Blog do Chico Maia

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A vergonha da falta de um metrô à altura de Belo Horizonte

Ótima reportagem do Ricardo Corrêa, companheiro de cobertura aqui na Argentina.

No portal do O Tempo:

 

“Metrô de Buenos Aires custa quatro vezes menos do que o BH e transporta sete vezes mais passageiros”

RICARDO CORRÊA

ENVIADO ESPECIAL

Buenos Aires, Argentina – O metrô da capital federal argentina não é nada moderno e está perdendo passageiros anualmente. Fica devendo muito em relação ao sistema das principais capitais mundiais e perde, inclusive, para o de São Paulo, que foi inaugurado 61 anos depois, como mostrou um levantamento feito pelo jornal argentino “La Nacion” durante esta semana. Mesmo assim, os números ainda são bastante expressivos se comparados ao metrô de Belo Horizonte.

Inaugurado em 1913, o sistema de trens subterrâneos de Buenos Aires foi o primeiro do hemisfério sul. Sua operação se deu apenas nove anos depois do metrô de Nova York e seis anos antes do de Madri, por exemplo, dois dos maiores do planeta.

METROO sistema de trens subterrâneos de Buenos Aires foi o primeiro do hemisfério sul/ Foto: Ricardo Corrêa

De lá para cá, no entanto, com as crises econômicas e a perda de investimento, o metrô de Buenos Aires começou a andar devagar. Hoje, são 52,4 km de linhas (5,91 km estão em construção), em seis trajetos e 77 estações. A título de comparação, Belo Horizonte tem 28,2 km em uma linha apenas e 19 estações.

As diferenças entre os sistemas de Buenos Aires e Belo Horizonte ficam maiores quando comparados os custos e o número de passageiros transportados. Na capital argentina, o custo de uma viagem é de US$ 0,30. Quase quatro vezes menos do que o preço na capital mineira, onde o custo é de US$ 1,15 (R$ 1,80) para o bilhete unitário. Com mais linhas, mais estações e um preço mais baixo, o metrô de Buenos Aires consegue transportar 1,2 milhão de passageiros por dia, enquanto, em Belo Horizonte, a média não chega a 160 mil, segundo a Companhia Brasileita de Trens Urbanos (CBTU). Considerando o tamanho da população na região metropolitana, aproximadamente 10%, dos 12,8 milhões habitantes, usam o metrô de Buenos Aires como meio de transporte. Na região metropolitana de BH o índice é de pouco mais de 3%.

Comparativo dos metrôs pelo mundo:

BELO HORIZONTE
Extensão: 28,2 km
Linhas: 1
Estações: 19
Valor da passagem: US$ 1,15
Passageiros transportados: 160 mil

BUENOS AIRES
Extensão: 52,4 km
Linhas: 6
Estações: 77
Valor da passagem: US$ 0,30
Passageiros transportados: 1,2 milhão
 
SÃO PAULO
Extensão: 66 km
Linhas: 3
Estações: 58
Valor da passagem: US$ 1,7
Passageiros transportados: 3,7 milhões
 
PARIS
Extensão: 214 km
Linhas: 16
Estações: 300
Valor da passagem: US$ 2,4
Passageiros transportados: 4,7 milhões
 
MADRI
Extensão: 293 km
Linhas: 13
Estações: 300
Valor da passagem: US$ 2,9
Passageiros transportados: 1,7 milhão
 
NOVA YORK
Extensão: 337 km
Linhas: 24
Estações: 468
Valor da passagem: US$ 2,25
Passageiros transportados: 4,3 milhões
 
LONDRES
Extensão: 402 km
Linhas: 11
Estações: 260
Valor da passagem: US$ 3
Passageiros transportados: 2,9 milhões

Fontes: CBTU e levantamento do La Nacion

http://www.otempo.com.br/esportes/ultimas/?IdNoticia=44759,ESP&utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter


Buenos Aires faz lembrar a nova BH que protesta e se manifesta

Na imprensa argentina uma vitória, seja como for, tem o mesmo efeito do que ocorre entre nós, da brasileira, de modo geral.

O Chile venceu, de virada, a duras penas ao México, cuja média de idade é 22 anos, e já é apontado como destaque da primeira rodada da Copa América.

Outro assunto em debate entre os colegas portenhos é se acabou ou não o “poder hipnótico”, ou a magia da seleção brasileira, por causa do empate sem gols com a Venezuela.

Não tenho dúvidas que o equilíbrio mundial do futebol é uma realidade, mas o Chile ainda não fez nada que mereça ser destacado e nem o Brasil está decadente.

 

O time do Mano Menezes vai passar por teste duro sábado, contra o Paraguai, que, entretanto, também começou empatando, 0 x 0, com o Equador.

Com apenas uma rodada é impossível fazer qualquer diagnóstico, ainda mais em um competição com essa, onde quase todas as seleções são verdadeiros ajuntamentos de atletas, que vão se entrosando durante a disputa.

O mesmo pode ser dito sobre a Argentina, que empatou com a Bolívia, e o Uruguai, que suou mais que todas para conseguir um empate com o Peru.

A Colômbia, que tenta recuperar o prestígio perdido desde a Copa da França em 1998, também venceu na estreia, à Costa Rica; tão jovem quanto aos mexicanos.

 

Numa passada pelo noticiário de Minas, vi que Belo Horizonte está cada vez mais parecida com Buenos Aires no que se refere a manifestações e greves ruidosas. Avenidas, Praças e BRs, fechadas ou com tráfego interrompido por estudantes, operários da construção civil, funcionários públicos municipais e estaduais de várias áreas, sem teto e ocupantes de terrenos sob ameaça de despejo. Isso tudo, apenas ontem.

