Cena comum nos Estados Unidos e rara para nós: idoso transita normalmente com seu andador, inclusive atravessando faixas para pedestres, sem ser incomodado e nem se sentir ameaçado pelos automóveis.
Domingo, pouco antes das seis da manhã em Los Angeles, quase 10 horas em Belo Horizonte, acordo para uma caminhada e antes confiro as mensagens no celular. De cara, leio esta, do Roberto Tibúrcio, agente FIFA, que mora em Contagem: “Galeras… ajudem a avisar quem mora aqui em Contagem-MG, quebradeira agora na João César de Oliveira, com dois “atleticanos” baleados na praça Paulo Pinheiro Chagas e um “cruzeirense” morto dentro de um supermercado. Evitem sair com camisas dos clubes, pra não serem confundidos e acabarem sofrendo algo destes marginais… evitem o Eldorado! Virou guerra!!!! Sou absolutamente contra torcidas organizadas!”
Ligo a TV e todos os canais mostram, ao vivo, cenas de Orlando, na Flórida, onde policiais e outras autoridades dão entrevistas sobre o atentado que matou mais de 50 pessoas numa boa lá, horas antes, por motivações que nada têm a ver com o futebol.
Abro a internet e leio que a UEFA ameaça punir Inglaterra e Rússia, caso seus torcedores não parem com as brigas, dentro e fora dos estádios. E imagens de muita violência e sangue entre eles.
Só resta questionar: que mundo é este em que estamos vivendo? No que se refere a nós, em Belo Horizonte e adjacências, sempre digo que a culpa é da impunidade, da falta da aplicação do rigor da legislação vigente. Além, óbvio, da falta de civilidade. Extinguir “organizadas” não resolveria o problema. Estes envolvidos não podem e não devem ser tratados como “torcedores”. São bandidos que usam as camisas dos dois maiores clubes do Estado como álibi para a prática de seus crimes.
No caso dos Estados Unidos a questão é religiosa e extrapola a razão e questões legais. Na França, certamente as autoridades policiais subavaliaram a ação dos “hoolighans” principalmente ingleses e russos, tidos como os mais violentos e perigosos do mundo.
Só festa
Felizmente, violência é o que não se viu ainda e possivelmente não veremos em razão do futebol e da Copa América. O público que comparece aos jogos ou participa das “fans-zone” está a fim é de se divertir, independentemente das partidas de futebol e até mesmo de quem está se enfrentando. A diversão é conjunta, de respeito recíproco, onde a disputa é para ver quem grita mais ou agita mais a própria bandeira. Por incrível que pareça o que menos se vê dentro e nos arredores dos estádios são policiais. Há muitos organizadores do trânsito e orientadores para encontrar o portão certo de entrada.
Respeito às leis
Este comportamento nos estádios aqui segue o cotidiano dos cidadãos cujos direitos individuais são respeitados e estão acima de qualquer coisa para eles. Para quem não está acostumado, como nós, impressiona e até emociona ver idosos poderem caminhar pelas ruas com os seus andadores, atravessando tranquilamente as faixas para pedestres, sem serem incomodados. Os motoristas param os carros e só se movem depois que o senhor ou a senhora completam a travessia. Porque a lei diz que tem que ser assim, e ai de quem não fizer diferente disso. Aí sim, a polícia aparece na hora, não se sabe de onde.