Blog do Chico Maia

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“Não tirem a graça da Libertadores!”, uma reflexão sobre as mudanças na fórmula da Libertadores

Ursula Nogueira, à direita, de branco, ao lado da Dra. Patrícia Diou, durante o programa Rádio Vivo, do José Lino Souza Barros (centro), do qual tenho o prazer de participar semanalmente. À direita, a competente futura jornalista pelo Uni-Bh, Sthefane  Mendes, no estúdio principal da Itatiaia, terça-feira passada.

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Ótima coluna da Ursula Nogueira, comandante da equipe de esportes da Rádio Itatiaia: 

* “Não tirem a graça da Libertadores!”

A Conmebol anunciou na última terça-feira o novo formato da Copa Libertadores. Foi definido o aumento de 38 para 42 equipes participantes e a competição será disputada de fevereiro a novembro.

O torneio vai seguir os moldes da Liga dos Campeões da Europa. Os dez times que forem eliminados na fase de grupos da Libertadores automaticamente irão entrar na Sul-Americana, que será disputada entre julho e dezembro. Outra grande novidade pode ser a final única, em campo neutro. O anúncio foi feito pelo presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, via Twitter.

O único representante dos clubes brasileiros presente na reunião que apresentou estas mudanças foi o presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno. Ele disse ser favorável ao jogo único na final e em campo neutro: “Eu gosto. Muda um pouco a tradição, mas foi uma proposta. A Libertadores, do jeito que foi apresentada, está aumentando em só três datas. O que foi dado como explicação para todos foi que em 70% das finais o time que jogou a segunda partida em casa ganhou. Era a maneira mais justa, até para fomentar principalmente essas novas arenas e as cidades que querem contribuir.”

Concordo com a justificativa que 70% dos títulos são dos times que disputaram a segunda partida em casa. Mas alguns fatores precisam ser levados em consideração.

Não podem impor um modelo só porque ele é bem sucedido na Europa. Vivemos realidades diferentes. (mais…)


Semana que vem o Roberto Abras voltará aos microfones da Itatiaia

Reta final de campanha, o Caixa dando muita força ao Roberto Abras, pessoalmente e nas redes sociais.

ABRAS

Sucesso aí, grande Abras!


O Atlético continua gostando de “emoções fortes” no mata-mata!

Em foto da assessoria de imprensa do Mineirão, Victor, que fez ótimas defesas para garantir o 1 a 0 do Galo, além da bola na trave

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Ao contrário do que a maioria dos companheiros da imprensa previam, o Juventude deu um trabalhão danado para o Galo, que novamente começou muito bem, mas não conseguiu manter o ritmo. E nem aproveitar as várias oportunidades criadas. O jogo da volta será de mais “emoções fortes” e apuros em Caxias, mais ou menos do jeito que foi em Campinas contra a Ponte Preta e em tantas competições “mata-mata” que o Galo anda disputando. Se repetir o “final feliz” das conquistas que obteve, bom demais!

A Lohanna Lima, do jornal O Tempo, definiu a vitória como “pro gasto”:

* “Atlético joga para o gasto e vence Juventude por 1 a 0 sem convencer”

Vitória magra garante ao Galo vantagem para jogo de volta, no dia 19 de outubro, no Sul; Pratto foi o responsável por fazer o gol da vitória alvinegra (mais…)


Gol de Robinho poderá fazer a diferença para o Cruzeiro no jogo da volta

Obrigado ao cruzeirense Alex Souza, que analisa todo jogo do Cruzeiro aqui no blog. Ele resume assim a derrota de 2 a 1 no Itaquerão:

“Derrota no apito. Foi um jogo muito igual. O Cruzeiro pelos menos conseguiu um gol que lhe dá o alento de jogar menos pressionado em Belo Horizonte. Mas vai ser preciso corrigir as brechas pelo lado direito da defesa e a marcação frouxa dos volantes, que permitiram vários arremates de média e longa distância do Corinthians.”

