Blog do Chico Maia

Acompanhe o Chico

De carro pela 5, freeway dos EUA, sem pedágio e me lembrando da BR-381 e MG-424

Fui de carro de Los Angeles a Santa Clara, assistir Argentina e Chile. Pela U 5, rodovia estatal, sem pedágio. São 600 Km de excelente estrada, onde trafegam todos os tipos de veículos, inclusive caminhões que rodam nas faixas para eles, sem emperrar o tráfego e nem oferecer risco à ninguém.

FREWAYCAMINHOES

Aí não tem como não se lembrar das nossas estradas, especialmente a BR-381, uma das piores e mais perigosas do mundo, que nunca é duplicada, mesmo com o dinheirão de tantos impostos que pagamos. Nem falo mais da MG-424, que liga Pedro Leopoldo a Sete Lagoas, um lixo que os sucessivos governos do estado juram que vão duplicar em toda época de campanha eleitoral, mas nunca dão jeito.

Essa MG-424 é uma rodovia importante para a nossa economia, de intenso movimento de cimenteiras e siderúrgicas, além de ser a principal ligação do Norte e Oeste de Minas Gerais com a BR-040 e o Aeroporto de Confins. Para se percorrer 35 Km você leva uma hora, se não houver nenhum acidente. Quando há, trava tudo, para quem vai e quem vem, sem opção de saída, até que os veículos envolvidos no acidente sejam removidos. Mas deixa isso pra lá, porque daqui uns dias a carruagem aqui vira abóbora e voltarei a enfrentar a nossa realidade e essa vergonha que de MG-424 que os nossos governantes insistem em chamar de rodovia.


E o respeito foi embora: cervejaria Quilmes, da Argentina lança filme gozando a seleção brasileira

A Argentina está há 23 anos sem conquistar qualquer título de expressão e está levando mujito a sério esta Copa América nos Estados Unidos. Sua última conquista dessa disputa foi no Equador, em 1993, quando venceu o México na final por 2 a 1.

Mas antes de cumprir com o seu favoritismo nos EUA, já tira sarro da seleção brasileira, eliminada na primeira fase.

Estou sabendo que 98 FM já produziu o troco e amanhã vamos publicar também.

Obrigado ao Rodolfo Leon, que nos enviou:


Duas fotos que mostram a realidade que o futebol brasileiro precisa encarar

Circula na imprensa mundial essa foto, acima, do Draymond Green, craque do Golden State Warriors, finalista do basquete dos Estados Unidos, cercado por um batalhão de repórteres com suas câmeras e microfones. Um contraste com esta foto abaixo, que fiz de um dos treinos da seleção brasileira durante a Copa América, em que poucos jornalistas davam cobertura.

TREINODASELEÇÃO

“Gatos pingados” cobrindo a seleção pentacampeã do mundo, sempre cotada entre os favoritos de qualquer competição das quais participa. É o reflexo do descrédito ao qual chegou o futebol brasileiro, pessimamente conduzido por dirigentes da pior qualidade. Somente a saída do Gilmar Rinaldi e Dunga não resolve o problema, mas pelo menos cria um clima de otimismo em relação à qualidade do time que será montado para a sequência da disputa das Eliminatórias para a Copa da Rússia em 2018.

Tite é a bola da vez, o nome preferido por sete entre dez brasileiros. De tempos em tempos surge um nome assim, que reúne quase a unanimidade em torno de si. Como Telê Santana para as Copas de 1982 e 1986, Felipão para aa de 2002. Telê não foi campeão mas a seleção montada por ele entrou para a história como uma das melhores e de jogo mais bonito em todos os tempos. Na mesma galeria da Hungria, de Puskas, que também não foi campeã em 1954. Felipão pegou o time em situação delicada nas eliminatórias e terminou campeão na Copa da Ásia. Há também os casos das quase “unanimidades” que não deram certo, como o Vanderlei Luxemburgo, contratado logo depois do fracasso na França em 1998, campeão da Copa América em 1999, mas eliminado na primeira fase dos Jogos Olímpicos de Sydnei em 2000.

