Tanto faz, como tanto fez!
É o que penso da convocação do Dunga, e de todos os seus antecessores e também dos futuros treinadores da seleção, por um motivo simples: se sempre há divergências por causa das opções dos técnicos dos times, como não haver numa seleção? Ainda mais num país como o Brasil, onde bons jogadores brotam a cada dia, em todos os cantos desse continente que é o nosso país!
E o Brasil sempre estará em qualquer Copa sendo apontado como um dos favoritos, porque essa é uma realidade, assim como os Estados Unidos sempre são favoritos nobasquete.
Não sei se existe na história, convocação da seleção brasileira para uma Copa sem polêmica. Os livros e os mais velhos falam disso desde a primeira, em 1930.
Acompanho mais de perto a partir de 1978, quando o Brasil queria Falcão, e o saudoso técnico Cláudio Coutinho, optou por Chicão, que segundo ele, seria mais talhado para enfrentar os argentinos no território deles.
Em 1982 a grita nacional era por Reinaldo, artilheiro das eliminatórias daquela Copa, disparado o melhor centroavante do país, e bem fisicamente. O então capitão Zico, em nome de todos os jogadores, pediu ao Telê Santana, que o convocasse, mas o treinador preferiu levar Serginho Chulapa e Roberto Dinamite para a Espanha.
Em 1986, foi a minha primeira ida a uma Copa. Telê dispensou Renato Gaúcho e Éder por indisciplina, às vésperas do embarque para o México. O lateral Leandro pediu dispensa, em solidariedade, porque estava na mesma farra com eles. E as críticas eram gerais pelo fato de Telê apostar em Elzo, como volante titular.
Em 1990 foi um teatro de horrores, e segundo opinião geral, tivemos a pior seleção da história, comandada por Sebastião Lazaroni, contestado do princípio ao fim de seu “reinado”, quando fomos eliminados em Turim, nas oitavas de final, naquele famoso lance do Maradona, que driblou Dunga e Alemão, e pôs o Caniggia na cara do Taffarel. Ninguém entendia porque Dunga era titular.
Em 1994, fomos campeões nos pênaltis, jogando o “futebol de resultados”, semelhante a este que Dunga implantou, fruto do aprendizado dele com o Carlos Alberto Parreira naquela conquista nos Estados Unidos. O Brasil inteiro, inclusive a mãe do próprio Parreira, pedia para que Ronaldo, que iniciava a carreira como “fenômeno”, jogasse pelo menos alguns minutos. Ele escalou até Paulo Sérgio e Viola, mas Ronaldo não entrou nem um minuto sequer.
Em 1998 a polêmica foi outra e perdemos por um único motivo: arrogância total. Jogadores, comissão técnica, cartolagem, imprensa e torcida tínhamos certeza que o título já era nosso, antes de jogar contra a França, que tinha excelente time, estava bem treinada e contava com Zidane no auge da forma. Além de ter estudado as falhas da defesa do Brasil em bolas cruzadas pelo alto. Sem falar na crise de epilepsia do Ronaldo, que atordoou todo mundo.
Até hoje a arrogãncia de alguns torcedores continua e de volta e meia chegam aqueles e-mail idiotas dizendo que o Brasil vendeu o jogo para a Nike! Dureza!
Em 2002 o Felipão quase foi agredido nas ruas do Rio, perto da CBF, quando anunciou a lista dos que iriam para a Coréia/Japão, sem o Romário. Polêmica muito maior que agora, já que o “Baixinho” tinha sido importante nas eliminatórias e estava em forma. O Brasil foi penta na base da união da “Família Scolari”, que também serviu de inspiração para Dunga agora, e desde o dia em que ele assumiu a seleção.
Em 2006, foi uma zorra semelhante à de 1990: ótimos jogadores, mas sem comando. Eles faziam o que bem entendiam, mandavam mais que o técnico Parreira, entravam e saíam da concentração quando queriam e cada um mais preocupado com si próprio do que com a seleção.
Voltaram da Alemanha trocando acusações que até hoje costumam ganhar os noticiários.
Cada um de nós tem a sua seleção e os seus convocáveis. Eu não levaria de jeito nenhum: Doni, Kleberson e Josué. Gilberto, só se fosse para o meio.
Não deixaria de fora de jeito nenhum: Paulo Henrique Ganso, principalmente porque o Kaká por pifar a qualquer momento, e o lateral esquerdo Marcelo, do Real Madri.
Ficaria na dúvida entre Vitor ou Fábio pro gol, e Tardelli ou Neymar para o ataque.
E certamente levaria porrada de todo lado.
Portanto, não critico o Dunga pela lista dos 23, que pode dar certo ou não, pois o futebol é assim.
Critico algumas idiotices dele, como querer fazer alguém acreditar que o futebol é “a pátria de chuteiras”, como antigamente. E pela ignorância dele no trato com a imprensa, que tem muitos malas realmente, mas cuja maioria é gente boa e precisa ser respeitada.
No mundo globalizado de hoje, onde uma Inter de Milão não tem nenhum jogador italiano, nem o treinador, e onde o país mais poderoso do mundo foi humilhado no seu coração econômico com os atentados às Torres Gêmeas, não cabem mais intolerância e falta de diálogo.