A falta de inspiração, a falta de alegria encoberta pela apreensão, o silêncio que a torcida brasileira tem manifestado nas partidas da seleção, quebrado hora ou outra quando surge um enfadonho “sou brasileiro, como muito orgulho…”, será colocado a prova no jogo contra o Chile. Enquanto os torcedores rivais latino americanos dão aula de como “hinchar”, nós parecemos perdidos e sem um coro a seguir. Uma solução que vejo para isso seria nos voltarmos às nossas próprias torcidas de clubes. Senhoras e senhores que estarão presentes no Mineirão neste sábado, por quê não evocarmos os cantos dos clubes, seja Atlético, Cruzeiro, América, só que em versões feitas para empurrar o Brasil em campo? Cantar aquilo que todos já sabem de cor, aquele samba, aquele pagode, o que for. Sem frescuras ou rivalidades, cantar até o fim. Cruzeirenses, cantem “Explode Coração“, grande samba enredo do Salgueiro, como já o fizeram tantas vezes no Mineirão lotado. Atleticanos, puxem o grito de “Vou festejar“, tornada famosa por Beth Carvalho, para animar o estádio, e consequentemente, animar o planeta. Garanto que todos colocarão a rivalidade de lado neste momento, e em uma só voz farão a força que vem das arquibancadas um elemento para desequilibrar esta que será uma difícil partida.
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Numa Copa em que ninguém pode confiar em favoritismos, cheia de surpresas, toda humildade será importante ao time de Felipão contra o Chile. Ao contrário de Sampaoli o treinador brasileiro ainda não tem certeza da melhor escalação. O Chile tem, seguramente, um melhor conjunto, mas o Brasil mais valores individuais, que podem fazer diferença em um lance, uma jogada e decidir o jogo.
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No banco, este Jorge Sampaoli é desses comandantes que fazem diferença. Obrigado a parar de jogar futebol aos 19 anos, por contusão, tornou-se um obcecado estudioso do assunto e hoje é um dos mais respeitados estrategistas do futebol sul-americano. Com esta Copa, está ganhando os holofotes mundiais.
Certamente conhece muito mais o Brasil, do que Felipão conhece o Chile. Scolari é um motivador de grupo.
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As malas das delegações ficam sempre prontas para algum destino: em caso de felicidade dentro das quatro linhas, viagem outra sede, até chegar ao Rio para a final. Se perde, de volta para casa, reencontrar a família e pensar no futuro. Para muitos, fim de linha, para outro tanto, o recomeço, pensando no Mundial da Rússia daqui a quatro anos.
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A partir de hoje a Copa ganha contornos diferentes em todos os aspectos. Empate não vale mais; ao fim do tempo normal e prorrogação tem de haver um vencedor. Os jogos ficam mais emocionantes, os nervos de jogadores, treinadores e por conseqüência torcedores são levados aos extremos e tudo pode ter influencia no rendimento de quem tem o poder de resolver, dentro das quatro linhas.