Blog do Chico Maia

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E lá se foi o JB!

Cresci lendo o Jornal do Brasil, que infelizmente vinha se definhando nos últimos anos e a toda hora saía notícia que ia fechar.

Nos últimos anos perdeu a graça e mais milhares de leitores, que se cansaram de pagar e ler inutilidades.

Aí, mudou de formato, sem um novo projeto gráfico específico. Joguei a toalha e também parei de me interessar por ele.

Ontem li este comentário da Eliane Cantanhede, na Folha, e só tenho a lamentar, de novo.

Infelizmente, agora o saudoso JB acabou de vez:

 

ELIANE CANTANHÊDE

Réquiem para o JB e a Gazeta

BRASÍLIA – O fim melancólico da versão impressa do “Jornal do Brasil” dói no coração de gerações de leitores e de jornalistas brasileiros, como já havia ocorrido quando do último suspiro, ou da última edição, da “Gazeta Mercantil”. Foram ambas mortes lentas e anunciadas, deixando exposta a má administração de excelentes produtos.
Pelo JB, fundado em 1891, passaram desde Rui Barbosa até dezenas de repórteres, fotógrafos e colunistas que estão na ativa e viveram grandes momentos e grandes histórias num jornal que tinha vida e energia. Mas não tinha gestão.
Na “Gazeta Mercantil”, que começou a circular em 1920 e atravessou décadas como leitura obrigatória dos três Poderes, dos bancos, das empresas e de diferentes áreas das universidades, foram formados alguns dos mais importantes jornalistas de economia do país, como Celso Pinto, que deslanchou o “Valor Econômico”. Mas, como o JB, a Gazeta tinha talentos jornalísticos, não tinha competência gerencial.
Nos dois casos, repetindo o que se viu na Varig, as empresas sangraram ano após ano, vendo esvair seu principal capital: a força da marca, a credibilidade, a excelência de seus profissionais. Seus donos tentaram vender as dívidas e manter o controle editorial. A aritmética e a esperteza não fecharam.
Ouve-se daqui e dali que o fim da Gazeta e agora do JB impresso prenuncia a decadência inevitável e um rápido fim dos jornais. Há controvérsias. Os dois geraram suas próprias crises, que não tiveram nada a ver com a agressiva entrada da TV no jornalismo, o fortalecimento do noticiário 24 horas no rádio e muito menos com o vigor e a ascensão da internet. Foram crises particulares, não do setor.
Eles se foram, mas seus jornalistas estão por aí, em toda parte, aprendendo sempre e a cada dia numa profissão que é um aprendizado ininterrupto. A eles, meus queridos colegas tanto do JB quanto da Gazeta, um abraço de saudade e de reconhecimento.”


Parecia que seria fácil

No início parecia que o Cruzeiro golearia o Goiás. Mas ficou só no gol do Gilberto, que fez logo no começo. Depois foi um sufoco impressionante do time goiano. O Alberto Rodrigues disse na Itatiaia que achou o Goiás melhor fisicamente. Pode ser, porque o fim do jogo foi dramático.


O preço do ingresso

Que ninguém espere casa cheia na Arena do Jacaré nesta fase do Campeonato com  ingresso custando R$ 40,00.

O assunto precisa ser repensado pelos clubes.

O público de Belo Horizonte só vai pegar as péssimas estradas de BH a Sete Lagoas quando achar que valerão a pena o custo e os riscos.

E apesar de querer ir a todos os jogos, a maioria dos setelagoanos não tem dinheiro para ir a muitos com este valor do ingresso. É uma cidade cuja base da economia está calcado na indústria do ferro gusa, cujas siderúrgicas pagam salário mínimo e fim de papo, o que gera uma das piores rendas per-capita do país.

Comparem: Cruzeiro 1 x 0 Goiás, público pagante 3.579.

América 1 x 2 Náutico, com o ingresso custando R$ 20,00, público de 1.126.


Pagou por errar demais

O técnico Vanderlei Luxemburgo mudou o Atlético quase totalmente em relação ao time que foi campeão mineiro. É uma nova equipe, que enfrenta os ricos de ser formada durante um campeonato difícil como o Brasileiro, e paga o preço de errar tantos gols, como hoje.

E o Corinthians, que também perdeu muitas chances, soube aproveitar pelo menos uma.