Tite é um profissional sério, respeitado dentro e fora das quatro linhas. Tem tudo para dar certo, mas também pode fracassar, já que uma série de fatores estão envolvidos e tudo influencia. Em 2005 os erros de avaliação que ele teve na montagem do time do Atlético foram os maiores responsáveis pelo rebaixamento do Galo.


Muito dinheiro e mistério no mundo da bola

Os jogos das finais do basquete dos Estados Unidos mobilizam o país e faz com que as pessoas parem em frente aos bares e restaurantes onde há TVs exibindo.

Antes da reunião do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, com Gilmar Rinaldi e Dunga, vários colegas cravavam que seria um encontro apenas para a comunicação de que os dois estavam demitidos. Quando se trata de determinadas figuras não dá para apostar nem no óbvio, pois nunca se sabe o que está por trás, que interesses movem certas peças desse xadrez. Igual na política brasileira, onde castelos de areia estão desmoronando e gente “acima de qualquer suspeita” está atolada até ao pescoço com as revelações das delações premiadas de corruptores. Política e esporte, futebol principalmente. Tudo acaba se ligando. O mundo da bola é usado por quem quer ficar conhecido e se tornar político e mais ainda para enriquecer muitos desses, ilicitamente. A Copa do Mundo no Brasil foi um fracasso da seleção, mas encheu os bolsos de gente demais com licitações dirigidas e obras superfaturadas. O estádio Independência é a bola da vez; está na mira. Mas se não instalaram CPI nem do Mineirão até hoje, vão mexer com Independência?

Esta semana o presidente banido da FIFA, Joseph Blatter deu entrevista ao diário argentino La Nación, confirmando aquilo que todo mundo estava cansado de saber: sorteios dirigidos, o uso da bolinha gelada para que o sujeito pegasse aquela do interesse combinado previamente. Mas ele disse que testemunhou isso na UEFA e citou um ex-presidente da entidade, já morto. E jurou que na FIFA “jamais” admitiu isso. Um suíço entregando o esquema de colegas europeus e por enquanto, apenas cartolas sul-americanos e caribenhos na cadeia, e dos Estados Unidos.

Voltando à CBF, a própria nomeação do Gilmar Rinaldi para diretor e a ressureição do Dunga foram estranhas e até hoje sem uma explicação lógica. Sabe-se lá por que motivações. Critérios técnicos é que não foram. De repente alguma entrevista raivosa nos próximos dias poderá esclarecer.

Sem chance
O argentino Ramón Diaz, ex-atacante da seleção portenha, pediu demissão do cargo de treinador do Paraguai após a eliminação nesta primeira fase da Copa América. Depois de um ano e meio de trabalho concluiu que não está conseguindo fazer o time jogar e prefere abrir espaço para que outro tente cumprir a missão de classificar os paraguaios para a Copa da Rússia.

No Brasil raramente alguém renuncia a qualquer cargo bem remunerado e cheio de regalias. Esperar uma atitude dessas de um Dunga ou Gilmar? Perda de tempo. Depois da derrota para o Peru deram justificativas para tentar ficar nos cargos.

Força da cesta
Sempre ouvi dizer, mas quando se presencia é diferente. Impressionante a força do basquete por aqui. Com Copa América rolando no próprio país e a Eurocopa reunindo muitos dos maiores craques do futebol mundial, os norte-americanos só falam dos jogos finais entre Cleveland e Warriors. E diferente do futebol, que prende a atenção de quase 100% dos latinos, o basquete atrai os “nativos” e também os latinos.

Em quase todos os bares e restaurantes há TVs e telões mostrando esporte o dia todo. Quando há transmissões simultâneas, a maioria absoluta não desgruda as vistas das que mostram o basquete.


Incapacidade testada e comprovada

Depois da eliminação, a apresentadora Diana Alvarado, do programa pós-jogo da Rede Univisión, disse que o técnico “Dinga” poderia perder o cargo na seleção.

Em função dos compromissos comerciais, o calendário mundial do futebol fica mais apertado a cada ano e toda seleção nacional tem dificuldades para se reunir e treinar o tempo necessário para as grandes competições. E a cada disputa, as seleções que se dão melhor são as que têm treinadores mais competentes ou as que têm maior quantidade de jogadores acima da média de qualidade.