 

Em manifestações, Buenos Aires é comparada a Paris, onde os protestos e paralizações também são constantes. Alguns se tornaram permanentes, como das “Mães da Praça de Mayo”, dos “Olvidados de las Malvinas”, onde mães de desaparecidos pela ditadura militar e veteranos da Guerra das Malvinas, tomaram conta da Praça de 25 de Maio, em frente à Casa Rosada, sede do governo federal. E não arredam pé, com barracas e alto falantes.

 

Há até movimentos considerados exagerados, que surgem e desaparecem da noite para o dia, como é o caso dos “Padres del Obelisco”, onde pais e avós reclamam de ações da Justiça que os impedem de ver filhos e netos. Começou sem grandes pretensões, mas está se tornando forte.

No futebol, os protestos são até violentos, como no rebaixamento do River Plate, mas durou só uma noite e agora está apenas nas rodas de conversa e na imprensa.

A vantagem dos argentinos é essa! São apaixonados por futebol, mas se enquadram na teoria do Nelson Rodrigues de que “o futebol é a coisa mais importante, das coisas menos importantes”. Tanto que os torcedores do Boca não comemoraram a queda do River, porque o futebol do país perdeu, e a economia também. Os quatro clássicos anuais entre eles, eram um dos itens mais vendidos nos pacotes turísticos portenhos.

Por falar em Boca Juniors, o Museu do clube, dentro do mítico estádio La Bombonera é uma visita obrigatória, para todas as idades. É um passeio pela história da humanidade, traçando paralelos entre a data de nascimento do clube e acontecimentos políticos e sociais na Argentina e no mundo. Em fotos, vídeos e registros da imprensa em vários formatos, em seis idiomas. Até quem não gosta de futebol sai emocionado.

 

Aqui como aí: obra parada do novo estádio do Estudiantes, dentro do “Bosque”, área verde, no centro de La Plata.

ESTUDIANDOISOs políticos permitiram, mas a população recorreu à Justiça para impedir a ocupação indevida de uma das principais áreas de lazer da cidade.

ESTUDIANQUATRO

Aqui, a obra vista pelo lado do Bosque.


Piadas hoje; poderão representar muita grana amanhã

Pouca gente se lembra do futebol do mexicano Jorge Campos. Nem quem era Jorge Campos!

Porém, se falarmos num goleiro que usava camisas coloridas, extravagantes, totalmente diferentes das usuais, dificilmente alguém não vai se lembrar.

Os ingleses são bons de marketing e certamente não relaxariam seu alardeado “conservadorismo” sem pesquisas e sem certeza que o sucesso virá´; obviamente depois de uma boa polêmica, que divulgue bem os produtos.

A notícia está no Globoesporte. com

* Novas camisas de goleiro viram motivo de piada na Inglaterra

Uniformes da seleção da Inglaterra e do Everton têm design inovador, mas não caíram no gosto popularNOVASCAMISAS

 Por GLOBOESPORTE.COM Londres  

A Seleção da Inglaterra e o Everton divulgaram imagens das novas camisas de goleiro e as cores chamativas foram ridicularizadas pelos tablóides ingleses. Torcedores também se manifestaram, desaprovando as novidades.

De acordo com o “Daily Mail”, o Everton sempre realiza campanhas medíocres no Campeonato Inglês. Todavia, pelo menos na próxima temporada, o goleiro americano Tim Howard não poderá ser culpado, por já estar sendo “punido” com a obrigação de vestir a camisa.

O jornal comparou a camisa da seleção com os extravagantes uniformes que o ex-goleiro mexicano Jorge Campos costumava usar. Campos era o responsável pela escolha dos desenhos e das cores. O site do diário também fez uma enquete entre os internautas e 72% garantem que não gastarão dinheiro com o uniforme do English Team.

http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-ingles/noticia/2011/07/novas-camisas-de-goleiro-viram-motivo-de-piada-na-inglaterra.html?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=globoesportecom


É preciso repensar a Copa América

A Copa América começou deixando a desejar dentro das quatro linhas, com poucos gols e futebol fraco. É importante lembrar que muitas seleções começam mal e terminam bem a disputa. Se acertam no decorrer dos jogos. Na Venezuela o Brasil começou perdendo para o México; fez jogos sofríveis com direito a vaias. Na final, goleou a Argentina, que fazia uma campanha impecável, e foi campeã.

 

Fora de campo também há reclamações contra a organização do torneio, que cabe à local, no caso, a Associação de Futebol da Argentina – AFA. Na verdade, a fórmula da competição é que precisa ser revista, para motivar mais aos torcedores.

Por enquanto, torcidas que deram as caras em grande número foram as do Uruguai e Chile. Além da proximidade territorial com a Argentina, os uruguaios estão motivados pela boa campanha na Copa da África.

 

A próxima está prevista para o Brasil, em 2015, um ano depois da Copa do Mundo. Imaginem se a seleção brasileira não for campeã mundial em 2014! Que torcedor vai se animar a pagar ingresso em qualquer jogo da Copa América?

Só se for toda realizada numa região do país que continue apaixonada por futebol e de poucos atrativos do mundo da bola, como em alguns estados do Nordeste, por exemplo.

 

A delegação do Peru foi roubada dentro do hotel em San Juan. Jogadores tiveram subtraídos dólares, relógios e material esportivo. No início da Copa do ano passado também houve casos semelhantes na primeira semana, por a polícia da África do Sul agiu rápido e com eficiência, prendendo, julgando e condenando os marginais com rigor, além de ter devolvido os pertences à maioria das vítimas.

Vamos ver como será com os argentinos.

