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Na página Desporto Universal, uma frase do português Aurélio Pereira, diretor do departamento de recrutamento do Sporting de Lisboa:
“O Cristiano Ronaldo e o Luís Figo, nunca foram campeões de Juvenis, nem de Juniores, foram Bolas de Ouro, essa é que é a diferença. O que eu pergunto é: formação vencedora ou formação de vencedores? Faz toda a diferença.”
Dentre outros, o trabalho do “Mestre Aurélio” ajudou a revelar jogadores como Futre, Figo, Ricardo Quaresma e Cristiano Ronaldo.
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Uma das discussões em nosso futebol neste início de ano é a diferença da qualidade de elencos de Flamengo e Palmeiras para os demais grandes clubes brasileiros. Especialmente o rubro-negro carioca, que tem torcedores em todos os cantos do país e é líder em arrecadação de publicidade e direitos televisivos, além de produzir e vender jogadores que fazem com que fortunas em euros e dólares encham seus cofres anualmente.
O Palmeiras está no maior centro financeiro do país e também tem revelado e vendido muitos jogadores.
Entre os clubes que não são do Rio e São Paulo, a única chance que têm de brigar, com sustentabilidade, entre os primeiros colocados todos os anos, é investir certo nas categorias de base e conseguir boas negociações com suas revelações. Fora disso, continuarão coadjuvantes, assistindo os mais endinheirados papando a maioria absoluta dos títulos.
No que se refere especificamente a Minas Gerais, temos bons exemplos de acertos e erros nas políticas administrativa, financeira e formação de jogadores dos nossos três representantes na Série A.
O América tem a menor torcida, porém, tem a melhor gestão, enxuta, com custo geral mais baixo, dentro e fora dos gramados. Ótimo trabalho nas categorias de base; acerta na maioria das contratações, erra pouco em suas escolhas e consegue revelar jogadores para compor e recompor o seu elenco, compensando a dificuldade maior de arrecadar com público pagante, publicidade e direitos de transmissão.
Em função do estádio próprio, que será inaugurado este ano, o Atlético resolveu arriscar alto na montagem de um grande time a partir de 2020. Investiu muito para a temporada de 2021, pois precisava voltar a conquistar títulos de expressão e valorizar a sua marca. Aumentou consideravelmente sua dívida, mas não aumentou a arrecadação. Também não tinha e continua não tendo nenhuma revelação das categorias de base para ocupar espaços no time e ser negociado na sequência. O investimento em veteranos caros deu resultados imediatos, com o título brasileiro que não vinha há 50 anos e a Copa do Brasil. A arrecadação continuou inferior aos custos e dentro de campo, em 2022, o time não repetiu o sucesso da temporada anterior. Classificou-se com dificuldade para a Libertadores da América deste ano. A conta chegou e as dificuldades financeiras estão aí. Mas, tem um elenco forte e contratou um treinador que pode fazê-lo voltar a brigar na cabeça. Caso isso ocorra, entrará dinheiro com premiações, bilheteria e publicidade. Ou seja, a bola precisa “entrar na casinha” este ano. Se não, a situação ficará mais complicada ainda.
O Cruzeiro tenta ressurgir do caos no qual foi colocado exatamente por sair da política que o manteve no topo durante décadas. Não revelava jogadores para encher seus cofres, porém, comprava bem. Tinha bons olheiros, apostava em jovens promissores do interior de Minas e do país, revendendo-os muito bem na sequência. Quando passou a apostar em veteranos famosos, sem perspectivas de mercado futuro, começou gastar muito mais do que arrecadava. As consequências, óbvias, dívida nas alturas, calotes, punições da FIFA e rebaixamento. Virou SAF, retornou à Série A depois de três anos e é grande a expectativa em todo o Brasil nessa sua volta, já que foi o primeiro grande do nosso futebol a aderir à essa nova realidade de gestão em nosso futebol.
No passado, o Campeonato Mineiro, servia como laboratório para os três da capital buscarem jogadores de bom potencial. Com a Lei Pelé, que criou enormes dificuldades para a formação de jogadores pelos clubes do interior, o quadro mudou e a sobrevivência da maioria ficou comprometida. Hoje, pouco ou nada revelam e recorrem a veteranos para tentar se manterem na primeira divisão, em um campeonato disputado em menos de três meses.
A Federação Mineira de Futebol deveria reunir os clubes, grandes e pequenos, das três divisões e repensar tudo, da fórmula de disputa do estadual à alternativas que tornem a vida de todos menos difícil. Ideias e sugestões não faltam, mas é preciso que sejam discutidas, em congressos e seminários entre eles, com a participação de especialistas de diversos setores, em especial de marketing e técnicos, como a FIFA faz periodicamente.