Dunga foi uma invenção equivocada do então presidente da CBF Ricardo Teixeira, logo depois da Copa da Alemanha. Nunca tinha dirigido ou integrado a comissão técnica de qualquer clube antes e ganhou de presente este importante cargo. Conquistou a Copa América de 2007 e a Copa das Confederações em 2009 com um grupo de excelentes jogadores, contra adversários que não tinham elencos para encarar os brasileiros. Na Copa de 2010 veio o fim da linha, com a eliminação pela Holanda que na sequência foi a vice-campeã, perdendo para a Espanha na final.

Demitido, era de se esperar que Dunga desse continuidade à carreira de treinador, mas ele preferiu trabalhar como empresário no agenciamento de jogadores, depois de uma curta experiência como técnico do Internacional. Com o fracasso da seleção na Copa de 2014 e a dupla Marin/Del Nero dando as cartas, imaginava-se que um treinador ligado ao futebol paulista fosse chamado, mas os dois inventaram Gilmar Rinaldi como diretor de seleções da CBF. Ex-goleiro de vários clubes e da própria seleção, era um dos empresários agenciadores de atletas mais prósperos do futebol e aceitou mudar de atividade. Seu primeiro ato foi ressuscitar Dunga, amigo desde os tempos das categorias de base do Inter. O espanto foi geral. E Dunga voltou, na maior cara de pau, em versão mais “light” no relacionamento com a imprensa, mas a mesma incapacidade para o cargo.

Consequências
O Brasil já não produz tantos craques como antes e sem um treinador competente, os resultados tendem a ser como estes mesmos: eliminação nas quartas de final da Copa América de 2015 pelo Paraguai; ausência da Copa das Confederações na Rússia em 2017; dificuldades nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018 e terceiro lugar e eliminação na primeira fase da Copa América de 2016. Atrás de Equador e Peru, à frente do Haiti, o único adversário em quem a seleção brasileira conseguiu marcar gols. E o time do Dunga foi o único que tomou gol do Haiti. Tudo a ver! Risco sério de ficar fora da Copa na Rússia.

Descrédito
E tudo isso em um ambiente de absoluta suspeição já que o presidente antecessor e aliado de Marco Polo Del Nero está preso há mais de um ano nos Estados Unidos e o próprio atual chefe da CBF não pode pisar em aeroportos fora do Brasil sob o risco de ser preso também. Credibilidade nos bastidores nunca foi uma marca do futebol brasileiro, principalmente da CBF, porém, dentro de campo era diferente e os adversários sempre temiam a seleção.
Antes, na dúvida os árbitros apitavam a favor da seleção, agora nem numa disputa com o Peru isso ocorre mais. Estamos caindo na vala comum e figuras como as que comandam a CBF e a seleção só aumentam este buraco.


Tristes fatos que igualam o mundo

Cena comum nos Estados Unidos e rara para nós: idoso transita normalmente com seu andador, inclusive atravessando faixas para pedestres, sem ser incomodado e nem se sentir ameaçado pelos automóveis.

Domingo, pouco antes das seis da manhã em Los Angeles, quase 10 horas em Belo Horizonte, acordo para uma caminhada e antes confiro as mensagens no celular. De cara, leio esta, do Roberto Tibúrcio, agente FIFA, que mora em Contagem: “Galeras… ajudem a avisar quem mora aqui em Contagem-MG, quebradeira agora na João César de Oliveira, com dois “atleticanos” baleados na praça Paulo Pinheiro Chagas e um “cruzeirense” morto dentro de um supermercado. Evitem sair com camisas dos clubes, pra não serem confundidos e acabarem sofrendo algo destes marginais… evitem o Eldorado! Virou guerra!!!! Sou absolutamente contra torcidas organizadas!”

Ligo a TV e todos os canais mostram, ao vivo, cenas de Orlando, na Flórida, onde policiais e outras autoridades dão entrevistas sobre o atentado que matou mais de 50 pessoas numa boa lá, horas antes, por motivações que nada têm a ver com o futebol.