 

A Argentina está superando bem a crise econômica pela qual passou, mas, muitos dos problemas de segurança permanecem. Acostumado a índices historicamente baixos de criminalidade, os argentinos relatam fatos que para eles são estranhos, porém, corriqueiros para nós. Um taxista estava indignado porque estão furtando “sete carros” por dia em Buenos Aires. E imaginar que a média na nossa Belo Horizonte é de 20 por dia.

 

Além de muito bem policiadas as cidades argentinas não passam sensação de insegurança. Em Buenos Aires com seus 12 milhões de habitantes, as próprias autoridades recomendam, atualmente, cuidados que não eram necessários até cinco anos atrás. Mas ainda se pode caminhar com tranquilidade pelas ruas, altas horas da noite. Claro, que, sem abusar, principalmente em regiões fora do circuito de circulação geral.

 

Com razão, o leitor Flávio Souza, a quem agradeço, escreveu: “Em sua coluna existe uma informação equivocada. O River passará um ano na segunda divisão, pois o acesso é apenas ao fim do clausura, no meio do ano que vem. E podem subir até quatro times: os dois primeiros sobem direto, o terceiro e o quarto disputam um mata-mata com dois times da primeira divisão (foi o caso do confronto entre o River e o Belgrano).

 

Também merece reparo uma informação publicada na coluna de ontem sobre as eleições deste ano na Argentina. Para prefeito, serão sim esta semana: domingo, dia 10. Para presidente e governadores é que serão em outubro.

O ex-presidente do Boca Juniors, Maurício Macri, é candidato à reeleição em Buenos Aires. Ele lidera, sem folga, as pequisas contra o senador Daniel Filmus, candidato da presidente Cristina Kirchner.

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Os argentinos respiram política: em frente ao Estádio Único, em La Plata, Mariano Mamine (direita), fatura um extra, com um bar nos dias de jogos e shows. Dá entrevista a Ricardo Corrêa, do O TEMPO, com imagem do eterno presidente e mito Juan Perón, ao fundo.

Há vários bares como este em torno do estádio, porém o do Mariano é o mais frequentado e animado. Resultado do “estágio” que ele fez no Brasil, em Arraial D’Ajuda-BA e no Rio de Janeiro. Cheio de ginga, bom de papo e marqueteiro. Atendimento à baiana e à carioca!

Tem um agência de automóveis e ganha uma grana com o bar temporão. Disse que os shows dão mais dinheiro. Faturou muito com o U2 e aguarda ansioso a vinda da Madona e Aerosmith.

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Dia de datas especiais e lamentos pelo início fraco da Copa América

A imprensa argentina destaca hoje que o grande Alfredo di Stéfano, ex-craque de futebol, presidente de honra do Real Madri e argentino de nascimento, faz 85 anos nesta data.

Também dá grande destaque aos 19 anos da morte do grande músico Astor Piazzola.

E pega pesado com o assassinato de cinco religiosos palotinos, no dia 4 de julho de 1975, pela ditadura militar, que ficou conhecido como o “Massacre de San Patrício”, transformado inclusive em filme, e premiado em vários festivais internacionais.

 

Sobre a Copa América, frustração com o início fraco até agora, com poucos gols, futebol sofrível e decepção nas estreias das seleções mais aguardadas e favoritas, Brasil e Argentina.

 

Expectativa positiva hoje para a estreias de Uruguai x Peru; Chile x México, às 19h15 e 21h45.


Na falta de futebol dos dois lados, uma polêmica boba!

Do portal Uol:

* Técnico que brigou com Neymar é polêmico e já ganhou do Brasil para ‘vingar’ filho

Carlos Padeiro
Em La Plata (Argentina)

O técnico César Farías foi o principal responsável por um desentendimento entre jogadores brasileiros e venezuelanos, na tarde do último domingo, durante o empate por 0 a 0 pela primeira rodada da Copa América. E não é a primeira vez que o treinador protagoniza uma cena inusitada diante da equipe pentacampeã mundial.

Em 2008, depois de a Venezuela ganhar do Brasil por 2 a 0 em um amistoso nos Estados Unidos, um feito histórico, Farías chorou e desabafou. Disse que tinha prometido o resultado ao filho, porque no ano anterior o garoto visitara o hotel da seleção, na Copa América de 2007, e teria ouvido um “não” em relação a pedidos de autógrafos. Ou seja, ganhar do time de Dunga foi uma espécie de revanche pessoal.

Já no último domingo, na estreia do torneio continental, Farías colou ao lado de Neymar, na saída para o intervalo, para questionar a postura do atacante de 19 anos de não ter jogado a bola para fora quando um atleta da Venezuela estava machucado. O lance prosseguiu e o camisa 11 quase abriu o placar.

Mano Menezes observou o fato e saiu correndo para defender seu atacante. Outros jogadores entraram na confusão e começou um empurra-empurra.

“Ele se sentiu no direito de dar uma dura no Neymar, e a gente vai aprendendo até nisso. Tive de fazer força para tirar o Neymar do bolo. A gente pode chamar a atenção do Neymar. O técnico da Venezuela, não”, observou Mano.

Farías chegou a falar em agressão, porém negou que tenha partido de Neymar. “Os que me agrediram vieram de trás, então não pude ver. Quem viu pode falar, eu estava de costas”, contou, após o empate sem gols.

“Eu só fui fazer uma reclamação. Não me parecia justo o Brasil tentar fazer um gol daquela maneira, quando um jogador nosso estava caído no chão. A seleção brasileira tem categoria para marcar de outra maneira. Existem códigos que devem ser seguidos”, justificou.

Neymar tratou com bom humor a atitude raivosa do técnico venezuelano, dizendo não ter traduzido as broncas. “Eu estava de costas. Aí ele veio falar um monte de coisa, mas não entendo o que ele fala. O Mano entende. Aí houve a discussão”, revelou o santista.