O comentário completo do Alex: (mais…)


Que o Galo não se contamine por este “oba-oba” da imprensa que já “eliminou” o Juventude

Wanderson meia do Juventude, em foto de Arthur Dallegrave /EC Juventude

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Os jogos das quartas de final da Copa do Brasil são ida e volta, no mínimo180 minutos, portanto. Mas para uma enorme parte da imprensa mineira e nacional, o Atlético já eliminou o Juventude, antes mesmo do primeiro jogo em Belo Horizonte. Que este oba-oba não contamine jogadores e comissão técnica do Galo, porque sabemos como exageros deste tipo costumam terminar.


Antônio Carlos, técnico do Juventude, foi um grande zagueiro e se arrepende até hoje de atitude racista

Pelos bons trabalhos que realiza por onde passa, já era para o treinador do Juventude ter ganhado mais oportunidades em clubes grandes. Mas ele sempre teve personalidade, nunca foi de fugir de embates, e isso pode ter criado embaraços.

O site Goal mostrou detalhes da carreira dele como jogador:

* “Ex-zagueiro, agora treinador, comenta sobre algumas questões em sua carreira, como o gesto considerado racista de 2006”

Antônio Carlos foi um jogador vencedor. Conquistou títulos em vários grandes clubes, como São Paulo, Palmeiras e Santos. Atuou na Roma, quando o time contava com nomes como Aldair, Émerson, Cafu, Batistuta e Totti. Aliás, fez parte de times históricos.

O ex-zagueiro se considera um homem de personalidade. Para alguns, intempestivo. Infelizmente para o ex-jogador, a atitude que não saiu da cabeça de ninguém foi a da atitude racista. Em 2006, quando defendia o Juventude, Zago discutiu com o volante Jeovânio, negro, e apontou para a cor do próprio braço. O experiente defensor foi punido por 120 dias e teve de ir ao fórum durante três anos.

“Me arrependo para sempre do que fiz. Tive de comparecer  ao fórum. Quando tinha de viajar por 15 dias, eu tinha de comunicar minha ausência. Paguei ali mesmo. Paguei fora de campo e estou pagando até hoje”, disse Antônio Carlos à ESPN.

“Tenho amigos negros, grandes amigos, como Aldair, Cléber e Cafu. Meus amigos negros me deram força. Muitos foram ao casamento da minha filha”, afirmou. Sobre a discussão com o atacante Robert, quando era treinador do Palmeiras, disse que o jogador não respeitou o horário-limite para chegar ao local onde a equipe estava concentrada para um duelo (3h da manhã). (mais…)


Torcedores dão bomba geral nas mudanças na Libertadores anunciadas pela Conmebol

Os argumentos são irrefutáveis, principalmente contra a final em jogo único em país neutro. Em princípio achei legal, mas me esqueci que estamos na América do Sul, sem nenhuma facilidade para locomoção até os países vizinhos, diferente da Europa. Dou razão a todos que bateram contra. Entre o blog e facebook, um único comentário foi favorável, mas trata-se de alguém que mora em Portugal, o Robson Luiz Ricardo, que escreveu:

“Muito legal mesmo; aqui na Europa lota os estádios com várias nacionalidades!”

 

Direto de Brasília, mandou bala o Fábio Anselmo (irmão do grande comentarista Flávio):

“Imaginem a final entre um time equatoriano e um chileno, em jogo disputado na Cidade do México. Vai ter menos público que América e Juventude, em Ribeirão Preto.
Estão dando um tiro no pé.”

 

Silvio

O retrocesso brutal do nosso triste continente chegando com força total no futebol! Bizarrice completa essa final em partida única. É de dar gargalhadas querer comparar nossas ferrovias, estradas, aeroportos e renda per capita com a do torcedor europeu. E já vazou que quatro ou cinco clubes seriam “convidados” de acordo com um ranking sul americano?!? Mais gargalhadas e muitas lágrimas, para carpir a desmoralização total do eterno terceiro mundo. Os “jênios” de nuestra America querem marretar fórmulas da Champions em cima de equipes que disputam a Libertadores que não têm nem estádios com gramados decentes. Sabem qual será o próximo passo da nossa volta á idade das trevas? Virada de mesa no brasileirão. Podem anotar.

