Blog do Chico Maia

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É preciso saber tirar proveito da pressão na Arena

Apesar do resultado ruim, foi muito bom ir à Arena do Jacaré ver América x Náutico, sábado. Há muito tempo eu não assistia um jogo onde a torcida consegue exercer real pressão sobre jogadores e treinadores devido à proximidade entre as partes. O gigantismo dos estádios brasileiros os tornaram neutros e o mando de campo deixou de ser um fator decisivo na maioria deles. O Mineirão, por exemplo, é um paraíso para adversários dos nossos clubes, que já perderam grandes decisões em casa.

A Arena em Sete Lagoas deixa o público bem perto dos principais atores do espetáculo e a pressão é absoluta, que pode funcionar a favor ou contra, dependendo da capacidade de absorção de cada um. Logo depois de levar o primeiro gol do Náutico, um torcedor do América gritou com o Mauro Fernandes: “ê treinador, este time está muito defensivo e desse jeito vai levar mais gols”. O técnico não só ouviu, como olhou para o cidadão, que repetiu a frase, olho no olho. Este era um dos 1.216 pagantes, que tentaram empurrar o América, que depois de levar 2 x 0, em duas falhas do goleiro Flávio, foi para cima do Náutico e se não tivesse perdido tantas oportunidades, teria virado o jogo. O Coelho perdeu para um concorrente direto ao acesso, que apesar de estar no topo, tem um time bem fraco.

 A pressão da torcida americana foi positiva, mas a pontaria do time não ajudou. Mas é importante ressaltar que, se pouco mais de mil pessoas exerceram pressão tão forte, imaginem 21 mil, a capacidade da Arena! Os nossos clubes precisam saber tirar proveito deste “caldeirão”, cujo gramado está sendo elogiado por quase todos os jogadores ouvidos a respeito.

 Na quinta feira, primeiro jogo oficial na Arena pelo Campeonato Brasileiro, eu ainda estava na África do Sul e fiquei curioso para saber porque menos de 4 mil torcedores foram ver a vitória do Atlético sobre o xará goianiense. Simples: na zona do rebaixamento, com tantas decepções antes da paralização e com o ingresso a R$ 40 é demais para qualquer torcedor.

Nestes primeiros jogos, as maiores reclamações contra a Arena do Jacaré são da imprensa, acostumada com muito espaço e facilidades oferecidas pelo Mineirão. Jogadores e treinadores estão satisfeitos. Torcedores reclamam do pequeno número de banheiros e bares.

A Ademg informa que possivelmente depois de mais quatro jogos os problemas serão minimizados.


Gols perdidos, futebol fraco e exageros no ótimo sábado

De volta à luta do dia a dia e revendo tudo e todos.

A melhor na volta de toda viagem internacional é poder jogar fora a papelada do seguro Assist-Card, sem precisar tê-lo usado nenhuma vez sequer; É o dinheiro mais bem investido que qualquer um pode fazer na vida!

Apesar de tantos aniversários e a abertura do Sabor de Bar, o concurso gastronômico de bares de Sete Lagoas, fui convencido por amigos americanos, como o Marquinhos Sarney, Marcio Amorim e Leo Plotter, a ir ver o América contra o Naútico, na Arena do Jacaré.

Jogo fraco, e o América ainda perdeu, com falhas do goleiro Flávio, da zaga e gols perdidos pelo atacante americano.

Lamentável! Era para brigar pela liderança!

Mas valeu, poder reencontrar com velhos amigos e ver que a Arena do Jacaré está ficando ótima.

O América faz bem em estipular o igresso em R$ 20.00.

Cobrar R$ 40,00 é loucura, ainda mais quando torcedores têm de se deslocar de Belo Horizonte e gastar mais ainda.

Ouvi companheiros de rádio reclamando da estrutura da Arena. Reclamam dos poucos e pequenos espaços para a imprensa trabalhar. Estão certos, mas muito impacientes: primeiro porque as obras ainda estão em curso, segundo porque todo mundo envolvido com futebol mineiro está sendo obrigado a dar a sua cota de sacrifício.

É importante lembrar que os atores principais, que são os jogadores, treinadores e maioria das torcidas, estão satisfeitos. Têm um bom  gramado e boas acomodações na Arena do Jacaré.

Uma única reclamação de torcedores me foi trazida hoje, depois do vexame do América na derrota de 2 x 1: as cadeiras da arquibancada estavam sujas, num poeirão danado e não havia a quem recorrer.