Dentro da imprensa venezuelana o trabalho de Farías é questionado. Jornalistas afirmam que o treinador de 38 anos está em guerra com a cidade de San Cristóbal, onde o futebol é mais popular. Não leva a seleção para jogar lá e não convocou nenhum atleta do Deportivo Táchira. Em compensação, chamou vários jogadores de um time menor, que é dirigido por seu irmão.

TECNICO

* http://esporte.uol.com.br/futebol/campeonatos/copa-america/2011/ultimas-noticias/2011/07/04/tecnico-que-brigou-com-neymar-tem-historico-de-polemicas-e-ja-bateu-o-brasil-para-vingar-filho.htm


A Venezuela não é mais aquela; e o Brasil também, não!

A já surrada frase “não existe mais time bobo no futebol” voltou a ser lembrada na estreia do Brasil na Copa América, contra a Venezuela. Há muito o time da terra do Hugo Chávez deixou de ser aquele grande saco de pancadas que entrava em campo pensando apenas em perder de pouco.

A Bolívia deu o mesmo trabalho à Argentina na abertura da competição. A globalização não ficou só na economia e o futebol hoje está totalmente inserido neste contexto. Os principais clubes europeus têm jogadores de todas as partes do mundo, inclusive de países sem tradição no futebol.

 

A Venezuela tinha em campo oito jogadores titulares que atuam na Bélgica, Alemanha, Espanha e Holanda. Quando falta inspiração aos craques, seleções top como Brasil e Argentina sempre vão passar aperto. A maioria do time boliviano também atua no exterior.

 

Novidade mesmo na estreia brasileira foi a “carona” dada pela CBF, no ônibus da seleção, ao presidente do Barcelona,

Sandro Rosell. Ex-diretor da Nike, patrocinadora da entidade, é amigo do cacique maior do futebol verde e amarelo, Ricardo Teixeira.

 

A torcida estava praticamente meio a meio no Estádio Único, com muitos venezuelanos presentes, e argentinos divididos, torcendo para a “Vino Tinto”, mas também para a “canarinho”.

 

Ciudad de La Plata é a terra da presidente argentina, Cristina Kirchner, que conheceu seu falecido marido, e ex-presidente, Nestor, aqui, na Faculdade de Direito.

Assim como em todo o país, a cidade respira política e o futebol é um prato e tanto para a campanha que está nas ruas.

As eleições serão em outubro, mas parece que já serão na próxima semana, tamanha a intensidade de propaganda e candidatos nas ruas.

 

O cachorro que deu a volta olímpica e invadiu o gramado no fim do primeiro tempo no Estádio Único, deve ter sido enviado pelos colegas dele como representante dos milhares que são vistos nas ruas das grandes e pequenas cidades da grande Buenos Aires.

Perto do Hotel Los Cardales, em Campana, a quantidade deles impressiona. São cães abandonados, porém, sempre nutridos e fortes, já que são bem tratados por donos de restaurantes e moradores.

 

Parei o carro, sábado às 15 horas, em Buenos Aires, para ouvir a Rádio 97,9 FM, quando uma senhora argentina, cujo nome ainda não descobri, recomendava Belo Horizonte como um ótimo destino turístico no Brasil, com destaque especial para o Centro de Arte Contemporânea Inhontim, em Brumadinho. Foram 20 minutos, num programa de variedades, e dicas de turismo locais e internacionais.

Sugeriu pelo menos, três dias a BH, para uma ida também a Ouro Preto.

 

Nas enormes filas de acesso ao Estádio Único, cabos eleitorais distribuíam “santinhos” de candidatos a prefeito, governador e presidente. Dentro do estádio, o nome do governador Daniel Scioli aparece em todos os lugares possíveis. Como no Brasil até nos anos 1980, aqui é permitido nome do titular do cargo nas obras públicas, paralelamente à campanha eleitoral. Na abertura da Copa América, sexta-feira, o principal opositor conseguiu estampar uma bandeira gigante com o seu nome sobre toda a arquibancada. 

A organização da Copa América continua pecando. O equipamento de som pifou e os hinos de Brasil e Venezuela não foram executados. Ao contrário de todas as competições internacionais desse porte, nos estádios e centros de imprensa não há detectores de metal, nem conferência de bagagens de torcedores ou jornalistas que entram.

Funcionários da AFA, do estádio e voluntários batem cabeça na hora de informar portões de entrada, estacionamento e situações básicas do gênero.

POLICIA

Centenas de policiais protegem a área externa dos estádios da Copa América, mas a segurança falha no acesso do público, imprensa e autoridades, já que não há detectores de metal, nem revista nos portões de entrada.


Um cartolão que põe qualquer similar brasileiro no bolso; inclusive o Teixeira

O jornalista Ariel Palácios é corresponde da Globo News e do Estadão em Buenos Aires.

Muito bom de serviço.

Escreveu, em 2009, um relatório sobre o presidente da Associação de Futebol da Argentina, a poderosa AFA, equivalente à CBF.

Perto dele, que está há 32 anos no poder, Ricardo Teixeira, que está há 22, é filhote.

Confira a ótima reportagem do Palácios:

 * Grondona, o homem que sobreviveu a quatro ditadores, nove presidentes e um papa 

de Ariel Palacios 

Don Julio, presidente da AFA, tem no dedo mindinho um anel com dizeres ‘Tudo passa’. Seus críticos rebatem: ‘tudo passa, menos ele’. Grondona, enquanto assiste um jogo entre as seleções da Argentina e da França (fotografia da Presidência da República)DOMJULIO

Julio Grondona, ou, simplesmente “Don Julio”, está há 30 anos no comando da Associação de Futebol da Argentina (AFA). Nesse período, o poderoso Grondona, que – segundo os analistas esportivos – domina a organização sem oposições e questionamentos, sobreviveu com apenas uma Copa do Mundo conquistada (México 1986), oito greves de jogadores, três paralisações de árbitros, mais de 40 casos de doping dos jogadores da seleção, além de acusações de corrupção e de vínculos controvertidos com o poder e empresários amigos que possuem negócios comerciais com a AFA. Apesar dos problemas, Grondona relativiza os contratempos e pronuncia sua frase preferida: “tudo passa”.