Numa conversa durante a Copa, com o repórter de O Tempo, Cândido Henrique, ele observou que além de inseguro, Werley é um dos recordistas no Brasil em erros de passes. Quase 35%, número absurdo para um zagueiro. Contra o Corinthians, ele fez pênalti no primeiro minuto de jogo. Mas levou o 3º cartão amarelo e não jogará contra o Internacional.


Bom trabalho de marketing

Mesmo já tendo uma grande torcida em Sete Lagoas o Cruzeiro trata de cultivar os futuros adeptos na cidade. No jogo treino contra o Tupi encheu as cadeiras da Arena com crianças das escolas públicas municipais e estaduais num trabalho exemplar da diretoria de relações públicas da Raposa. A iniciativa repercutiu muito bem em toda a região.


É preciso saber tirar proveito da pressão na Arena

Apesar do resultado ruim, foi muito bom ir à Arena do Jacaré ver América x Náutico, sábado. Há muito tempo eu não assistia um jogo onde a torcida consegue exercer real pressão sobre jogadores e treinadores devido à proximidade entre as partes. O gigantismo dos estádios brasileiros os tornaram neutros e o mando de campo deixou de ser um fator decisivo na maioria deles. O Mineirão, por exemplo, é um paraíso para adversários dos nossos clubes, que já perderam grandes decisões em casa.

A Arena em Sete Lagoas deixa o público bem perto dos principais atores do espetáculo e a pressão é absoluta, que pode funcionar a favor ou contra, dependendo da capacidade de absorção de cada um. Logo depois de levar o primeiro gol do Náutico, um torcedor do América gritou com o Mauro Fernandes: “ê treinador, este time está muito defensivo e desse jeito vai levar mais gols”. O técnico não só ouviu, como olhou para o cidadão, que repetiu a frase, olho no olho. Este era um dos 1.216 pagantes, que tentaram empurrar o América, que depois de levar 2 x 0, em duas falhas do goleiro Flávio, foi para cima do Náutico e se não tivesse perdido tantas oportunidades, teria virado o jogo. O Coelho perdeu para um concorrente direto ao acesso, que apesar de estar no topo, tem um time bem fraco.

 A pressão da torcida americana foi positiva, mas a pontaria do time não ajudou. Mas é importante ressaltar que, se pouco mais de mil pessoas exerceram pressão tão forte, imaginem 21 mil, a capacidade da Arena! Os nossos clubes precisam saber tirar proveito deste “caldeirão”, cujo gramado está sendo elogiado por quase todos os jogadores ouvidos a respeito.

 Na quinta feira, primeiro jogo oficial na Arena pelo Campeonato Brasileiro, eu ainda estava na África do Sul e fiquei curioso para saber porque menos de 4 mil torcedores foram ver a vitória do Atlético sobre o xará goianiense. Simples: na zona do rebaixamento, com tantas decepções antes da paralização e com o ingresso a R$ 40 é demais para qualquer torcedor.

Nestes primeiros jogos, as maiores reclamações contra a Arena do Jacaré são da imprensa, acostumada com muito espaço e facilidades oferecidas pelo Mineirão. Jogadores e treinadores estão satisfeitos. Torcedores reclamam do pequeno número de banheiros e bares.

A Ademg informa que possivelmente depois de mais quatro jogos os problemas serão minimizados.


Gols perdidos, futebol fraco e exageros no ótimo sábado

De volta à luta do dia a dia e revendo tudo e todos.

A melhor na volta de toda viagem internacional é poder jogar fora a papelada do seguro Assist-Card, sem precisar tê-lo usado nenhuma vez sequer; É o dinheiro mais bem investido que qualquer um pode fazer na vida!

Apesar de tantos aniversários e a abertura do Sabor de Bar, o concurso gastronômico de bares de Sete Lagoas, fui convencido por amigos americanos, como o Marquinhos Sarney, Marcio Amorim e Leo Plotter, a ir ver o América contra o Naútico, na Arena do Jacaré.

Jogo fraco, e o América ainda perdeu, com falhas do goleiro Flávio, da zaga e gols perdidos pelo atacante americano.

Lamentável! Era para brigar pela liderança!

Mas valeu, poder reencontrar com velhos amigos e ver que a Arena do Jacaré está ficando ótima.

