O título deste post é uma paráfrase/homenagem a João Guimarães Rosa, cuja obra inspirou o clássico e premiado filme “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, 1965, (original) rodado na Grande Diamantina . . .
. . .com destaque para o Distrito do Guinda, onde já tive a satisfação de tomar uns “chás com torradas”.
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Rogério Micale é um ótimo sujeito, ao contrário do personagem título do filme, que era malvado, covarde e terminou mal na história. Torço fervorosamente para que Micale termine bem nesta fita e para que isso aconteça o jogo desta noite contra o Corinthians é uma prova de fogo, de tantas que o novo treinador do Galo já está enfrentando.
Contra o Botafogo pode-se considerar que ele era apenas um “franco atirador”, recém chegado, barco em alto mar, meio à deriva, sem muito o que depender do comandante. Eliminado da Copa do Brasil. No primeiro jogo dele pelo Brasileiro, foi muito bem nos 2 a 0 sobre o Coritiba na capital paranaense. Não deixou tantos jogadores de idade avançada em campo ao mesmo tempo, apostou numa meninada promissora, que tem fôlego e corre muito, adotou sistema de marcação que funcionou e manteve a vocação ofensiva do time, que desperdiçou muitas oportunidades mas retornou a Beagá com uma animadora vitória.
Esta noite a prova é mais difícil: em casa, onde o time não vem bem neste campeonato, pressionado por todo mundo e por todos os lados, contra o líder da competição, que pratica o futebol mais eficiente do país na atualidade. Com o Brasil inteiro de olho, torcendo para que o clube paulista perca (à exceção óbvia dos corintianos), pensando numa disputa com mais graça no segundo turno, sem um campeão com tanta antecipação.
Igual a um candidato de concurso muito concorrido, Rogério Micale terá todos os seus atos avaliados com rigor: manterá os velhos medalhões no banco? Partirá para cima do Corinthians se arriscando a cair no golpe manjado, porém ainda não anulado dele, de “golear” por 1 a 0? Vai se fechar, aguardando o adversário, sob risco de tomar uma vaia da própria torcida que exige o Galo sempre pra cima do adversário, seja quem for? Terá uma fórmula para adotar um meio termo? Se tiver, saberá escalar os jogadores certos para isso? E as substituições? Saberá fazê-las certas, no momento correto?
Apostará em Luan deste o início, correndo o risco de perdê-lo com poucos minutos de jogo? Elias e Robinho começam no banco, ou um ou outro apenas? Saberá explorar os muitos desfalques do Corinthians?
Enfim, é muita coisa, são muitos detalhes, e a soma de tudo isso, numa sequência de jogos e competições que revela grandes treinadores, que os diferencia entre os da prateleira de cima, do meio ou de baixo. Essa experiência que Micale está tendo no Atlético é decisiva para o futuro da carreira dele. De competência questionada, tem um dos elencos mais fortes do futebol brasileiro e estrutura de trabalho do primeiro mundo, com as pressões, cobranças e conseqüências que tudo isso acarreta.
São 18 pontos de diferença entre o líder Corinthians, do emergente entre os treinadores, Fábio Carille, e o Galo, 10º colocado, do candidato a emergente, Rogério Micale. Se passar bem na prova desta noite, 21 horas, no Mineirão, poderá estar iniciando a realização do sonho de entrar para a galeria dos grandes e mais bem pagos treinadores do país. Estou na torcida por ele!