Fernando Rocha, do Diário do Aço, de Ipatinga é um dos jornalistas mais conceituados do interior mineiro. Veja o que ele pensa do nosso estadual:
* “Filme Repetido”
Com três rodadas completadas já é possível tirar algumas conclusões sobre o Campeonato Mineiro deste ano, embora as definitivas só sejam possíveis após as seis primeiras.
Na verdade confirma-se a repetição do velho filme, onde os três “grandes” da capital se garantem na decisão do título, e sobra apenas uma vaga para os clubes do interior.
A briga maior será contra o rebaixamento e, neste caso, não escapa ninguém, pois o ponto positivo é o fato de ser este um torneio de tiro curto, com apenas 12 concorrentes, o que não afasta da briga pela classificação até mesmo quem ainda não pontuou e está com a corda no pescoço,- exemplo o Tupi de Juiz de Fora -, que tem ainda muitas chances inclusive de chegar à decisão, caso engate uma sequencia de vitórias.
Prá variar os únicos invictos são Atlético (líder) e o Cruzeiro (vice), ambos com sete pontos, duas vitórias e um empate, e a diferença a favor do Galo no saldo de um gol a mais.
No momento, os mais fortes candidatos do interior à única vaga aberta no G-4, são o surpreendente Uberlândia, que subiu este ano da segundona, e o tradicional Villa Nova de Nova Lima, com um time recheado de veteranos, mas que sempre dá trabalho aos chamados “grandes”. Guarani e URT correm por fora com campanhas ligeiramente inferiores.
Resumo da ópera: o Campeonato Mineiro não tem a mesma visibilidade dos torneios estaduais do Rio/SP, mas possui um regulamento melhor, muito mais enxuto com 12 clubes, e ao menos garante emoções mais fortes para os torcedores.
- No “Farião”, Guarani e os reservas do Galo fizeram um jogo ruim, mas muito corrido, apesar do forte calor de sábado à tarde em Divinópolis. O péssimo gramado prejudicou os dois lados, mas o empate sem gols pode ser debitado ao fato do Atlético não escalar seus principais titulares priorizando a Libertadores, cuja estréia será amanhã no Peru.
- Na Europa, grandes clubes como o Barcelona, Real Madrid, Chelsea, Milan, disputam duas até três competições ao mesmo tempo, jogam duas vezes por semana, e escalam o que tem de melhor. Aqui nos nossos grotões os coitadinhos dos jogadorzinhos são muito fraquinhos, subnutridos, não é mesmo? Ganham pouco, andam de ônibus e se hospedam em pensões na beira de estrada, então poderiam se cansar jogando duas vezes por semana. Ah! Coitadinhos!
- O Cruzeiro fez um 1º tempo dos piores já vistos desde a inauguração do Mineirão, e só não levou um “sapeca” do Tupi porque o “Galo” de Juiz de Fora se acovardou, além de não ter time prá isso. Na segunda etapa a toada era a mesma, até que por volta dos 20 minutos, o técnico Deivid mexeu bem no time, sacando Ariel Cabral para a entrada de Elber, e logo em depois tirou também o apático Marcos Vinicius para Arrascaeta entrar. A partir daí, como desejava a torcida, o time celeste cresceu, impôs seu melhor futebol, sobretudo pelos lados do campo e chegou à vitória de certa forma tranquila. Poderia ter feito um placar mais dilatado com dois ou três a zero, não fosse as chances desperdiçadas por seus atacantes.
- A vitória magra não afasta a preocupação da torcida, que está desconfiada do time atual, que se continuar com este futebolzinho xinfrim não vai ganhar nada de expressão, à exemplo da temporada passada. Muito exigente, acostumada a comemorar títulos importantes, sofre mais ainda ao ver o grande rival disputando a Libertadores, e fazendo contratações de impacto, enquanto a diretoria celeste anuncia “reforços” de calibre menor. Amanhã, outra vez no Mineirão, joga pela Primeira Liga contra o Fluminense de Fred, Diego Souza e outros bons jogadores, sendo esta outra boa oportunidade para avaliar a equipe e o trabalho do inexperiente Deivid, cuja batata está assando.
- Excelente as estréias de Social e Ipatinga na segundona mineira. O Saci derrotou o Minas Boca em Sete Lagoas e o Tigre foi a Teófilo Otoni e trouxe um ponto importante no empate com o América. Que o torcedor entenda e apóie, pois fazer futebol sem dinheiro não é tarefa prá qualquer um. (Fecha o pano!)