Fábio Koff venceu as eleições no Clube dos 13 porque antecipou a votação, que seria em novembro, para hoje. Dessa forma não deu tempo das forças que apoiavam Kléber Leite comprarem os apoios que precisavam para mudar o resultado. Em reportagem no caderno de esportes, da Folha de S. Paulo de ontem, e na coluna Painel FC, detalhes das mudanças de lado que foram negociadas:Foto: www.clikrbs.com.br
“Após R$ 8 milhões da CBF, Botafogo troca de “partido” ”
Depois de empréstimo, clube alvinegro retira apoio a Fábio Koff e vira vice na chapa de Kléber Leite na eleição do C13
Goiás, Coritiba e Corinthians também mudam de lado na disputa, mas negam que a troca seja fruto de pressão ou dinheiro da confederação
EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
PAULO VINÍCIUS COELHO
COLUNISTA DA FOLHA
A eleição para a presidência do Clube dos 13, amanhã, inclui na campanha dinheiro da CBF e antecipações de cotas de televisão em troca de votos. Corinthians, Botafogo, Goiás e Coritiba, exatamente os vices na chapa de Kléber Leite, candidato da confederação, são os clubes que aceitaram trocar de lado após receberem dinheiro ou promessas e benefícios.
Os dois primeiros desmentem que votam em Kléber Leite em troca de apoio financeiro, mas admitem que receberam dinheiro da CBF e da TV Globo às vésperas da eleição.
Botafogo, Goiás e Coritiba assinaram abaixo-assinado, em 29 de março, apoiando a reeleição de Fábio Koff. Dias depois, apareceram na chapa de Leite.
“Se fosse por causa de dinheiro, então, todo mundo estaria agora com o Kléber Leite”, diz o corintiano Andres Sanchez, quase avalizando a acusação de que o ex-presidente do Flamengo passou sua campanha trocando benefícios por votos.
O botafoguense Maurício Assumpção acertou apoio à candidatura de Fábio Koff na segunda-feira, dia 29 de março. Três dias antes, no entanto, o clube formalizara acordo costurado no dia anterior com a CBF no valor de R$ 8 milhões.
O Botafogo receberia R$ 3,5 milhões em 6 de abril, R$ 2,5 milhões em 6 de maio e R$ 2 milhões em 6 de agosto.
Em 30 de março, o dirigente do Botafogo recebeu recado de que o empréstimo estava condicionado ao voto em Leite.
Sem apresentar justificativas objetivas, Assumpção apareceu na chapa de Leite dois dias depois. “Não é justo dizer que apoiei o Kléber Leite em troca do empréstimo. Comecei a negociar um valor de R$ 10 milhões em janeiro, muito antes do processo eleitoral. E só recebi R$ 3 milhões”, diz Maurício Assumpção. “Os dois lados me fizeram ofertas”, diz ele.
Koff, por meio de sua assessoria, nega que tenha oferecido qualquer benefício financeiro para ter o voto do Botafogo.
“É injusto cobrar do Botafogo uma posição igual à do Corinthians, porque nosso poder financeiro é diferente”, afirma o presidente do time carioca.
A CBF informa que “vários clubes têm dívidas com a entidade, inclusive alguns que votam em Fábio Koff”.
Primeiro vice na chapa de Leite, Andres Sanchez teve acesso a R$ 8 milhões de antecipação de direitos de TV em 9 de março, que pagará em oito parcelas de R$ 1 milhão até abril de 2011. “Peguei R$ 3,5 milhões”, disse ele. Confrontado pela reportagem, recuou: “Se foi isso [R$ 8 milhões], pergunte ao Raul [Corrêa e Silva, diretor financeiro]”.
Dois dias depois de ter firmado seu nome se comprometendo a votar em Koff, Syd Oliveira, presidente do Goiás, passou a terceiro vice de Leite. Em carta ao C13, oficialmente alegou “motivos institucionais”.
Mas a interlocutores admitiu ter sofrido pressão da federação goiana e da CBF, inclusive com ameaça de rebaixamento à Série B do Brasileiro. O Coritiba, que terá na próxima quinta o julgamento sobre a punição ao estádio Couto Pereira, também trocou de lado abruptamente. “Foi uma decisão de colegiado do clube”, defende-se o presidente Jair Cirino.
O racha entre a CBF e o Clube dos 13 se deu quando Ricardo Teixeira rompeu, em 2009, com a FBA, entidade responsável pela organização da Série B. Aos clubes da Segundona ofereceu R$ 30 milhões pelo contrato de televisão. O Clube dos 13 tinha quatro filiados na Série B e precisava avalizar o novo acordo, mas o recusou. Foi quando Ricardo Teixeira e Fábio Koff se afastaram.
“Nunca vi tanta baixaria como nesse mundo do futebol”, declarou o presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, que apoia Fábio Koff.
O dirigente gaúcho se disse surpreso com “traições por razões inconfessáveis”.
Lobby forte
A Record está acompanhando com muito interesse a disputa ferrenha no Clube dos 13. Gente ligada à emissora diz que ela entrará pesado na disputa pelos direitos de TV do Brasileiro e do Paulista, hoje com a Globo, mas que não será instrumento para os clubes receberem mais da concorrente. No caso do Brasileiro, ganharia fôlego se o vencedor fosse Fábio Koff. Já para o Estadual, a emissora, em meio à disputa entre Globo, FPF e vereadores paulistanos pelo fim dos jogos às 22h, oferece horários para jogos às 18h e às 20h.
Até tu. Presidente mais vitorioso da história do Flamengo e histórico opositor de Fábio Koff, Márcio Braga enviou e-mail à atual presidente do clube, Patrícia Amorim, dizendo que “Kléber Leite é o Flamengo no Clube dos 13”.
Muda. “Ainda que haja compromissos assumidos em outro momento, é fundamental perceber que o quadro mudou radicalmente, e a candidatura de um ex-presidente do clube lhe obriga à revisão de qualquer posicionamento antigo”, afirmou Braga. Patrícia está fechada com Fábio Koff.
Não muda. A presidente do Flamengo diz que já tinha compromisso com Koff e que vai cumpri-lo. Citou também que Leite não a apoiou na eleição do clube no ano passado.
Meu lado. O presidente santista, Luis Alvaro de Oliveira, não assegurou nem aos seus rivais paulistas em quem votará amanhã no C13. Alguns deles, porém, acreditam que ele estará ao lado de quem oferecer um aumento no percentual da cota de televisão.