação da PM foi lamentável, mostrando-se passiva, acho que até por orientação do pessoal do Galo, porque no jogo contra o Penarol ela foi criticada, pelo Lamounier quando a PM agiu como deveria agir, com firmeza. Lamentável…
O que os torcedores do Galo do anel imediatamente inferior ao da torcida do Sport tiveram que suportar. A torcida do Sport o tempo todo cuspindo, e jogando objetos. E outra cena, no setor onde ficaram, existiam torcedores de verdade do Sport, famílias que devem residir em BH, que vimos deixando o setor, porque ficaram constrangidas com o comportamento da organizada do Sport. Um torcedor do Galo me informou, que parece que vieram em dois ônibus, mas o número lá era de muito mais pessoas, provavelmente, juntaram com cruzeirenses locais, como de costume.
Meu relato, é para que a diretoria do Galo ampare mais seu torcedor, que fica ali, sofrendo com a torcida adversária. Bom dia, e grande abraço…
Foi só 2 a 0, mas um grande jogo e outra ótima exibição do Galo.
Zaracho aos 28 do primeiro tempo e Arana, aos 12 do segundo. O lateral entrou como um foguete no meio da defesa do Sport, aproveitando corner cobrado pelo Scarpa. Gols trabalhados, nada de acaso. Gabriel Milito em Belo Horizonte: 10 jogos, 7 vitórias e três empates. A cada jogo aumenta a satisfação de se ver o Atlético jogar. Futebol ofensivo e apesar de tantos valores individuais, um time 100% coletivo, em que se vê a satisfação dos jogadores em servir ao companheiro. Jogadas ensaiadas diferentes a cada partida e muito poucos erros de passes. Milito começou bem e a evolução continua.
Aos oito minutos, que pena que o VAR identificou que Hulk estava um fio de cabelo à frente do defensor pernambucano. Na sequência, ele ajeitou uma bola para o Scarpa que marcou o que seria um dos mais belos gols da temporada.
O Atlético bombardeou o Sport o tempo todo e só não venceu por um placar mais dilatado porque o time deles é bom e muito bem treinado pelo também argentino Mariano Sosa. Aliás, ele faz aniversário hoje, 43 anos, e foi homenageado pelas redes sociais do Leão.
Parabéns a ele, pela data e pelo futebol do Sport, que perdeu com dignidade, sem apelar. Certamente vai dar um trabalho danado ao Galo, no jogo da volta, na Ilha do Retiro. @sportrecife
Hoje é aniversário do Profe! Parabéns, Mariano Soso. Que sua trajetória continue sendo vitoriosa, aguerrida e dedicada aqui no Leão!
@chicomaiablog E legal demais a gentileza do @sportrecife de mostrar belas imagens de Belo Horizonte durante a sua estadia aqui para o jogo contra o Galo!
Com 43 anos de idade, Gabriel Milito é um ano mais velho que o seu colega Mariano Soso, técnico do Sport Recife, que aliás o elogiou muito. Nascido em Rosário, não foi jogador de futebol e é respeitado como um grande estrategista. Seus primeiros times como técnico principal foram o Real Garcilaso e Sporting Cristal, do Peru. Trabalhou também no Defensa y Justicia, Gimnasia e San Lorenzo, todos da Argentina, Emelec, do Equador, O´Higgins, do Chile e no Melgar, do Peru, antes de ser contratado pelo rubro-negro pernambucano em dezembro do ano passado para o lugar do mineiro Enderson Moreira.
Fazendo ótimo trabalho no Sport, conquistou a simpatia da torcida e imprensa de Recife pela simplicidade e objetividade na forma de tratar as pessoas e comandar o time, em estilo semelhante ao Milito, desde que chegou a Belo Horizonte.
Deverá explorar os contra ataques esta noite na Arena, mas nunca se sabe. Não tem jogadores do mesmo nível do Galo à disposição, mas certamente terá a vontade do seu grupo em conseguir um placar magro aqui, para tentar decidir a vaga em boas condições na Ilha do Retiro, no jogo da volta.
Foto: twitter.com/sportrecife
Provável time do Galo:
Everson, Saravia (Mariano ou Fuchs); Jemerson, Battaglia, Arana e Otávio; Alan Franco, Zaracho e Scarpa; Hulk e Paulinho.