Essas duas palavras estão gravadas em letra de forma em um enorme anel de ouro que ostenta no rechonchudo dedo mindinho da mão esquerda. Seus críticos – que o definem como um “autocrata”, comentam: “sim, ‘tudo passa’…menos Grondona, que continua ali”.

Desde seu escritório na rua Viamonte, Grondona viu o poder político passar, enquanto ele permanecia incólume. De 1979 para cá a AFA teve um único presidente. Mas, a República Argentina já está no décimo-terceiro presidente desde aquela época (os generais e ditadores Jorge Rafael Videla, Roberto Viola, Leopoldo Fortunato Galtieri e Reynaldo Bignone, os presidentes civis constitucionais Raúl Alfonsín, Carlos Menem, Fernando De la Rúa, Ramón Puerta, Adolfo Rodríguez Saá, Eduardo Camaño, Eduardo Duhalde, Néstor Kirchner e a atual Cristina Kirchner).PAPA

Pouco tempo antes do papa João Paulo II morrer, Grondona ufanou-se: “estou há quase tanto tempo na AFA como o papa no Vaticano”. Ele também poderia alardear que está há mais tempo no posto do que o espanhol Ángel María Villar, da Real Federação (21 anos) ou Ricardo Teixeira da CBF (20 anos).

VIDELAVidela, que deu a bênção à posse de Grondona

Grondona foi eleito em 1979 com apoio do almirante Alberto Lacoste, encarregado da Ditadura de organizar a Copa de 1978. E a bênção do ditador general Jorge Rafael Videla. Na ocasião, era visto como uma opção transitória, já que o candidato preferido dos clubes, Ignacio Ercoli, declinou o convite com o argumento (no qual ninguém acreditou) de que não estava disposto a ir a Buenos Aires todos os dias desde a cidade de La Plata (informações extra-oficiais indicam que havia ficado assustado com a truculência de Lacoste), a 57 kms de distância.

Mas, nos seguintes 30 anos, o “provisório” Grondona foi reeleito sete vezes. Somente uma vez enfrentou um opositor, o ex-técnico Teodoro Nitti, em 1991. Nitti conseguiu um único voto. Grondona teve 40. A última reeleição foi no ano passado. O atual mandato conclui em 2012. Não existem especulações sobre um eventual sucessor de Grondona que não seja o próprio Grondona.

Um de seus críticos, Raúl Gómez, ex-presidente do time Vélez Sársfield, afirma que nas assembleias da AFA ninguém ousa perguntar coisa alguma a Grondona. “Quem faz uma pergunta é calado com os assobios dos amigos do Grondona”. Segundo ele “Grondona diz que empresta dinheiro aos times. Mas é dinheiro dos times! Ninguém denuncia coisa alguma porque existe medo. Não é um medo pessoal. Mas sim, medo que Grondona prejudique o time ao qual pertence”.

CRISES E SOBREVIVÊNCIA – Desde que Grondona está no comando, a AFA teve sete técnicos da seleção (César Luis Menotti, Carlos Salvador Bilardo, Alfio Basile, Daniel Passarella, Marcelo Bielsa, José Pekerman, novamente Alfio Basile, e o atual Diego Maradona.
Nestas três décadas Grondona também sobreviveu às quatro graves crises econômicas (sem contar a atual) que assolaram a Argentina e os clubes. Também passou incólume pela polêmica gerada pela violência nos estádios (do total de 234 mortes de torcedores, 135 ocorreram durante sua administração)

Os críticos de Grondona afirmam que ele montou uma estrutura que permitiu a consolidação de “uma AFA rica e clubes pobres”. Os times pequenos, de menor influência política e econômica são os mais afetados. Em 1982 instalou um sistema de queda para divisões inferiores que beneficiou os grandes times, já que é praticamente impossível cair de categoria. Somente um deles, o Racing Club, caiu para a segunda divisão, entre 1983 e 1985.

Fontes do setor esportivo que consultei em Buenos Aires indicaram que nenhum governo ousa pressionar pela remoção de Grondona do posto. “Nos últimos anos sempre existiu uma ameaça velada, lá de Zurique (cidade onde está a sede da FIFA), de que se Grondona for removido, a Argentina poderia ficar fora da seguinte Copa”, explicaram as fontes.

O presidente da AFA também possui influências mais além das fronteiras argentinas. Grondona – que não fala outro idioma além do castelhano – preside a Comissão de Finanças da FIFA. Além disso, me disse o analista esportivo Ezequiel Fernández Moores, autor de livros sobre negociatas no futebol argentino, “Grondona foi elemento crucial na reeleição de Joseph Blatter, presidente da FIFA, em 2002”.

Segundo Fernández Moores, Grondona conta com uma vantagem comparativa sobre outros cartolas: “ele foi jogador de futebol, presidente de um time pequeno, depois de outro time grande, e finalmente da AFA. Conhece de perto o funcionamento desse mundo. Muitos cartolas, como o próprio Blatter, nunca tiveram essa experiência. Além disso, segue muito bem a frase do ex-primeiro ministro italiano Giulio Andreotti, que dizia que ‘o poder só desgasta aquele que não o tem’. E Grondona sabe usar muito bem o poder…”.