Abro a internet e leio que a UEFA ameaça punir Inglaterra e Rússia, caso seus torcedores não parem com as brigas, dentro e fora dos estádios. E imagens de muita violência e sangue entre eles.
Só resta questionar: que mundo é este em que estamos vivendo? No que se refere a nós, em Belo Horizonte e adjacências, sempre digo que a culpa é da impunidade, da falta da aplicação do rigor da legislação vigente. Além, óbvio, da falta de civilidade. Extinguir “organizadas” não resolveria o problema. Estes envolvidos não podem e não devem ser tratados como “torcedores”. São bandidos que usam as camisas dos dois maiores clubes do Estado como álibi para a prática de seus crimes.
No caso dos Estados Unidos a questão é religiosa e extrapola a razão e questões legais. Na França, certamente as autoridades policiais subavaliaram a ação dos “hoolighans” principalmente ingleses e russos, tidos como os mais violentos e perigosos do mundo.

Só festa
Felizmente, violência é o que não se viu ainda e possivelmente não veremos em razão do futebol e da Copa América. O público que comparece aos jogos ou participa das “fans-zone” está a fim é de se divertir, independentemente das partidas de futebol e até mesmo de quem está se enfrentando. A diversão é conjunta, de respeito recíproco, onde a disputa é para ver quem grita mais ou agita mais a própria bandeira. Por incrível que pareça o que menos se vê dentro e nos arredores dos estádios são policiais. Há muitos organizadores do trânsito e orientadores para encontrar o portão certo de entrada.

Respeito às leis
Este comportamento nos estádios aqui segue o cotidiano dos cidadãos cujos direitos individuais são respeitados e estão acima de qualquer coisa para eles. Para quem não está acostumado, como nós, impressiona e até emociona ver idosos poderem caminhar pelas ruas com os seus andadores, atravessando tranquilamente as faixas para pedestres, sem serem incomodados. Os motoristas param os carros e só se movem depois que o senhor ou a senhora completam a travessia. Porque a lei diz que tem que ser assim, e ai de quem não fizer diferente disso. Aí sim, a polícia aparece na hora, não se sabe de onde.


Não há como comparar

Monumento em homenagem ao fim da Segunda Guerra, na marina de San Diego, em frente ao porta aviões que foi transformado em museu. Foi nesta cidade que, na madrugada de sexta-feira, ocorreu um terremoto de 5,2 graus (que não é pouca coisa) aqui na Califórnia. Só fiquei sabendo através de amigos do Brasil que enviaram mensagens perguntando. San Diego fica a 195 Km de Los Angeles, onde eu estava e onde não ouvi nenhum comentário a respeito.

Na próxima terça-feira acaba a primeira fase da Copa América e na quinta, dia 16 ocorre o primeiro jogo das quartas de final. Os jogos de amanhã pelo grupo C (México x Venezuela, Uruguai x Jamaica) são para cumprir tabela, porque mexicanos e venezuelanos já estão classificados. Na terça o Chile deve passar por cima do Panamá e se juntar à Argentina, classificada por antecipação. Hoje tem Brasil x Peru, Equador x Haiti, com quase certeza da classificação de brasileiros e equatorianos. A Eurocopa começou sexta-feira com a vitória da anfitriã França sobre a Romênia. Ontem teve Suiça 1 x 0 Albânia, País de Gales 2 x 1 Eslováquia, e Inglaterra e Rússia entrariam em campo depois do envio desta coluna. Mesmo com a Copa América sendo realizada aqui, os jornais dos Estados Unidos dão mais destaque à competição europeia do que para a das américas. Pelo menos duas redes de televisão estão transmitindo todos os jogos da Euro, ao vivo. Tamanha atenção para a Copa América só no canal latino Univision, que não transmite todas as partidas.