 

Carlos Almeida

Ao que tudo indica, Libertadores já era pra clubes brasileiros, que já sofrem com o calendário nacional e mal conseguem chegar inteiros até o final do Brasileiro e Copa Brasil.

 

Robert Quadros

Também não vi muita coisa positiva nas mudanças, essa de final única em campo neutro então, nem se fala. Isso é tirar a chance de quem sempre acompanhou o time ver ver uma final em casa do seu time. Estão elitizando cada vez mais o futebol, excluindo o povao. A mudança levou em conta os interesses do torcedor ou o interesse maior da TV? Temos obstáculos financeiros enormes, distâncias enormes…Não somos Europa

 

Vinícius Oliveira

Essa final é ridícula quero ver time brasileiro encher estádio na Venezuela

 

Júlio Cesar Rodrigues

Boa mudanca chico??? Final jg unico e campo neutro ??? Isto eh uma brinncadeira de mau gosto. Cada vez mais, gourmetizando o futebol , pedindo bencao aos colonizadores europeus, afastando o povo cada vez mais com as chatissimas arenas, vc nao pode entrar com um radio de pilha no estadio. Aqui nao eh europa, nao eh os engomodinhos elitistas da champions. Final de libertadores: nacional de medelin x del valle jg unico, campo neutro, la em maracaibo, venezuela. Que broxante e ridiculo final em jg unico e campo neutro. Estao matando a galinha dos ovos de ouro

 

Leandro Fabrício

Pra mim nada a comemorar nessas supostas mudanças, final em campo neutro???? Final da libertadores de 2017…. atlético-MG x racing na bolívia….

nem tudo que vem da europa seria bom para o nosso futebol, aí entra cultura, geografia do continente (distancia), economia financeira dos clubes etc etc….

seria melhor a conmebol se preocupar com a violencia nos estádios argentinos, uruguaios, paraguaios etc etc e aquela pressão violenta em cima de clubes adversários que por lá atuam… e punição exemplar para quem pratica esse tipo de coisa, coisa esta um verdadeiro retrocesso no futebol sulamericano…. melhores condições dos estádios… melhores patrocinios etc etc, a atual formula de disputa da libertadores pra mim está correta, isso é a menor dos problemas se é que a atual formula de disputa é verdadeiramente um problema…

 

José Eduardo Barata

Perfeito , mais uma vez , caro Leandro .
O quesito “distância” é fundamental .
Qual o meio de transporte de que dispomos
em nosso continente para deslocar torcedores ?
Cada vez mais “elitizando” o futebol , pois só os
abonados podem dispor de dois , três dias em
solo estrangeiro , mais passagem aérea .
A turma está se lixando para o torcedor comum .
Só quer saber de grana , grana e grana .
Permitir que assistamos jogos finais em nosso
reduto , com a sadia disputa de um jogo fora e
um em casa , para esses engravatados , é puro
atraso .
A alegação que de 10 finais 7 foram favoráveis
a quem jogou o segundo jogo em casa é , para
dizer o mínimo , uma piada .
Acabe com o gol “qualificado” fora , joga-se por
vitória independente do placar e por um jogo
extra , aí sim , em local definido PELOS TIMES .
Está no limiar , ali pertinho , o momento em que
nós , VERDADEIROS TORCEDORES , iremos
buscar no amadorismo a paixão pelo futebol que
essa gente está a nos roubar .


Mudança no comando da arbitragem brasileira dá razão a Levir Culpi: no Brasil, a única coisa que evolui é o atraso

Levir em seus tempos de técnico do Cerezo Osaka, homenageado nessa fantasia de samurai

