Ótima reportagem do Ricardo Corrêa, para o portal do O Tempo, hoje.
Em meio a tantas opções na estrada para almoçarmos, ontem, a caminho de Córdoba, paramos em Bell Ville, sem saber que era a terra de Mário Kempes e de uma outra história muitíssimo interessante.
“TERRA DE LA PELOTA”
Cidade de Mario Kempes se orgulha de ter “inventado a bola”
RICARDO CORRÊA – ENVIADO ESPECIAL
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Bell Ville, Argentina. Em meio à província de Córdoba, perdida entre os extensos pampas argentinos e 200 km distante da capital da província, fica a terra da bola. Bell Ville, de onde partiu para o mundo do futebol o craque Mario Alberto Kempes, herói hermano da Copa de 1978, tem uma relação íntima com o esporte que mais faz sucesso no mundo. É que teria surgido na cidadezinha que hoje tem pouco mais de 30 mil habitantes a principal personagem do jogo: a bola moderna.
O futebol já era praticado pelo mundo desde o século XIX, mas com bolas de couro divididas em gomos e com uma boca amarrada. Era pelo buraco preso por cordões que era enchida. A dificuldade de mante-lo fechado não apenas era um incômodo para os jogadores, como também um fator que deixava sua trajetória difícil de prever. Em 1931, três habitantes de Bell Ville resolveram o problema: criaram a “SuperBall”, uma bola que não precisava ser aberta ou amarrada para encher. Inventaram o que hoje para nós é simples e óbvio: uma câmara de ar interna, com uma válvula que impedia que o ar escapasse e que só se abria ao inserir o bico de uma bomba. Não demorou para que pasasse a ser usada no futebol argentino e adotada pela Fifa. Estava criada a base para a bola de futebol que usamos até hoje.
O fato poderia ter sido esquecido na história, mas Bell Ville fez questão de lembra-lo. Entitulou-se a terra da bola e promoveu, desde a década de 1990 e por 18 anos, a “Festa Nacional da Bola de Futebol”. A celebração aconteceu até 2008, quando o governo local desistiu de investir nele. Hoje, há até mobilizações para que o festival, que contava com apresentações e um torneio de futebol, seja retomado.
A indústria da pequena Bell Ville não foge da tradição de fabricar bolas. Tanto que, até hoje, várias pequenas empresas que fabricam as “pelotas” ainda estão no munícipios. Pequenos empreendimentos, que vendem as bolas de todo tipo na beira da estrada. Há versões de bolas famosas, como a Jabulani, com a qual se disputou a Copa da África do Sul. Mas que não se chame de cópia. Afinal, foram eles que inventaram o artefato…
KEMPES
Bell Ville não deu apenas a bola ao futebol. Deu também um dos que mais souberam maneja-la. Mario Alberto Kempes, conhecido por aqui como “El Matador”, estrela do Rosário Central na década de 70, foi o artilheiro e grande herói da conquista da Copa de 1978, que a Argentina faturou em casa. Tornou-se um heroi no país, cultuado principalmente na província de Córdoba, onde há vários locais com referências a ele. Não é por menos que ele dá o nome do estádio onde o Brasil entra em campo, amanhã, contra o Paraguai, pela Copa América.
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Em 1931, três habitanteS de Bell Ville criaram a “SuperBall”/RICARDO CORRÊA/O TEMPO