Tentar comparar é covardia. Só no item público pagante a Copa América é páreo para a Eurocopa, pois os latinos que moram aqui garantem 39.462 por partida. Os “nativos” só falam em Warriors e Cavaliers que brigam pelo título do basquete.
Estrelas de primeira grandeza em campo, eles têm aos montes, nós, apenas Messi, já que Luis Soares nem chegou a entrar em campo pelo Uruguai e Neymar está fora porque a CBF optou em tê-lo na Olimpíada, cuja medalha de ouro no futebol o Brasil ainda não tem.
Quando se fala em dinheiro a covardia aumenta: enquanto a UEFA reparte R$ 1,15 bilhão às 24 seleções participantes da Euro, Conmebol e CONCACAF repartem R$ 72,7 milhões às 16 dos três continentes e Caribe. A campeã europeia receberá R$ 103,4 milhões, e a americana R$ 72,7 milhões.

Só ele mesmo
Em 30 minutos contra o Panamá Lionel Messi acabou com o marasmo e sonolência reinantes na Copa América até agora entre os torcedores. Até então, apenas México 3 x 1 Uruguai tinha provocado discussões e comentários acalorados nas rodas de imprensa e aficionados do futebol por aqui. Segundo os colegas jornalistas argentinos Messi não é de dar a menor bola para qualquer crítica que lhe façam, positiva ou negativa, mas neste jogo ele teria entrado em campo incomodado com o falastrão Maradona, que o havia chamado de “frouxo” num papo com o Pelé mais cedo. Aliás, as falas do Maradona atraem cada vez menos atenção.

Quando o álcool sobe
Nada de violência em nenhum jogo ou cidade sede até agora em função da Copa América. Na Eurocopa a polícia francesa está tendo muito trabalho para apartar hoolighans ingleses e russos que estão se espancando em Marselha. Aqui nos Estados Unidos o coro come solto é depois dos jogos decisivos do basquete, mas não em função de rivalidade entre os finalistas. As estatísticas oficiais mostram que o problema é o consumo excessivo de álcool, o que provoca violência entre brigões que torcem pelos mesmos times. E normalmente fora dos estádios. Virou tradição. Os sopapos que o cantor Justin Biber tomou no saguão de um hotel em Cleveland foi numa dessas situações.


Um mito de verdade e uma mentira de legado

Enquanto exibia os pronunciamentos dos familiares de Muhammad Ali, as redes de TV mostravam imagens das lutas e cenas da intimidade dele com os filhos.

Que me perdoem leitores interessados apenas em Copa América e seleção brasileira, mas hoje falarem de um assunto diferente e as senhoras e senhores hão de compreender. A sexta-feira dos Estados Unidos foi marcada pelo cortejo fúnebre e solenidades em homenagem a Muhammad Ali, em Lousiville, no Estado do Kentucky. Além da mídia impressa, todas as redes de TV transmitiram ao vivo, com direito a discurso do ex-presidente Bil Clinton. Não consegui sair de perto da televisão enquanto duraram as falas de tantas figuras, representantes das mais diversas raças e crenças religiosas, inclusive indígenas. Nunca vi momento fúnebre de personalidade pública tão marcante e emocionante. Toda homenagem que se fizer a Muhammad Ali mundo afora será justa. A partir do momento em que se uniu a Martin Luther King na luta contra a segregação racial e pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, a causa ganhou força em todo o planeta e ambos pagaram caro por isso. Luther King assassinado e Ali perseguido de todas as formas possíveis, inclusive perdendo a licença para lutar, no auge da carreira de maior boxeador que o mundo viu.

Essa luta pela cidadania, que começou no início dos anos 1960, resultou no fim do apartheid na África do Sul em 1994, depois de Nelson Mandela, líder da mesma causa na África, ter sido condenado à prisão perpétua e libertado depois de passar 28 anos na cadeia. O resultado prático disso nos Estados Unidos, hoje, é que os negros têm um poder e respeito onde não têm em nenhum outro lugar do mundo. No governo, no Congresso, nas forças armadas e nos meios de comunicação a presença de negros é fortíssima, quase que na mesma proporção de brancos, fato inimaginável quando Muhammad Ali (ainda Cassius Clay) abraçou a causa que tinha Martin Luther King como a liderança mais famosa.