Depois do jogo, “chás com torradas”, da melhor qualidade, a escolher. Optei só por três.

Um deles, o Sabor de Bar, cuja abertura foi no Rei do Caldo, na Praça do Carmos, aqui em nossa Sete Lagoas.


Voltando no mesmo voo que o salvador do Plantini

No embarque para São Paulo acabo de pegar mais detalhes sobre os primeiros socorros ao Michel Platini, com o próprio protagonista do socorro ao ex-craque francês, Cláudio Carneiro, que coincidentemente está no mesmo voo, junto com a filha Ana Cecília, futura jornalista, cursando o 4º período na Fumec.

Também neste voo, Eraldo Leite, companheiro das antigas, da Rádio Globo do Rio.

Não vai dar tempo agora de escrever muita coisa, mas quando desembarcar em São Paulo, daqui a 8h30, volto aqui, se der tempo.


Maputo, Johanesburgo, São Paulo e Belo Horizonte

 Retornei de Moçambique para Johanesburgo e passei o dia na correria ajeitando as coisas para o retorno ao Brasil.

Neste momento, quase 21h30 aqui, tento arrumar as malas para me mandar bem cedo amanhã para o aeroporto. Sempre deixo muita coisa para última hora.

Moçambique é uma volta no tempo. Nas rádios, TVs e jornais, ensinamentos à população que eram feitos no Brasil nos anos 1960. Como escovar corretamente os dentes, lavar as mãos após uso do sanitário e coisas tais, além de uma enorme campanha de prevenção ao vírus da Aids, chamado por eles de Sida.

A TV Record é fortíssima e manda muitos programas brasileiros para lá. E a Igreja Universal mais forte ainda. Na principal avenida de acesso a Maputo, um enorme templo dela!

Na chegada a Maputo a gente leva um susto ao se deparar com uma imagem diferente. É como entrar num túnel do tempo. Prédios antigos, mal cuidados, alguns em ruinas e muito lixo espalhado pelas largas e compridas avenidas, quase todas com nomes de líderes comunistas mundiais: Karl Max, Lenine, Mao TseTung e centenas de outros, Sobrou até para o pai daquele maluco, atual dono da Coreia do Norte, Kim Jong-I, sei lá das quantas.

A história de Moçambique é muito interessante, de um sofrimento de mais de 500 anos nas mãos dos portugueses que sempre trataram o povo a ferro e fogo, igual fizeram conosco antes da chegada de Dom João VI em 1808. Os moçambicanos não tiveram a felicidade de aparecer um Napoleão Bonaparte, para botar o então comandante de Portugal para correr. Ou melhor, não tiveram a felicidade de Dom João escolher a terra deles para se refugiar. Não tivesse sido isso o Brasil seria uma África, subdividida em centenas de países, cada um falando seus dialetos e uma guerra civil atrás da outra.

É inacreditável que Moçambique, Angola e outros países ocupados por portugueses aqui na África tenham conseguido a independência deles somente em 1975. E mesmo assim à custa de muito sangue. Depois da libertação de Portugal, sangrenta guerra civil entre comunistas e capitalistas, apoiados de um lado pela então União Soviética e Cuba, e por outro lado por Estados Unidos e a então direitista de ditadura radical branca África do Sul. Uma tragédia total. Os comunistas venceram e ninguém saberá dizer o que teria sido melhor.

Maputo é uma das melhores capitais da África (tirando as da África do Sul), e é até difícil imaginar como são as outras. É quase um caos! O trânsito é infernal. Buzina é o normal. A maioria da frota de veículos é antiga, muitos caindo aos pedaços, mas há carrões chics também. A cidade inteira é ocupada por feiras de camelôs que vendem de tudo que se possa imaginar. O transporte público é feito por vans, cujos motoristas e trocadores quase saem no tapa por um passageiro. Quase todas aos pedaços! Pedintes crianças, jovens, adultos e velhos, em todo lugar onde haja algum sinal de estrangeiro de qualquer parte.

O dinheiro deles é o metical, que perdeu três zeros recentemente. Um novo metical vale R$ 20,00. As coisas não são caras. Fiquei no hotel Costa do Sol, na orla. Não é nenhuma Brastemp, mas o apartamento é muito bom, padrão três estrelas, e custa R$ 70,00 a diária.

O sonho da maioria dos moçambicanos com quem conversei é conhecer o Brasil. Se pudessem morar no Brasil, melhor ainda; sonho dos sonhos.