Arbitragem carioca, de Bruno Mota Correia, auxiliado pelos também cariocas, Thiago Rosa de Oliveira e Daniel de Oliveira Alves Pereira. O VAR é de Santa Catarina: Rodrigo D’ Alonso Ferreira.
Ronaldo se deu muito bem com o Cruzeiro, mas também deixou marcas positivas
Antes da era SAF os números das transações do futebol já eram misteriosos, mesmo com algumas instâncias de fiscalização previstas, tipo conselhos fiscais e essas coisas. Com SAF, que tem dono, impossível completamente. Só é divulgado o que os donos e os diretamente envolvidos nos negócios querem.
É claro que Ronaldo lucrou muito nessa aventura, mas não foi ele quem procurou o Cruzeiro. Foi procurado, e assim como grande oportunista dentro dos gramados, ele é também nos negócios.
Se deu muito bem, porém, a sua rápida passagem como comandante geral da Raposa, deixou marcas positivas. Começando pelo seu prestígio internacional, que manteve o clube em evidência, mesmo com o time longe das principais competições. E o principal: a enxugada no quadro de funcionários. O Cruzeiro era um dos maiores cabides de emprego do Brasil, ao estilo das grandes estatais. Parentes, amigos e outros afilhados de dirigentes e conselheiros deitavam e rolavam.
Sem SAF seria impossível mandar embora tanta gente, já que os interesses eleitorais internos falavam mais alto. Conselheiro que tinha influência nas eleições do próximo presidente, apitava e indicava gente pra ser contratada e ser demitida.
A partir da SAF isso acabou e Ronaldo mandou passar o facão, sem dó. Inclusive nos privilégios de torcidas organizadas.
A rigor, só não deu certo porque ele não enfiaria a mão no bolso para montar times competitivos. Brigaria sempre na faixa intermediária da classificação, correndo risco de cair.
O Cruzeiro ficaria nessa, de se aproveitar de eventuais revelações que estourassem, mas já já vendidas.
As pessoas que ele designou para comandar o futebol se mostraram despreparadas, incompetentes, além de não terem lastro com o clube, tipo Elias, ex-Atlético, D’Alessandro, ex-Internacional e o próprio Paulo André, seu braço direito, que teve passagem rápida e apagada como jogador da Raposa. Autuori era exceção, mas parecia desmotivado, deixando as coisas acontecerem, acomodado.
Claro que o Pedro Lourenço não terá vida fácil para fazer o Cruzeiro brigar na parte de cima da tabela, porém, será seu único objetivo, já que neste primeiro momento não visa lucro com o novo negócio. Para isso, está se cercando de quem conhece o futebol e seus labirintos, como o Alexandre Matos, de competência incontestável.
O Cruzeiro fez uma boa partida contra o Vitória, venceu sua segunda partida no Brasileiro, mas as atenções da maioria da torcida estavam no noticiário sobre a possível venda da SAF pelo Ronaldo ao Pedrinho BH.
O placar foi 3 a 1, gols de Matheus Pereira, Rafa Silva e Arthur Gomes, em um bom início de campeonato, bastante semelhante ao do ano passado, quando o português comandava o time e foi demitido no meio da disputa. Um erro que quase custou um novo rebaixamento na sequência. Certamente, com Pedro Lourenço dando as cartas, o Cruzeiro não passará mais por situações como essa, de demitir um técnico, simplesmente pelo mau humor de um cartolinha qualquer do departamento de futebol.
Caso tudo se confirme, Ronaldo irá embora com seu objetivo pessoal alcançado, que era ganhar um bom dinheiro nessa aventura de ser o primeiro dono de Sociedade Anônima do Futebol no Brasileiro. Mas, a tendência é que o Cruzeiro melhore consideravelmente. Pedro Lourenço além de cruzeirense e morar em Belo Horizonte, não é um grande empresário à toa, e empregará seus métodos do varejo no futebol, porém com as pessoas certas nos lugares certos. Começando pelo retorno do Alexandre Matos ao comando do futebol. Matos conhece com quem estará lidando, sabe que Pedrinho delega, mas não dá carta branca.
Para mim, a grande decepção nessa história toda, nos últimos meses, foi Paulo Autuori, teoricamente um conhecedor de futebol, que participou de contratações e demissões equivocadas.