Carne e osso
A única vez que o vi Muhammad Ali de perto foi na abertura da Olimpíada de Londres, em 2012, quando ele fez um grande esforço na luta contra o Parkinson para conseguir marcar presença. Havia informações de que o agravamento do problema o impediriam de ir. Mas ele chegou. Numa cadeira de rodas, pescoço pendente para o lado esquerdo, lá estava o mito, dando mais um exemplo para a humanidade. Gente, susceptível a problemas como qualquer pessoaa.
Nos jornais das redes TVs, apresentadores negros e brancos dividem as bancadas. Raramente em qualquer comercial de uma grande empresa os personagens são apenas brancos.

Legado perverso
O tal “legado” tão mentirosamente utilizado pelas autoridades que defendiam altos gastos e tantos estádios na Copa do Mundo em 2014 provocou saudade dos bons tempos do futebol brasileiro esta semana na Copa América. México 2 x 0 Jamaica teve público de 83.365 pagantes, o que não era raro no futebol mineiro e brasileiro antes de encolherem, encarecerem e burocratizarem os nossos estádios. Em nome de um “Padrão FIFA”, outra mentira, já que a entidade apenas recomendava, mas não obrigava mataram bastante o futebol brasileiro. A média público nesta competição tem sido de 39.462 pagantes, por partida.


Personalidade para reconhecer falhas

O intercâmbio comercial entre Brasil e Estados Unidos é fraco. Raramente se vê algum produto brasileiro nas gôndolas dos supermercados daqui. Este “pão de queijo” só tem o nome parecido com o nosso, mas é produzido aqui mesmo e de sabor ruim demais da conta.

O Alisson está sendo questionado pelas duas falhas que originaram gols de adversários da seleção nesta Copa América. O frangaço na estreia contra o Equador, anulado erradamente pelo árbitro chileno Julio Bascuñán, e a rebatida de bola que resultou no gol de honra do Haiti. Considero este goleiro um dos acertos do Dunga no comando da seleção brasileira. É o melhor que temos. Além do mais é um jogador sem nenhum lobista para defender os interesses dele na mídia. Falhou feio contra o Equador, mas deu um punhado de explicações, nenhuma convincente e todas desnecessárias. Sem falar que o erro foi minimizado pela mancada do apitador chileno. Contra o Haiti, para mim, não houve falha: chute cruzado, à queima roupa, muito forte. Faltou um companheiro para limpar a área no rebote. Mas o maior erro dele é muito mais grave, com consequências na sequência da carreira de qualquer jogador de futebol: a falta de personalidade para assumir erros, que sempre aconteceram e sempre acontecerão com qualquer humano, em qualquer atividade, futebol principalmente. Nem falo de humildade, porque este é um traço fundamental de quem tem personalidade.

A pior cena do futebol é quando um goleiro toma gol e sai esbravejando contra algum companheiro, como se estivesse transferindo a culpa. Os grandes goleiros do Brasil e do mundo entraram para a história por reconhecer suas falhas, corrigi-las e saberem se recolher à própria insignificância de qualquer mortal.
Muitos jogadores, goleiros principalmente, ganham a fama de “traíra” por causa dessa gesticulação ridícula e entrevistas infelizes ao não assumirem culpa de nada, como se fossem infalíveis. Ou aqueles que põem a culpa em Jesus, que não os teria “abençoado” naquele dia. Como se Jesus não quisesse também o bem do adversário.

Menos, gente!
A imprensa que cobre a seleção se dividiu na aprovação do Fred no Atlético, mas a maioria entende que o Galo fez uma grande aquisição. Alguns, de São Paulo principalmente, morrem de raiva de ver um clube sem o dinheiro dos paulistas, contratar jogadores desse porte técnico e financeiro, como se fosse uma “afronta à corte”. Ainda mais quem já tem Robinho no elenco.
Fred é profissional desses que dão retorno a quem investe nele, e empenha a alma para atingir o objetivo. Concordo com quem aprovou a aquisição do Galo, mas discordo desse oba-oba todo demonstrado por alguns colegas mineiros. Prefiro aguardar os resultados em campo, para bater palmas depois, ou não.