Valeu demais a pena ter ido lá, apesar de ter sido muito rápido. Dizem que têm algumas das praias mais bonitas de toda a África, mas ficam distantes de Maputo, há quase 500 Km, ao Norte. A mais falada é Pemba, que na minha região de Sete Lagoas e adjacências é sinônimo de demônio!

Um povo de uma gentileza espetacular, que está tentando iniciar a construção de uma nação. Um dia volto lá, especialmente para Pemba, que ainda não conheci!


Orgulho africano em alta

Estou nos meus últimos momentos de África do Sul e só tenho a agradecer. Aos senhores, pelo prestígio da leitura dos meus textos em mais uma Copa do Mundo, e aos africanos, não só do país anfitrião, mas a todos do continente. Depois de 45 dias aqui conheci mais a história deles e a do Brasil.

Cidadãos do mundo todo moram na África do Sul, que pelo fato de receber bem a todos, enfrenta graves problemas sociais, e já começa ter focos de xenofobia.

Certamente esse coração aberto foi fundamental para que tudo corresse bem durante a Copa, especialmente no principal medo que o mundo tinha, que era a segurança. Aqui além de todas as raças, também todos os credos e crenças convivem de forma harmoniosa. Mesquitas e sinagogas são vizinhas em incontáveis regiões de Johanesburgo e demais cidades.

As previsões pessimistas de antes da Copa, que falavam em atentados, se frustraram, mais pela ausência de motivação de eventuais grupos terroristas do que pela ação das forças de segurança. A bondade do povo sul-africano beira à inocência e nunca houve tanta facilidade de acesso a qualquer ambiente de um evento como a Copa.

O resultado de tudo é que a autoestima do continente africano está em alta. Todos os países estão capitalizando o sucesso do vizinho, que provou ao mundo que as coisas estão mudando pelos lados de cá

A Copa realmente abre portas e dá visibilidade em todo o planeta. Enquanto escrevia esta coluna, via na TV sul-africana a seleção uruguaia sendo recebida com festa em Montevidéu. Há quanto tempo o Uruguai não tinha seu nome sequer citado pela mídia fora da América do Sul!?

A de 2014 será a vez do nosso continente tirar proveito, em todos os aspectos. Como disse o presidente Lula “argentinos, paraguaios, uruguaios e demais vizinhos poderão chegar até a pé!” 

Não há dúvida que dentro das quatro linhas a Copa recém-terminada foi superior à da Alemanha em 2006. Em termos de organização e estrutura não há como comparar. Mas aí vale uma ressalva: ninguém vai superar os alemães neste aspecto, que já tinham uma estrutura pronta e ainda melhoraram para receber o mundo naquela oportunidade.

Os estrangeiros que estarão na Copa de 2014 vão elogiar os estádios e principalmente o fato de bares e restaurantes brasileiros só fecharem as portas depois que o último cliente paga a conta. Esse comportamento é genuinamente nosso, ao contrário da África do Sul, onde o comércio fecha as 18 e restaurantes no máximo às 22 horas. Em compensação vão descer a lenha em nossas estradas, no aumento abusivo de preços e das nossas companhias aéreas e aeroportos.


Aprendendo para 2014

Cheguei dia três de junho e serei um dos últimos a ir embora da África do Sul, mas há jornalistas que chegaram bem antes, junto com a seleção brasileira e estão por aqui até agora. Impossível conseguir mexer nas datas dos voos da South Africa Airlines, já que só ela voa de Johanesburgo para o Brasil.

Fazer o quê!? O Negócio é sair desbravando as redondezas. Cada um vai para um canto, da cidade ou do continente.

 

Moçambique

 

Optei por conhecer Moçambique, colônia portuguesa até 1975, quando a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), botou os portugas para correr. Liderados por Samora Machel, os revolucionários criaram um programa emergencial para os europeus brancos que moravam no país: 24/20, ou seja: 24 horas para pegarem 20 quilos de seus pertences e sair de Moçambique, sem olhar para trás.

 

Fronteira

 

São 550 Km de Johanesburgo a Maputo, a capital, em ótimas estradas, nos dois países. Na fronteira uma demonstração do que a América do Sul vai viver em 2014: oportunidade de tomar um dinheiro de estrangeiros com a Copa. Prevendo que muita gente atravessaria a fronteira para fazer turismo nas terras deles, subiram o preço do visto de entrada de forma absurda: de 25 para 85 dólares, ou 320%.

