O americano Marcio Amorin questiona o lançamento de novos jogadores justamente no clássico de domingo contra o Cruzeiro, ataca as manobras de bastidores no Campeonato Mineiro e critica parte da imprensa:
“Caro Chico!
Estamos apreensivos. Não sei se você já tinha nascido, mas estou me lembrando de uma vez em que o América jogaria contra o Cruzeiro em um certo domingo e, na sexta-feira que antecedeu ao jogo, contratou uma ridículo lateral direito de nome Marcos Teixeira, um zagueiro central chamado Aguinaldo e um quarto zagueiro, era como se dizia na época, chamado Wagner, todos os três ex-atletas em atividade, além de um armador(?), só se fosse de construção civil, de nome Tininho. Este último teve a cara-de-pau de dizer em uma entrevista que o seu estilo se assemelhava ao do Rivaldo. Todos foram lançados no clássico sem um único treinamento e o resultado foi de apenas 7 X 0 para o Cruzeiro. Na segunda-feira estavam literalmente condenados a perder o emprego que durou pouco mais de três dias. Vale lembrar que, naquele período, o Cruzeiro vivia “penando” para conseguir uma vitória sobre o América. Lavaram a alma. Agora, vem a notícia de que domingo, exatamente contra o Cruzeiro, estréiam dois desconhecidos e desentrosados zagueiros como se os dirigentes não se lembrassem daquela tragédia. Não vou aqui discutir a categoria dos dois, por não conhecê-los e pelo respeito que todo profissional merece. Além do mais, o treinador, de quem você diz gostar, anuncia três cabeças-de-área, um armador e um atacante(?) (ele). Isto tudo fora alguns laterais que não são de ofício. Sei não! Nuvens negras se aproximam de novo? Continuo dizendo querer “queimar a língua” e comemorar uma vitória.
Se é possível esquecer isto tudo, vem-me também à lembrança uma sua opinião, segundo a qual está definitivamente instalada a incompetência e a imoralidade no nosso campeonato, referindo ao desfecho do episódio de Teófilo Otoni. Assusto, quando vejo uma emissora de rádio, famosa, “chamando às falas”, pública, escandalosa e acintosamente, juízes, auxiliares e dirigentes do quadro de árbitros, porque erraram duas vezes, grotescamente, diga-se, contra o Atlético. Uma contra o Cruzeiro e outra no episódio do “pólo aquático”! Como essa mesma emissora não chamou ninguém para explicar os erros a favor do Atlético contra o América, nem a favor do Cruzeiro contra o Tupi, nem outros erros tão grotescos quanto estes, fica a impressão de que os poderosos estão brigando na ponta, intimidando, ameaçando e pressionando, com o apoio de uma parte colorida da imprensa, para ver quem manda mais e não qual joga melhor. A pressão sobre os árbitros é terrível. Ter de dar explicação a uma emissora que detém o atleticanismo mais exacerbado jamais visto num órgão de imprensa, ainda que eles tenham errado, é o que pode haver de pior em matéria de decência. Quando se fala em juiz de outro estado para apitar clássicos, todos se revoltam. Mas existe outro jeito? Gostaria de ver isto a partir do jogo de domingo.
Acorda, América!”