‘Don Julio’ ufana-se de estar no comando da AFA por um tempo superior àquele que Karol Józef Wojtyła esteve no trono de São Pedro como Joannes Paulus II

FRASES DE GRONDONA

– “Tudo passa” (bordão de Grondona, que até está gravado em seu anel)

– “Estou no comando da AFA o mesmo tempo (de duração) que o Papa está governando o mundo”

– “Fui escolhido pelos clubes, não pelo almirante Alberto Lacoste” (quando defende-se das acusações de que um dos homens mais poderosos da Ditadura teria ordenado sua designação, em 1979).

– “A AFA é minha vida e não a troco por nada!”

– “Dizem que há muito tempo estou na AFA…é verdade…mas, quanto tempo faz que estão (em seus cargos) os empresários que comandam as grandes empresas do país? E há quanto tempo estão os sindicalistas? Então, qual é o problema?”

– “O mundo do futebol é difícil, de muito trabalho…e os judeus não gostam das coisas difíceis” (afirmação que fez quando comentava o motivo pelo qual – segundo ele – não existiam árbitros judeus na Primeira Divisão local).

– “Eu também tenho amigos judeus!” (argumento de Grondona, quando teve que colocar panos quentes e retratar-se diante da polêmica que gerou com sua frase de que “os judeus não gostam de coisas difíceis”)

– “Quando é que vou me aposentar? Nunca, pois aquele que se aposenta, morre”

GRONDONA, AS TIME GOES BY

Tal como na letra da emblemática música do filme ‘Casablanca’, a “As time goes by” (Assim passa o tempo), aqui vai a cronologia de Grondona. O ‘time goes by’, mas Grondona permanece…

1931 – Julio Humberto Grondona nasce na cidade de Avellaneda, Grande Buenos Aires. Na juventude foi jogador de futebol, embora sem destaque.

1957 – Grondona e seu irmão Héctor fundam o clube Arsenal, na cidade de Sarandí, na província de Buenos Aires

1976 a 1979 – Presidente do clube Independiente

1979 – É designado presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA)

1982 – Argentina fica em décimo primeiro posto na classificação da Copa da Espanha

1983 – Ditadura termina. Grondona ressalta que é filiado à UCR desde 1963, partido que vence as primeiras eleições livres. É reeleito para o cargo de presidente da AFA

1986 – Argentina vence a Copa do México

1987 – É reeleito para o cargo de presidente da AFA

1988 – Torna-se um dos vice-presidentes da FIFA

1990 – Argentina, vice-campeã na Copa da Itália

1991 – É reeleito para o cargo de presidente da AFA. Pela primeira vez, aparece um candidato opositor, que só consegue um voto.

1994 – Argentina fica em décimo primeiro lugar na Copa dos EUA

1995 – Grondona afirma que votou na reeleição do presidente da República, Carlos Menem. É reeleito para o cargo de presidente da AFA

1998 – Argentina fica em sexto posto na Copa da França

1999 – É reeleito para o cargo de presidente da AFA

2000 – Deputados denunciam Grondona por administração fraudulenta. Dois anos depois, processo é encerrado, Grondona fica livre de culpas.

2002 – Argentina fica em décimo oitavo posto na Copa de Coréia-Japão.

2003 – Grondona desmente rumores de renúncia e diz: “A AFA é minha vida”. É reeleito para o cargo de presidente da AFA

2006 – Argentina fica em sexto lugar na Copa da Alemanha

2008 – É reeleito para o cargo de presidente da AFA

2009 – Completa 30 anos no poder.

* PERFIL: Ariel Palacios fez o Master de Jornalismo do jornal El País (Madri) em 1993. Desde 1995 é o correspondente de O Estado de S.Paulo em Buenos Aires. Além da Argentina, também cobre o Uruguai, Paraguai e Chile. Ele foi correspondente da rádio CBN (1996-1997) e da rádio Eldorado (1997-2005). Ariel também é correspondente do canal de notícias Globo News desde 1996.

Em 2009 “Os Hermanos recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).


Zezé Perrella nem chegou a Brasília, mas os holofotes já estão ligados

Zezé Perrella ganhou um mandato de senador, mas também as consequências que isso traz.

De cara, o cerco da imprensa nacional.

Diferentemente do futebol, onde ele reina, na política todos os gatos são pardos e os resultados dos jogos nos gramados não têm a menor influência no humor ou interesses desse mundo de gabinetes, ternos e gravatas do Congresso.

A mídia que cobre Brasília é incontrolável, para o bem da democracia brasileira, diga-se!

O jogo lá é mais bruto!

Quando saiu a notícia que o Itamar estava de leucemia o primeiro veículo de comunicação a voltar suas baterias para o seu possível sucessor foi o Hoje em Dia.

No dia seguinte, um amigo comum, meu e do Zezé, ligou-me para reclamar da reportagem.

Eu disse a ele que a raia seria diferente a partir do momento em que o comandante do Cruzeiro se tornasse senador, pois toda a mídia nacional passaria a esmiuçar a vida dele.

Com lupa!

Em termos nacionais, o O Globo dá o chute inicial.

Saiu agora há pouco na internet e amanhã deverá estar no jornal impresso, nas bancas do país.

* Zezé Perrela

Um suplente polêmico para a vaga de Itamar

ZZPFábio Fabrini (fabio.fabrini@bsb.oglobo.com.br)

BRASÍLIA – Deverá provocar barulho a chegada ao Senado do suplente do ex-presidente Itamar Franco, Zezé Perrella (PDT-MG). Com a morte do senador mineiro, o presidente do Cruzeiro herda um mandato quase inteiro no Senado e, de quebra, ganha refresco em investigações por enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Na condição de parlamentar, terá foro privilegiado, o que significa que as investigações agora dependem de autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).