Money
Apesar da aparente segurança nas ruas os norte-americanos se viram contra a malandragem que, até há alguns anos, só incomodava aos países do “terceiro mundo”. Muitos estabelecimentos comerciais simplesmente não aceitam cédulas de 100 dólares, por medo da avalanche de notas falsas que foi derramada em várias regiões dos Estados Unidos. Nos locais onde não há máquinas identificadoras quem tem só de a de 100 que se vire para trocar por notas de outros valores.
Outra novidade interessante é quando se paga com cartão de débito: a máquina lhe oferece dinheiro, livre de taxas, para que você não precise recorrer a um caixa eletrônico.


Com grana ou nada feito

Palco da final da Copa de 1994, um dos principais estádios desta Copa América. Originalmente batizado como Estádio das Américas, o Rose Bowl, hoje, leva o nome da japonesa Honda, que paga caro para isso.

Apesar do desinteresse dos norte-americanos pela disputa, os moradores latinos dos Estados Unidos garantem o sucesso de público desta edição da Copa América. A média de pagantes por partida é de 40.603. Argentina e Chile levaram mais pessoas até agora. Foram 69.461 no estádio de Santa Clara. O menor público pertence a Panamá x Bolívia que teve 13.466 pagantes. Aliás, em termos de dinheiro a competição já começou com sucesso garantido. Como se sabe a intenção dessa Copa América “Centenário” foi uma ideia dos dirigentes das federações das Américas do Norte, Central e do Sul, que estão presos, para tentar lavar a grana da corrupção entre eles e patrocinadores, que estavam na mira do FBI. O plano só não deu certo porque a polícia e a justiça dos Estados Unidos agiram antes, quase um ano atrás. Com isso, iniciou-se um efeito cascata que derrubou não só a cúpula das bandas de cá como da UEFA e até da FIFA, com o fim da Era Joseph Blatter, que era cria do João Havelange. Estes conseguiram ficar livres da cadeia, pelo menos até agora.
Além do público presente nos estádios todas a cotas de patrocínio foram vendidas, assim como os direitos de transmissão para as rádios e TVs, a um custo altíssimo, o que afastou muitas emissoras tradicionais, presentes em todos os grandes eventos do futebol mundial. Ou a parcerias antes inimagináveis. A Globo Internacional, por exemplo, não está transmitindo. Muitos brasileiros que moram nos Estados Unidos se assustaram ao ver e ouvir o Galvão Bueno narrando Brasil x Equador, em português, pela Univisón, um canal em idioma espanhol. Parceria global para baratear custos e não ficar sem transmitir. Nem as emissoras de rádio, que sempre tiveram condições especiais nas negociações de direitos escaparam da fúria arrecadadora na turma do Tio Sam dessa vez.

Sem grana não entra
Além dos direitos de transmissão cada emissora tem que pagar U$ 1.500 por cabine de transmissão, em cada jogo. Segundo o presidente da Federação Boliviana de Futebol, Romero López, a Conmebol e a CONCACAF tentaram impedir essa cobrança até esgotar a última negociação, mas a exigência é dos estádios, todos com donos privados, nada de governo, sem paternalismo, como acontece no Brasil e na maioria dos países da América do Sul. Aqui, não pagou, nem entra no palco dos espetáculos. A Federação boliviana pagou para as quatro emissoras do país que estão cobrindo a horrorosa seleção deles.

Dinheiro à frente
Daqui acompanho as brigas do América, Minas Arena, governo do estado e Ministério Público por causa dos pagamentos devidos e não devidos na utilização do Independência e Mineirão. Nossa cartolagem e políticos deveriam dar uma chegada nos Estados Unidos e fazer um estágio com os donos e administradores de estádios aqui. Se não for rentável não tem como existir e tudo que envolve a praça esportiva tem que gerar receita. Do nome do estádio, passando pelo estacionamento, comidas, bebidas e até as informações de utilidade pública no serviço de som. O Rose Bowl é “Arena Honda”, em Santa Clara é Levi’s Stadium, em Orlando o Citrus Bowl virou Camping World e vida que segue.