O americano Rafael Naves faz uma interessante abordagem da opção da diretoria do América por jogar contra o Inter no Mato Grosso do Sul.
Confira:
* Sobre América-MG x Internacional-RS, mudanças, imbróglios, críticas e esclarecimentos
Por Rafael Naves
Muito tem se falado sobre a mudança de local para o jogo América-MG x Internacional-RS, válido pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro 2011, no dia 05 de junho, de Varginha-MG para Campo Grande-MS. Mudança esta, pedida pelo próprio América. A princípio, a CBF ameaçou barrar, dizendo que os jogos deveriam ser realizados dentro dos estados das equipes mandantes, mas depois recuou e, entrando num acordo com o clube mineiro, permitiu que se fizesse a manobra.
A diretoria do América-MG, clube com o menor orçamento disparado da Série A deste ano, não fez questão de esconder que o que estaria pesando em sua decisão é a questão financeira, visto que o Coelho estaria contabilizando prejuízos cada vez que manda seus jogos na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, e a capital sul matogrossense teria oferecido aos mineiros, por meio de empresários, uma quantia “interessante” para ter pelo menos um jogo do Brasileirão em seu estádio, o Morenão.
E é aí que começa a polêmica: todo esse imbróglio foi o estopim para que diversos críticos e comentaristas esportivos, incluindo nomes como Juca Kfouri e Mauro Cézar, condenassem a atitude do América, chegando a compará-lo aos famosos clubes-empresa, classificados de “itinerantes” por suas constantes mudanças de sede, e a clubes de menor expressão no cenário nacional. Cézar teria publicado em sua página no Twitter, a expressão “patético” ao comentar a situação.
Ora, estes renomados profissionais cometem aí erros inadmissíveis aos jornalistas de alto nível: o da desinformação e, por conseguinte, o da contradição. O fato é que o América-MG, na contramão das comparações com times chamados itinerantes, é o único dos grandes clubes de Minas Gerais a possuir um estádio próprio, o Estádio Independência, sua casa. Dalí ele não sairia, não fossem as reformas que vêm sendo feitas no próprio e também no Estádio Mineirão, o qual se prepara para ser um dos palcos da Copa do Mundo de 2014. O que ocorre é que houve um atraso no cronograma das obras do Independência, em função de estruturar melhor as reformas e as instalações da nova arena multiuso do Coelho, a pedido do Governo de Minas, uma vez que esta abrigará Atlético e Cruzeiro até a conclusão das obras do Mineirão, prevista para meados de 2013. Com esse atraso, o que deveria ter ficado pronto a tempo do Brasileirão 2011, acabará por ter condições de ser a “casa” do futebol mineiro, apenas no início de 2012, fato que forçou os clubes mineiros a permanecer por mais tempo como nômades. Assim como o América mandará alguns jogos para Varginha( além deste para Campo Grande), Cruzeiro e Atlético já mandaram e mandarão alguns de seus jogos em Uberlândia e Ipatinga, além da própria Sete Lagoas, que fica a 70km de Belo Horizonte.
As perdas em função desse “nomadismo” dos gigantes mineiros são imensuráveis, já que boa parte das torcidas dos mesmos, e em especial a do América, se concentra na capital mineira. As dificuldades com trânsito, gastos e horários tornam difícil a tarefa do torcedor que quer ir ao campo e isso se reflete nas médias de público, não só a do Coelho Mineiro, criticada duramente pelo sr. Kfouri, mas as de Atlético e Cruzeiro da mesma forma, porém com números diferentes. Mas, se analisarmos proporcionalmente, o problema aparece maior do que se imagina.
O América-MG, apesar de ser um clube quase centenário(tem 99 anos), um dos únicos no mundo que ostentam um decacampeonato no peito (e não desmereçam por serem títulos estaduais, pois ser hegemônico por dez anos sequentes é tarefa difícil até em “purrinha”!), 15 vezes Campeão Mineiro, Campeão da Série B em 1997, Campeão da Copa Sul Minas em 2000, Campeão da Taça São Paulo de Juniores em 1996, dentre outras várias conquistas, celeiro de craques como Tostão, Éder Aleixo, Jair Bala, Palhinha, Euller, Gilberto Silva e, recentemente, a jóia Danilo, hoje no Santos F.C., não é um clube de massa. Tem grande tradição no cenário nacional, peitou por diversas vezes as lambanças da CBF, mostrando seriedade, dignidade e “espírito esportivo, social e cultural”, mas sua torcida, apesar de apaixonada, não é numerosa. E é ainda menor nos estádios, em função de todo o transtorno gerado em Minas pelas obras da Copa do Mundo.
Ainda assim, não é justo e nem coerente comparar uma instituição com praticamente 100 anos de história e que esbanja tradição e respeito no cenário desportivo, com mero negócio. Que fique claro isto! O negócio existe sim, para “bancar a farra”, para sustentar o duelo entre Davi e os vários “Golias” da Série A. Para sustentar a defasagem de orçamento de um clube que conta com R$20 milhões para gastar, e enfrentará diversos outros que contam com mais de cinco (cinco!!!) vezes esse valor. Mas o que move o América é muito mais que negócio, é amor! E é com esse amor que provaremos, diretoria, torcida, comissão técnica e atletas, dentro e fora do campo, a grandeza do nosso clube!
“Cantamos para o mundo inteiro, tu és a glória do esporte nacional!”
Parabéns Salum! Parabéns diretoria! Avante Coelhão, contra tudo e contra todos! O América nada teme.