Me desculpem o desabafo, mas ando cada dia mais revoltado com as notícias que tenho visto sobre corrupção, violência, desmandos e a covardia que estão aprontando com a população brasileira.
Sempre tive curiosidade em saber como a Coréia do Sul deixou de ser um dos países mais pobres e violentos do mundo para se tornar um dos “Tigres asiáticos”. Além de ler e trocar ideias com especialistas do assunto.
Depois de muitas guerras, a partir dos anos 1960 o país apostou tudo em educação, importando inteligências de várias partes do mundo nas mais variadas especialidades, exportando as suas inteligências para países que pudessem acrescentar ao conhecimento deles.
Investiu em professores, equipamentos e condições de trabalho em todos os níveis de ensino. Paralelamente ao crescimento da economia, crescia também a consciência cidadã, tudo provocado pela educação de alta qualidade.
Em 2002 estive lá, cobrindo a Copa do Mundo e compreendi melhor.
Quis conhecer escolas de vários níveis em várias cidades. Comecei pela Universidade de Ulsan, onde a seleção de Scolari treinava. Impecável. Naquela época os laboratórios e salas de aula já tinham tudo que só de uns anos para cá as nossas melhores passaram a ter.
A consciência cidadã fez com que a população defendesse melhor os seus direitos e cuidasse bem da sua democracia, elegendo maiorias sérias para governar e legislar.
De vez em quando descobrem um corrupto, mas ai dele!
E a Coreia segue a sua vida.
A Austrália é outro caso semelhante, que vale ser estudado.
Baseado nessas lembranças, e no que ocorre na minha cidade, no meu estado e no Brasil, escrevi este trecho do editorial do nosso jornal SETE DIAS, que circulará nesta sexta-feira, em Sete Lagoas:
“…Numa das últimas reuniões da Câmara os atuais vereadores sinalizaram o aumento do número de cadeiras, de 13 para 17. Menos mal, já que muitos queriam a farra com o nosso dinheiro para 21 naquela casa. O ideal seriam os mesmos 13, porém, 17 farão menos estragos aos cofres públicos que 21.
A população precisa continuar vigilante pois há um movimento muito forte em Belo Horizonte para o aumento dos salários dos deputados estaduais, e todos os vereadores do Estado estão de olho, torcendo para que essa idéia malandra seja aprovada lá.
Independentemente disso, em algumas cidades as Câmaras já votaram e algumas aprovaram de forma absurda os vencimentos de seus integrantes. Em Arcos as pessoas comuns se revoltaram, foram às ruas, para a porta do prédio da Câmara e forçaram os nobres edis a recuar. Como se sabe, eles têm até a primeira semana de outubro para votar este tipo de matéria. Na maior cara de pau alegam que os novos salários só vão entrar em vigor na próxima legislatura e por isso não estariam advogando em causa própria, pois não sabem quem será reeleito.
Enquanto isso, profissionais do ensino em Minas fazem greve que já dura 101 dias. Querem que o governo do estado cumpra a lei 11.738, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal, que estabeleceu o piso salarial nacional de R$ 1.187, brutos.
Operários da suntuosa obra de reconstrução do Mineirão cruzam os braços reivindicando cesta básica e reajuste salarial de R$ 925 para R$ 1200, para pedreiros, e de R$ 605 para R$ 1000 aos ajudantes…”
* Voltando ao nosso papo aqui no blog, acrescento uma das manchetes da imprensa do dia 15 de dezembro de 2010, época em que quase todo mundo relaxa e curte festas natalinas, férias e preparação para o réveillon:
“Deputados Federais aumentam seus próprios salários em 60% e do Presidente e Ministros em 130%.”
Peguei também esta, de segunda-feira, dia 11, do portal Terra:
“Professores grevistas de MG se acorrentam para ganhar o piso”
Em ato simbólico, professores acorrentaram-se a um monumento para reivindicar o pagamento do piso nacional
Foto: Ney Rubens/Especial para Terra
E esta, de hoje, do portal EM:
“Na véspera de evento da Copa em BH funcionários de obra do Mineirão entram em greve”
Por essas e tantas outras, não vejo como o Brasil diminuir a violência, a corrupção e os desmandos, porque os governantes e grandes empresários, em sua maioria, nunca vão apostar em Educação, pois é de interesse deles manter as pessoas semi-alfabetizadas.
E com o aumento da população, a tendência é só piorar.
Estão nos transformando em um depósito de gente, onde vale o salve-se quem puder, e a “Lei de Gérson”, do levar vantagem em tudo, só cresce!