LEIA MAIS:Com Zezé Perrella no Senado, oposição perde uma cadeira

Um colecionador de títulos na Raposa, pelo Cruzeiro, Perrella se notabilizou pelas complicações com o Ministério Público e a Polícia Federal. Há pouco mais de um mês, a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Minas abriu investigação para apurar como o cartola, que exerceu mandato de deputado estadual entre 2007 e 2011, adquiriu a Fazenda Guará, em Morada Nova de Minas, produtora de grãos e gado. A propriedade valeria mais de R$ 50 milhões, apesar de Perrella ter declarado à Justiça Eleitoral, no ano passado, patrimônio de R$ 490 mil, numa denúncia feita inicialmente pelo jornal “Hoje em Dia”.

A Guará está em nome da Limeira Agropecuária e Participações Ltda., empresa em nome dos filhos de Perrella, Carolina Perrella Amaral, e o deputado estadual mineiro Gustavo Henrique Perrella, eleito no ano passado, graças ao apoio do pai. O cartola alega que “doou” seus bens aos filhos. A Polícia Federal apura indícios de lavagem de dinheiro na aquisição da fazenda e pesados investimentos feitos na propriedade, posteriormente.

No ano passado, a PF já havia indiciado o futuro senador Zezé Perrella por lavagem de dinheiro e evasão de divisas na venda do jogador Luisão, em 2003. O inquérito foi remetido ao Ministério Público Federal. O zagueiro foi negociado por US$ 2,5 milhões com o empresário Juan Figger, que teria usado o Central Espanhol Futebol Clube, time uruguaio de pouca expressão, como “laranja” na operação. Em seguida, o jogador foi vendido por US$ 1 milhão a menos ao Benfica. Segundo a PF, o esquema teria sido usado para ocultar dinheiro não declarado ao Fisco. Perrella nega as acusações.

BRASÍLIA – Natural de São Gonçalo do Pará, antes de entrar para o mundo da bola e da política Perrella ganhou dinheiro como empresário do setor frigorífico. Em 1995, como conselheiro do Cruzeiro, conseguiu apoio do desgastado presidente do clube, César Masci, e se elegeu para sucedê-lo. Nunca mais perdeu o controle do time. Ficou por três mandatos, até 2002, fazendo o irmão, Alvimar Perrella, de sucessor.

Graças ao prestígio com parte da torcida, Perrela conseguiu se eleger como o segundo deputado federal mais votado em Minas em 1998, pelo extinto PFL. Ao fim do mandato, em 2002, tentou o Senado, mas ficou em quarto lugar, com 2,94 milhões de votos. Quatro anos depois, elegeu-se para a Assembleia de Minas, onde se destacou como um dos deputados mais faltosos.

Em 2008, Perrella se elegeu mais uma vez presidente do Cruzeiro. As atividades de cartola e de político sempre se misturaram. Depois que o jornal “Hoje em Dia”, de Belo Horizonte, publicou notícias sobre a fazenda Guará, nos últimos meses, entrevistas exclusivas foram vetadas no Cruzeiro, o que gerou polêmica.

Afilhado político do ex-governador e senador Aécio Neves (PSDB-MG), Perrella chegou à primeira suplência de Itamar graças ao tucano. A vaga era uma das estratégias para segurar o PDT na chapa de Antônio Anastasia (PSDB) para o governo de Minas. Nos bastidores, Itamar resistiu à indicação do suplente – no plano nacional, o partido apoia o governo petista. Mas Itamar foi contrariado.

– Ele queria alguém do PPS, pois o Perrella é Dilma – conta um aliado do ex-presidente.

Com a morte de Itamar, a oposição perde uma cadeira para a situação, como ocorreu com a posse de Clésio Andrade (PR-MG) para suceder a Eliseu Resende (DEM-MG), morto em janeiro. Aécio é agora o único senador diretamente eleito pelos mineiros.

Perrella recebeu a notícia da morte de Itamar no Rio e deve participar do velório do ex-presidente, amanhã, em Juiz de Fora. Ontem, sua assessoria informou que ele não daria entrevistas. Em nota à imprensa, o cartola exalta o ex-presidente e promete dar o seu melhor no exercício do novo mandato.

“Os compromissos do ex-presidente para com Minas e o Brasil são conhecidos por várias gerações de mineiros, e deles todos nós nos orgulhamos. Tive a honra de ter sido indicado pelo meu partido, o PDT, como suplente do senador Itamar nas últimas eleições. Lamentando profundamente as circunstâncias, manifesto a todos os mineiros o meu compromisso de dar o melhor para garantir a continuidade do trabalho do senador Itamar em defesa dos interesses de Minas”, escreveu.

* http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/07/02/um-suplente-polemico-para-vaga-de-itamar-924822341.asp#ixzz1R0OgfoNz


Dois de Julho: viva aos baianos e a todos nós, que não sabemos quase nada da nossa história

Uma virtude especial dos argentinos é a valorização ao passado, tanto para lembrar quem merece reverências quanto para aqueles que precisam pagar pelos crimes.

Constantemente um general, almirante, brigadeiro e outros golpistas menores que cometeram crimes contra a população no período da ditadura vai pra cadeia.

Não importa a idade ou se está doente ou não! Tem que arcar com as consequências de seus atos.

A demagogia política tem limites e é controlada com rigor pela população, que lê muito e fica atenta a qualquer atrevimento de um detentor de algum poder que possa interferir no dia a dia da comunidade.

Juan Domingo Perón, Evita, Carlos Gardel, José Luiz Borges, Diego Maradona, são referenciados e respeitados o tempo todo pelo que fizeram pelo país.

Porém, Perón, o maior de todos os mitos deles, até hoje, é nome de uma rua secundária, perto do hotel onde estou.

Fosse no Brasil, já teriam dado o nome dele a uma rodovia, aeroporto, ou trocado o nome de Avenidas como Amazonas em BH. Brasil, no Rio ou Paulista em São Paulo.