O América faz bem em estipular o igresso em R$ 20.00.

Cobrar R$ 40,00 é loucura, ainda mais quando torcedores têm de se deslocar de Belo Horizonte e gastar mais ainda.

Ouvi companheiros de rádio reclamando da estrutura da Arena. Reclamam dos poucos e pequenos espaços para a imprensa trabalhar. Estão certos, mas muito impacientes: primeiro porque as obras ainda estão em curso, segundo porque todo mundo envolvido com futebol mineiro está sendo obrigado a dar a sua cota de sacrifício.

É importante lembrar que os atores principais, que são os jogadores, treinadores e maioria das torcidas, estão satisfeitos. Têm um bom  gramado e boas acomodações na Arena do Jacaré.

Uma única reclamação de torcedores me foi trazida hoje, depois do vexame do América na derrota de 2 x 1: as cadeiras da arquibancada estavam sujas, num poeirão danado e não havia a quem recorrer.

Depois do jogo, “chás com torradas”, da melhor qualidade, a escolher. Optei só por três.

Um deles, o Sabor de Bar, cuja abertura foi no Rei do Caldo, na Praça do Carmos, aqui em nossa Sete Lagoas.


Voltando no mesmo voo que o salvador do Plantini

No embarque para São Paulo acabo de pegar mais detalhes sobre os primeiros socorros ao Michel Platini, com o próprio protagonista do socorro ao ex-craque francês, Cláudio Carneiro, que coincidentemente está no mesmo voo, junto com a filha Ana Cecília, futura jornalista, cursando o 4º período na Fumec.

Também neste voo, Eraldo Leite, companheiro das antigas, da Rádio Globo do Rio.

Não vai dar tempo agora de escrever muita coisa, mas quando desembarcar em São Paulo, daqui a 8h30, volto aqui, se der tempo.


Maputo, Johanesburgo, São Paulo e Belo Horizonte

 Retornei de Moçambique para Johanesburgo e passei o dia na correria ajeitando as coisas para o retorno ao Brasil.

Neste momento, quase 21h30 aqui, tento arrumar as malas para me mandar bem cedo amanhã para o aeroporto. Sempre deixo muita coisa para última hora.

Moçambique é uma volta no tempo. Nas rádios, TVs e jornais, ensinamentos à população que eram feitos no Brasil nos anos 1960. Como escovar corretamente os dentes, lavar as mãos após uso do sanitário e coisas tais, além de uma enorme campanha de prevenção ao vírus da Aids, chamado por eles de Sida.

A TV Record é fortíssima e manda muitos programas brasileiros para lá. E a Igreja Universal mais forte ainda. Na principal avenida de acesso a Maputo, um enorme templo dela!

Na chegada a Maputo a gente leva um susto ao se deparar com uma imagem diferente. É como entrar num túnel do tempo. Prédios antigos, mal cuidados, alguns em ruinas e muito lixo espalhado pelas largas e compridas avenidas, quase todas com nomes de líderes comunistas mundiais: Karl Max, Lenine, Mao TseTung e centenas de outros, Sobrou até para o pai daquele maluco, atual dono da Coreia do Norte, Kim Jong-I, sei lá das quantas.

A história de Moçambique é muito interessante, de um sofrimento de mais de 500 anos nas mãos dos portugueses que sempre trataram o povo a ferro e fogo, igual fizeram conosco antes da chegada de Dom João VI em 1808. Os moçambicanos não tiveram a felicidade de aparecer um Napoleão Bonaparte, para botar o então comandante de Portugal para correr. Ou melhor, não tiveram a felicidade de Dom João escolher a terra deles para se refugiar. Não tivesse sido isso o Brasil seria uma África, subdividida em centenas de países, cada um falando seus dialetos e uma guerra civil atrás da outra.

É inacreditável que Moçambique, Angola e outros países ocupados por portugueses aqui na África tenham conseguido a independência deles somente em 1975. E mesmo assim à custa de muito sangue. Depois da libertação de Portugal, sangrenta guerra civil entre comunistas e capitalistas, apoiados de um lado pela então União Soviética e Cuba, e por outro lado por Estados Unidos e a então direitista de ditadura radical branca África do Sul. Uma tragédia total. Os comunistas venceram e ninguém saberá dizer o que teria sido melhor.

