Na Olimpíada do Rio’2016, Belo Horizonte terá papel semelhante ao de Manchester em relação a Londres’2012, com os jogos de futebol. Às 9 horas peguei o metrô, há quatro quadras de onde estou hospedado na capital inglesa.
Depois de enfrentar rápida fila, paguei £ 74 (R$ 240,00) e às 10h20 embarcava num trem da Virgin, na estação de Euston, quase no centro da cidade. São 340 Km, num trem confortabilíssimo, que disponibiliza internet de ótima qualidade e energia elétrica aos passageiros. De graça, na primeira classe e ao preço mínimo de £ 4 por hora na classe “Standard”, que em termos de conforto é quase a mesma coisa.
Depois de oito; sim, oito; paradas, às 13 horas eu estava no centro da metrópole mais industrial da Inglaterra, com os seus 3,6 milhões de habitantes.
Nem precisei perguntar a ninguém sobre transporte para o Estádio do Manchester, o Old Traford, porque a sinalização pública é perfeita e facilita a vida de qualquer um, além das placas características dos Jogos Olímpicos.
Lembrei-me de Juiz de Fora, a “Manchester mineira”, como diziam nossos avós, e pensei: será que algum dia algum estrangeiro terá no Brasil facilidades para se deslocar e trabalhar como em países que cobram impostos semelhantes ou até mais baixos que os nossos?
Sem chance
Imagine um inglês tentando ir de Belo Horizonte a Juiz de Fora!? São apenas 240 Km; mas trem, não há. O coitado teria de se aventurar pela Br-040, uma das piores e mais perigosas rodovias do Brasil, e sem perspectivas de duplicação.
O GPS prevê 3h40 de carro, obviamente se não houver nenhum problema na estrada, o que é quase impossível.
Facilitando a vida
Os ingleses têm formas peculiares para trabalhar a economia deles. O bilhete de Londres a Manchester custa £74 caso o comprador adquira ida e volta na hora, pois se comprar apenas a ida, paga £73, cada trecho. E tem até um mês para utilizar a passagem de retorno, menos nos horários de 7 às 9h30, quando o fluxo é muito grande e o preço é bem mais alto.
E um hábito com o qual não podemos nos dar ao luxo no Brasil: a maioria vai trabalhando em seus notebooks, com excelente conexão de internet.
Enganação
De forma enganosa, para justificar gastos absurdos ou obras superfaturadas, as autoridades brasileiras falam a toda hora em “legado” da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016. Tudo que falam se justificaria caso a população pudesse usufruir de uma infraestrutura condizente que fosse deixada, como essa, na Inglaterra. Para 2014, não teremos nem a BR-040 duplicada do Rio a Belo Horizonte. Metrô? Nem sonhar! Um estrangeiro que quiser se deslocar do Rio a Beagá em 2016 terá de se virar, pagar caro e passar muita raiva, na BR ou nos aeroportos.
Deu Galo!
De “bonde” ou de ônibus são menos de 10 minutos, da estação de trem ao Old Traford, o legendário estádio do Manchester United, que por dentro, visualmente, é um Independência, sem pontos cegos. E assim como o nosso “Gigante do Horto” passou uma reconstrução, nos anos 1990, que o tornou um dos mais confortáveis do mundo; para o público e para a imprensa.
Estive aqui em 1987 quando o Atlético disputou o torneio de verão de Manchester, e acreditem, tacou 3 a 1 no United, com show de bola de Sérgio Araújo naquele dia.
Prateleiras de baixo
Importante lembrar que o Manchester United não estava na prateleira de cima como hoje, com o time cheio de estrelas.
Outra semelhança do Old Traford com o Independência: não tem estacionamento. Porém, com tanto transporte público de qualidade, deixando o torcedor a 200 metros dos portões de entrada, quem precisa vir de carro?
Sobre o jogo, deu o que era previsto. Vitória brasileira, puxada pelo Neymar. Ainda que com algum aperto provocado pela motivação da Bielo Rússia, adversário inexpressivo do futebol mundial.
Sinalização perfeita, da estação ao estádio, para vai ao Old Traford
De metrô de superfície ou de ônibus, público chega em menos de 10 minutos, sem atropelos
Internamente, no visual, Old Traford faz lembrar o Estádio Independência, sem pontos cegos
Imprensa e torcedor têm conforto no estádio do Manchester United, como nos melhores do mundo