Um ano atrás estávamos na África do Sul; no início da Copa do Mundo, realizada com sucesso, contrariando todas as previsões da imprensa mundial. Há 15 dias o caderno de turismo do jornal O Globo dedicou quase 100% de sua edição ao país. Falou dos benefícios que o evento deixou, traduzidos em aumento impressionante do número de visitantes.Os parques e reservas de animais da África do Sul quase dobraram o número de visitantes depois da Copa
A África do Sul melhorou a sua imagem perante o mundo, e aprendeu muitas lições com a organização da Copa. Tanto, que desistiu da candidatura de Durban, uma de suas principais cidades, dos Jogos Olímpicos de 2020. O governo já se dá por satisfeito com a experiência vivida com a Fifa e suas mazelas. O país gastou muito mais do que imaginava e que podia.Estes elefantes são valorizados e atraem trusitas, mas vários estádios se tornaram “elefantes brancos”, sem serventia
Um ano depois, está tendo retorno positivo, mas ainda há contas demais a pagar e estádios “elefantes brancos” aguardando destinação que cubra pelo menos as despesas ou diminua o prejuízo anual aos cofres públicos. E olhem que eles peitaram demais a Fifa em suas exigências esdrúxulas; o que não está acontecendo no Brasil. Tudo que a entidade maior do futebol exige, as autoridades brasileiras acatam. Claro, que a maioria é cúmplice e aproveita para pegar a sua parte, pois sabe que a impunidade por estes lados da América do Sul é gigante.
Cenários de rara beleza e turismo muito bem explorado nos parques sul-africanos
Onda
Semana passada explodiu a greve dos Bombeiros do Rio de Janeiro. Ontem a dos trabalhadores da construção civil que constroem o Mineirão, e preparemo-nos porque assim será até o dia do encerramento da Copa, em 2014, e depois, a onda vai recomeçar, até o fim das Olimpíadas de 2016. Na África do Sul foi assim e envolveu as mais diversas categorias profissionais.
Com as atenções da imprensa mundial, ótima oportunidade para reivindicações; justas, por sinal!
Chance
Em 2009, estávamos lá cobrindo a Copa das Confederações e os operários do estádio Soccer City aproveitaram a presença da imprensa mundial para uma greve de grandes proporções. Pararam tudo. Com os prazos se esgotando, não restou outro caminho ao governo e empreiteiras, a não ser negociar. Em ótimas condições para os trabalhadores, diga-se. Foi uma chance de ouro, rara.Trabalhadores do Soccer City cruzaram os braços um ano antes da Copa
Revolta
Trabalhadores como bombeiros e da construção civil ganham em torno de R$ 1 mil e ficam revoltados de ver tanto abuso com o dinheiro público, sem que ninguém seja punido. Quando surge uma oportunidade como essa, não se deixa barato, e essa onda vai se espalhar. O exemplo sul-africano está sendo seguido, e os governos terão que atender, pois a Copa está aí.O governo sul-africano e empreiteiras negociavam bem, ou as obras ficariam desse jeito no Soccer City
Vem mais
Depois de Bombeiros no Rio e operários da construção civil em Minas, virão movimentos de trabalhadores das demais forças de segurança, dos transportes terrestres, aéreos e marítimos e várias outras categorias profissionais, em todo o Brasil. Foi assim na África do Sul, onde os trabalhadores finalmente foram atendidos em reinvindicações que eram dos tempos do apartheid.