Trocam nomes de lugares tradicionais ou dão nomes a logradouros importantes a qualquer político que tenha deixado amigos bem posicionados nos núcleos do poder.

Lembrei-me de escrever sobre isso porque fiquei impressionado de ver o nome do Perón numa rua de destaque menor aqui, enquanto os políticos da Bahia tiveram o atrevimento de trocar o nome do Aeroporto 2 de Julho, em Salvador, por Eduardo Magalhães, um político menor da vida brasileira, filho de um dos piores exemplos de tudo que há de mais ruim na vida pública do nosso país, que foi o Antônio Carlos Magalhães.

Isso para lembrar que hoje é uma das datas históricas que todos nós deveríamos lembrar, bater palmas e reverenciar a tantos baianos que morreram pela Independência do Brasil.

O 2 de Julho nos orgulha, como o 9 de Julho orgulha a todo argentino, e é nome da Avenida mais importante de Buenos Aires.

Já li sobre a nossa data no recente e excelente livro do Laurentino Gomes, “1822”,

Ele lembrou a data numa homenagem em seu blog, que transcrevo na íntegra aqui agora.

E viva aos baianos e a todos nós, que não sabemos quase nada da nossa história, e por consequência não a valorizamos:

DOISDEJULHO

 * “A Independência que o Brasil esqueceu 

Passa incólume pelo calendário cívico nacional neste sábado uma data injustiçada. É o Dois de Julho, dia da expulsão das tropas portuguesas de Salvador em 1823. Nenhuma outra região lutou, sofreu e derramou tanto sangue em defesa da Independência do Brasil quanto a Bahia. Sem a resistência obstinada dos baianos, provavelmente a Guerra da Independência estaria perdida. Foram dezessete meses de combates, nos quais milhares de pessoas pegaram em armas na defesa dos interesses brasileiros contra Portugal.

A expulsão das tropas portuguesas de Salvador no dia Dois de Julho de 1823 marca a consolidação definitiva da luta pela Independência. Na capital baiana tombou a mais conhecida heroína dessa guerra, a madre Joana Angélica, ferida a golpes de baioneta na invasão do convento da Lapa em fevereiro de 1822. Apesar disso, a data é desconhecida pela imensa maioria dos brasileiros que vivem fora da Bahia. Raramente aparece nos livros didáticos e não consta do calendário cívico nacional. É uma injustiça que precisa ser corrigida.

Em 1822, Salvador era um ponto estratégico crucial para tornar viável o nascente império brasileiro. Capital da terceira província mais populosa do país, tinha uma importante indústria naval e exportava grandes quantidades de mercadorias, como algodão, açucar e tabaco. Era também grande pólo do tráfico negreiro, então o principal negócio do Brasil. Após o Dia do Fico (9 de Janeiro de 1822) e a expulsão das tropas portuguesas do Rio de Janeiro, as cortes de Lisboa decidiram concentrar suas forças na Bahia tentando isolar o príncipe regente e futuro imperador Pedro I. Acreditavam que, encastelados em Salvador, os portugueses poderiam mais tarde atacar o Rio de Janeiro e retomar o controle das províncias do sul do país. Em último caso, se a contra-ofensiva não funcionasse, poderiam dividir o território brasileiro mantendo as regiões Norte e Nordeste sob controle português. Por isso, a guerra na Bahia foi tão renhida e decisiva.

1822

O Recôncavo baiano foi um capítulo heróico e de decisivo da Guerra da Independência. Funcionou como o embrião do esforço pela preservação da integridade territorial brasileira, seriamente ameaçada pelos portugueses. Após a ocupação de Salvador pelas forças do general Madeira de Melo, em fevereiro de 1822, o restante da Bahia aderiu em peso à Independência do Brasil formando um cinturão de isolamento aos portugueses encastelados na capital. As vilas e fazendas do Recôncavo se transformaram em imensos campos de refugiados brasileiros. A primeira vila da região a se pronunciar foi Santo Amaro da Purificação, no dia 14 de junho de 1822. Alguns dias mais tarde, em 25 de Junho, foi a vez da vizinha Vila de Cachoeira, onde se travou a mais singela e, talvez, a mais heróica de todas as batalhas navais da Independência, contra uma canhoneira portuguesa que havia disparado sobre os moradores da cidade.

No Recôncavo, sob o comando do general francês Pierre Labatut, concentraram-se as forças do até então indisciplinado e desorganizado exército brasileiro. Os soldados estavam descalços, famintos e com os soldos atrasados. Muitos morriam de tifo e impaludismo, febres endêmicas no Recôncavo. Faltavam médicos, enfermeiros, remédios e hospitais. As armas eram fabricadas de forma improvisada pelos próprios oficiais e soldados. Apesar disso, lutando contra tudo e contra todos, os baianos conseguiram vencer as adversidades e iniciar a ofensiva contra os portugueses.

A Bahia decidiu o futuro do Brasil na sua forma atual. Por essa razão, sou a favor de elevar o Dois de Julho à condição de data nacional, como também acredito que os políticos baianos deveriam, com urgência, desfazer o grande equívoco que foi a troca do nome do aeroporto de Salvador. Agora, chama-se Luís Eduardo Magalhães, em homenagem ao político baiano falecido em 1998. É uma prova de que o coronel da atualidade será sempre mais lembrado do que todas as lutas gloriosas do passado. Deveria voltar a se chamar Dois de Julho porque essa é uma data fundamental para a Independência do Brasil, tão ou até mais importante que o 7 de Setembro. Ela é a prova de que a Independência do Brasil não se resume ao Grito do Ipiranga.

http://www.laurentinogomes.com.br/blog/?p=117#

 

DOISDEJULHO2