Recebi e-mail do Glênio Guedes, de Ituiutaba, que vale uma boa troca de idéias sobre o futebol mineiro.
Concordo com a maioria das coisas que ele diz. Discordo especialmente de duas: que os árbitros beneficiem ao América; que o Uberlândia e o Ituiutaba não podem disputar os campeonatos paulista e goiano. Poder até podem. O Unaí, por exemplo, disputava o campeonato do Distrito Federal.
Num dos casos que ele cita a Federação paulista é que não aceitaria um time com estádio cuja capacidade é para 1800 pessoas.
De modo geral, tudo o que o Glênio diz precisa e deveria ser discutido por todos nós, de todo o estado. Seria tarefa da Federação Mineira de Futebol coordenar uma grande discussão de problemas como os citados por ele.
Mas não acredito que a FMF queira cumprir com a missão dela que é de gerenciar com eficiência e igualdade o futebol de toda Minas Gerais, e não apenas da Capital.
“Chico Maia,
meu nome é Glênio Guedes e acompanho sua coluna. Semana passada li uma em que você comenta que o Cruzeiro, por sinal meu time do coração, a maior folha de pagamento dos times mineiros, veio a Ituiutaba jogar para 1800 pagantes, como se ele estivesse fazendo uma coisa extremamente prejudicial ao clube. Agora queria deixar claro a minha opinião, e acredito que a opinião da maioria do interior de Minas, é que também, é muito danoso pra nós participarmos de uma competição dessas com os times da capital e adjacências, pois vamos aos fatos: enquanto o Cruzeiro recebe próximo de R$ 5.000 000,00 o Uberlândia recebe próximo de 300 000,00. Enquanto o Cruzeiro viaja mais de 200 km somente umas duas vezes o Uberlândia viaja um monte, e outras coisas mais, sem contar ainda a atuação dos juizes, que na minha opinião além de ruins, são tendenciosos, principalmente a favor do América. Você poderá argumentar que Cruzeiro e Atletico recebem mais porque dão retorno aos patrocinadores, e até concordo, mas e o Estado que pega nosso dinheiro e vai reconstruir o Independência, que pertence ao América, que leva 500 pagantes, onde cabem 60 000. Agora, o Ituiutaba leva 1800 porque não cabem mais, e o Uberlândia leva na media 5 a 6000 porque não tem dinheiro para montar um time melhor e peitar os juizes. Se todos recebessem mais dinheiro e conseguissem montar times bons e o Estado usasse o dinheiro do impostos onde ele arrecada, com certeza teríamos um campeonato melhor com estádios melhores.
Resumindo: enquanto a capital e os representantes do estado e do futebol tratarem o interior como colônia, sempre será assim: vocês não querendo jogar com a gente e nós não querendo jogar com vocês.
Que bom seria se pudéssemos disputar o campeonato paulista ou o goiano.
Um abraço,
Glênio Guedes”