Maputo é uma das melhores capitais da África (tirando as da África do Sul), e é até difícil imaginar como são as outras. É quase um caos! O trânsito é infernal. Buzina é o normal. A maioria da frota de veículos é antiga, muitos caindo aos pedaços, mas há carrões chics também. A cidade inteira é ocupada por feiras de camelôs que vendem de tudo que se possa imaginar. O transporte público é feito por vans, cujos motoristas e trocadores quase saem no tapa por um passageiro. Quase todas aos pedaços! Pedintes crianças, jovens, adultos e velhos, em todo lugar onde haja algum sinal de estrangeiro de qualquer parte.

O dinheiro deles é o metical, que perdeu três zeros recentemente. Um novo metical vale R$ 20,00. As coisas não são caras. Fiquei no hotel Costa do Sol, na orla. Não é nenhuma Brastemp, mas o apartamento é muito bom, padrão três estrelas, e custa R$ 70,00 a diária.

O sonho da maioria dos moçambicanos com quem conversei é conhecer o Brasil. Se pudessem morar no Brasil, melhor ainda; sonho dos sonhos.

Valeu demais a pena ter ido lá, apesar de ter sido muito rápido. Dizem que têm algumas das praias mais bonitas de toda a África, mas ficam distantes de Maputo, há quase 500 Km, ao Norte. A mais falada é Pemba, que na minha região de Sete Lagoas e adjacências é sinônimo de demônio!

Um povo de uma gentileza espetacular, que está tentando iniciar a construção de uma nação. Um dia volto lá, especialmente para Pemba, que ainda não conheci!


Orgulho africano em alta

Estou nos meus últimos momentos de África do Sul e só tenho a agradecer. Aos senhores, pelo prestígio da leitura dos meus textos em mais uma Copa do Mundo, e aos africanos, não só do país anfitrião, mas a todos do continente. Depois de 45 dias aqui conheci mais a história deles e a do Brasil.

Cidadãos do mundo todo moram na África do Sul, que pelo fato de receber bem a todos, enfrenta graves problemas sociais, e já começa ter focos de xenofobia.

Certamente esse coração aberto foi fundamental para que tudo corresse bem durante a Copa, especialmente no principal medo que o mundo tinha, que era a segurança. Aqui além de todas as raças, também todos os credos e crenças convivem de forma harmoniosa. Mesquitas e sinagogas são vizinhas em incontáveis regiões de Johanesburgo e demais cidades.

As previsões pessimistas de antes da Copa, que falavam em atentados, se frustraram, mais pela ausência de motivação de eventuais grupos terroristas do que pela ação das forças de segurança. A bondade do povo sul-africano beira à inocência e nunca houve tanta facilidade de acesso a qualquer ambiente de um evento como a Copa.

O resultado de tudo é que a autoestima do continente africano está em alta. Todos os países estão capitalizando o sucesso do vizinho, que provou ao mundo que as coisas estão mudando pelos lados de cá

A Copa realmente abre portas e dá visibilidade em todo o planeta. Enquanto escrevia esta coluna, via na TV sul-africana a seleção uruguaia sendo recebida com festa em Montevidéu. Há quanto tempo o Uruguai não tinha seu nome sequer citado pela mídia fora da América do Sul!?

A de 2014 será a vez do nosso continente tirar proveito, em todos os aspectos. Como disse o presidente Lula “argentinos, paraguaios, uruguaios e demais vizinhos poderão chegar até a pé!” 

Não há dúvida que dentro das quatro linhas a Copa recém-terminada foi superior à da Alemanha em 2006. Em termos de organização e estrutura não há como comparar. Mas aí vale uma ressalva: ninguém vai superar os alemães neste aspecto, que já tinham uma estrutura pronta e ainda melhoraram para receber o mundo naquela oportunidade.

Os estrangeiros que estarão na Copa de 2014 vão elogiar os estádios e principalmente o fato de bares e restaurantes brasileiros só fecharem as portas depois que o último cliente paga a conta. Esse comportamento é genuinamente nosso, ao contrário da África do Sul, onde o comércio fecha as 18 e restaurantes no máximo às 22 horas. Em compensação vão descer a lenha em nossas estradas, no aumento abusivo de preços e das nossas companhias aéreas e aeroportos.