Foto: twitter.com/Cruzeiro Hoje mesmo o clube comunicou a sua saída, dois dias depois da saída de outro Incompetente, Pedro Martins, que não justificou a sua presença em Belo Horizonte como dirigente de futebol do Cruzeiro: @Cruzeiro ”Paulo Autuori comunicou ao clube a decisão de deixar o cargo de diretor técnico do Cruzeiro. Agradecemos todo o profissionalismo e entrega ao Cruzeiro, que foram fundamentais para a instituição desde o momento de sua chegada. Desejamos sucesso na sequencia de sua trajetória no futebol.”
Com 3 a 0 no Cuiabá, mais um jogo que o Atlético faz ficar fácil
Com o mesmo elenco, Gabriel Milito está dando banho no antecessor Luiz Felipe Scolari. Impressionante como o Galo é outro time, dentro e fora de casa, jogando pra cima do adversário de forma consciente.
Preservando jogadores, como Hulk, hoje; reabilitando outros, como o Vargas, grande atuação nesta tarde em Cuiabá; adaptando um Scarpa como lateral esquerdo, com a maior boa vontade e alto rendimento, motivando e unindo o grupo, Gabriel Milito está cumprindo bem demais a missão dele neste início no Atlético.
De repente, vai conseguir acabar até com a dependência do Hulk, até então meio time.
Expectativa para quando chegarem os adversários mais fortes. Se conseguir arrumar a defesa, o Galo poderá ter uma temporada inesquecível este ano.
Gustavo Scarpa novamente em forma, marcando gols, dando assistências e jogando em várias posições. Foto: Pedro Souza/Atlético
Paulo André liderou o movimento Bom Senso FC, em 2013, que reivindicava benefícios para os jogadores e ameaçava a CBF com uma possível greve, que não deu em nada (Foto: twitter.com/Cruzeiro)
Rolando Lero continua em ação no Cruzeiro. Problema agora é o “peso” da camisa e “distopia”
No início da “era Ronaldo” SAF, dizia-se que todo jogador gostaria de jogar pelo Cruzeiro, porque além do dono ser um dos maiores ex-jogadores de futebol do mundo, o “peso” da camisa era diferenciado e atraía qualquer um.
Na entrevista que deu para explicar a saída do diretor Pedro Martins, o braço direito do Ronaldo, ex-zagueiro Paulo André, disse que o peso da camisa atrapalha os jogadores: “Eu brinco que, se o nosso time estivesse com outra camisa, teríamos feito muito mais pontos. A gente vai continuar sendo um time em construção até conseguir voltar a grandeza do Cruzeiro e dizer que vamos ter o objetivo de ser campeão. Há uma frustação pelo tempo de espera, mas entendemos que há uma normalidade. O crescimento oscila”.
Depois veio com outra frase, em que uma palavra obrigou muita gente a recorrer aos dicionários: distopia: “Temos premissas que embasam um clube que, com a receita que temos hoje, com os objetivos que temos, temos que traçar. Há uma distopia, que é o grande causador dessa diferença entre expectativa e realidade. Essa camisa é pesada para caramba. Aí você não consegue trazer jogadores que, muitas vezes, não consegue”.
De acordo com a mestra em Ciências da Comunicação, Juliana Theodoro, distopia é “a representação de uma realidade ou sociedade imaginária opressora e aterrorizante. É o oposto de utopia. O termo distopia acaba por caracterizar um gênero artístico que apresenta um imaginário sobre o futuro, em que este é lugar de opressão e violência, geralmente sob regimes políticos totalitários…”
Hummmm. Aí me lembrei que dos tempos em que o Paulo André liderou o movimento Bom Senso FC, que reivindicava benefícios para os jogadores e ameaçava a CBF com uma possível greve. Na época, 2013, o discurso era: “Eles estão brincando com o fogo, e os atletas estão chegando no limite de sua paciência. Nao sei se a greve é para agora, mas se continuar desse jeito, ela vai acontecer”. E nada mudou!
A torcida espera que o Cruzeiro mude. Pedro Martins não mostrou eficiência no cargo e se foi. Paulo André ficará interinamente no cargo, até conseguir alguém competente para a função. Enquanto isso, os cruzeirenses continuarão nessa “distopia”.
Chico Maia é jornalista formado pelo Uni-BH (antiga Fafi-BH) e advogado pelo Unifemm-SL. Trabalhou nas rádios Capital, Alvorada FM, América e Inconfidência. Na televisão, teve marcante passagem pela Band Minas e também RedeTV!. LEIA MAIS contato@chicomaia.com.br