De Zurique:
No suntuoso Centro de Convenções de Zurique, algumas das mais importantes personalidades do mundo se cruzam nos salões e escadarias, antes e depois de defenderem no auditório as candidaturas dos seus respectivos países, para as Copas de 2018 e 2022.
Jornalistas não têm acesso ao plenário, mas todas essas figuras importantes vêem até nós, em bom número, quase mil, para as entrevistas coletivas.
Bill Clinton foi o centro das atenções ontem, como último orador na defesa das pretensões dos Estados Unidos. Ele que esteve na África do Sul, repetiu aqui na Suiça o mesmo carisma e simplicidade. Nem parece que trata-se de um dos melhores presidentes da história norte-americana. Dentre outras coisas, disse que o futebol é a maior fonte de união dos povos e resolução de diferenças; e que os EUA são o único país capaz de lotar qualquer estádio numa Copa, já que a sua população é composta por pessoas de todos os cantos do mundo. Depois, Clinton falou da fundação que ele criou ao deixar a presidência, e fez uma espécie de balanço do que conseguiu de ajuda a países que sofrem sem saneamento básico, educação, saúde e infra-estrutura. Sabe vender o peixe.
Obama
O presidente Barack Obama também discursou, porém, gravado. Ano passado ele foi a Copenhagem, defender a candidatura de Chicago aos Jogos Olímpicos de 2016, mas perdeu feio. A cidade dele foi eliminada na primeira fase da disputa. Deu Rio de Janeiro.
Aliás, pensei que a violência na Cidade Maravilhosa seria muito falada aqui, mas não. Nem parece que o problema seja tão grande.
2022
As apresentações deste primeiro dia de encontro da Fifa foram na disputa por 2022. A impressão que ficou é que os EUA apresentaram os melhor discurso e nem precisou entrar em questões de infra-estrutura. Neste aspecto, o Qatar deu show, e em tudo que se refere a “ter de construir”. Têm dinheiro sobrando.
Mas, o comentário geral é que deve dar Austrália.
Só palpites
Japão e Coreia do Sul defenderam suas candidaturas isoladas, mas já realizaram juntos, a Copa de 2002. Difícil levar essa. Hoje é a vez de Bélgica/Holanda, Espanha/Portugal, Inglaterra e Rússia.
A maioria que está aqui acha que a Inglaterra fez um trabalho melhor de bastidores, mas que a Rússia tem um bom discurso: o Leste europeu nunca sediou um Mundial de futebol.
Muito forte
As denúncias que o Ricardo Teixeira teria recebido propina repercutiram aqui mais que o tiroteio e queima de veículos no Rio de Janeiro. Não que a corrupção seja novidade no mundo do futebol, mas pelo fato de que ele pode vir a se tornar presidente da Fifa, na sucessão do Joseph Blatter. Ele terá concorrentes muito fortes, como o Michel Platini, por exemplo. E na política, todas as armas são válidas.