Quem não quisesse pagar, que voltasse para a África do Sul.

 

Valeu

 

Mas, para quem como eu, percorreu 500 Km, já estava ali, naquela zorra de fila, entre estrangeiros de todos os cantos do mundo! Reclamei, paguei e aqui estou escrevendo para os senhores, de um café chamado “Caffettíssimo”, dentro de um Shopping de Maputo.

Valeu a pena, apesar dos pesares!. É como estar na Bahia, nos anos 1980. Povo gentil demais da conta e acima de tudo muito esperto.

 

Pechincha

 

Depois de algumas horas andando de carro em Maputo, entendi o porque que o nosso amigo João Zacarias, moçambicano que vive em Johanesburgo, alertou-me para sempre tivesse dinheiro trocado no bolso. Uma conversão errada no trânsito e lá vem um guarda, pedindo documentos e mostrando a tabela de multas para aquele tipo de infração. Sabendo que o sujeito é estrangeiro, diz que o pagamento tem que ser na hora, numa delegacia mais próxima. Mas sabe como é, né? A multa custa 1 mil meticales (o dinheiro deles), mais ou menos R$ 60. Mas por 100 meticales, resolve-se o problema e boa viagem!

* Estas e outras notas estarão em minha coluna de amanhã, no Super Notícia¹


Nas falas da Fifa, quase nada sobre 2014

vicentedelbosque_taca_efe_jpg_30Esta manhã foi totalmente de entrevistas da Fifa e do Comitê Organizador da Copa, no balanço positivo da competição.

Ouvi tudo pelo rádio do carro e pouco ou nada falaram sobre o Brasil em 2014. Com essas fotos, do Globoesporte.com homenageio ao técnico campeão Vicente Del Bosque, que finalmente abriu um sorriso, e lembro que o único incidente em estádios durante toda a Copa foi desse torcedor cabeça cozida, que no afã de aparecer, quis botar um gorro na Taça. Levou um soco de um segurança e foi carregado preso. Acredito que as câmeras de TV não tenham mostrado isso ao vivo, já que foi tudo muito rápido e as seleções estavam para entrar em campo.

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Chegando em Moçambique

Assim como muitos leitores que participam do blog, também estou a fim de ver o recomeço do Campeonato Brasileiro, mas antes disso, retornar a Minas Gerais.

Tentei uma vaga em qualquer voo antes da data marcada (sexta-feira), mas não teve jeito. Agora é sossegar e dar umas voltas por aqui, até a hora de pegar a mala e rumar para o aeroporto de Johanesburgo.

Estou escrevendo da cidade de Komaitipoort, no extremo leste da África do Sul, na fronteira com Moçambique. Saí cedo e percorri aos 450 Km em quatro horas. Vou conhecer Maputo, a capital moçambicana.


Parabéns Espanha!

Prevaleceu o futebol técnico da Espanha que buscou o resultado com mais intensidade que a Holanda. Finalmente um dos países mais fortes do futebol mundial conquista a Copa. Os holandeses eram maioria no estádio Soccer City e fizeram uma grande festa antes da partida. A hora deles ainda vai chegar, mas esta era da Espanha, com todos os méritos.


Para Dunga e outros se inspirarem

Além de fazerem história ao decidir a Copa do Mundo, os dois treinadores que se enfrentam hoje, podem servir de inspiração ao ex-técnico da seleção brasileira. Eles são a antítese do Dunga e se o gaúcho não fosse tão cabeça dura poderia aprender algumas lições, caso queira seguir nessa profissão.

O espanhol Vicente Del Bosque tem 59 anos de idade, ex-jogador e técnico do Real Madri e apesar da cara fechada, é de uma simplicidade impressionante. Elogiado por jogadores e imprensa do seu país, fala quase todos os dias com os jornalistas e três dias antes da decisão, bateu papo com torcedores, explicando as opções que adotou nas escalações da seleção na Copa.

Sobre as críticas que recebe, diz sempre que isso “é normal e faz parte da vida de quem trabalha com o futebol”. Mudou o time quando o bom senso exigiu, manteve jogadores que vinham sendo criticados quando achou que devia.

No dia seguinte à classificação para a final, foi homenageado pela imprensa que cobria a Espanha com uma bola assinada por todos os jornalistas. Com este estilo ganhou tudo que foi possível com o Real Madri até 2003, e levou agora a Espanha à sua glória maior numa Copa.