* * *

“A única coisa que evoluiu no Brasil foi o atraso”, disse Levir Culpi quando assumiu o Atlético em seu retorno depois de seis anos no Japão. A frase continua valendo e certamente nos marcará por mais alguns séculos. Se aplica ao nosso dia a dia, envolvendo todos os segmentos, com uma ou outra exceção. No futebol, diariamente temos exemplos deste atraso crônico. Ontem a CBF anunciou mudanças no comando da arbitragem. O comunicado não foi feito pelo presidente, que foge de encontros com a imprensa e com o público. Quem deu entrevista foi o Walter Feldman, político paulista de carreira, saltitante por várias siglas partidárias, guindado à condição de Secretário Geral da CBF. De cara, afirmou que a entidade não interfere no setor, “apenas indica os nomes do comando”, hipocrisia bem característica dos políticos. Depois anunciou que o novo chefe é o ex-Coronel PM Marcos Marinho, que foi homem de confiança do presidente Marco Polo Del Nero, nos tempos da Federação Paulista, demitido da entidade por ter escalado um árbitro suspenso e por causa da pressão dos próprios apitadores, que queriam um ex-colega como chefe do setor. Ou seja, coisa de Brasil: mais um caso de incompetência premiada com um cargo importante no país.

Para completar, Walter Feldman disse que “os clubes paulistas aprovaram a indicação”. E os presidentes dos demais clubes do país aceitam calados.

E vida que segue!

A notícia completa está no Uol:

* “Novo chefe do apito da CBF é ex-PM e foi afastado da FPF por erro em escala”

Coronel Marcos Marinho, o novo chefe da Comissão de Arbitragem da CBF, é velho conhecido do torcedor paulista. Nomeado na última terça-feira (27) para o cargo nacional, ele desempenhou função parecida em São Paulo entre 2005 e 2016. Apesar de toda sua experiência, acabou afastado do cargo em janeiro por errar uma escala, colocando para apitar um árbitro que estava suspenso. Foi a gota d’água na relação já desgastada com a entidade.

O erro não mudou o prestígio que Marinho recebe de Marco Polo Del Nero. O presidente da CBF já tratava o Coronel como seu homem de confiança na FPF (Federação Paulista de Futebol), quando o contratou há 11 anos. Não à toa, o ex-chefe do apito paulista perdeu prestígio com mudança de presidência, quando Reinaldo Carneiro Bastos assumiu o cargo. (mais…)


Boas mudanças na Libertadores, cuja final será em país neutro, como na Champions

O presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno e o presidente da Federação Mineira de Futebol, Castellar Guimarães, estão na sede da Comenbol, no Paraguai participando das discussões sobre essas mudanças, que preveem, inclusive, a entrada de mais um clube de cada país na fase de grupos. A notícia está no Uol:

*“Presidente da Conmebol anuncia Libertadores com final única em campo neutro”

O presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, anunciou que a competição terá mais mudanças em 2017. Além de durar 42 semanas, a final do torneio será em jogo único e em campo neutro.  Alejandro Domínguez anunciou a novidade em seu Twitter. “Analisando as estatísticas das finais da Copa Libertadores, a equipe que jogou em casa o segundo jogo ganhou 7 das 10 finais. A justiça do esporte exige final única em campo neutro”, disse.

Mais cedo, a Conmebol anunciou mais novidades no torneio continental, com a ampliação da competição, que passará a partir de 2017 a ser disputada de fevereiro a novembro, com 42 semanas no total.  As reformas ainda precisam passar pelo Comitê Executivo da Conmebol, que é composto por membros de cada país. A parte final do processo é uma formalidade, pois os filiados da entidade já foram ouvidos.

Outra novidade que já passará a valer a partir de 2017 é de que os dez clubes que não avançarem às oitavas de final terão a oportunidade de seguir competindo a Copa Sul-Americana. Além disso, os campeões dos dois torneios entrarão diretamente na fase de grupos da próxima edição da Libertadores. (mais…)


Novo capítulo da novela Dry World/Atlético: fornecedora garante entrega de material até dezembro deste ano

Robinho com a camisa produzida em Capanema, no Paraná: negócio foi traumático para a Rocamp. Foto: Bruno Cantini /Atlético

ROBINHO

Em janeiro o Atlético anunciou, com muita pompa, um contrato milionário com a canadense Dry World, que pagaria nos próximos cinco anos um valor total de R$ 100 milhões e ainda ajudando na contratação do Robinho e a permanência do Lucas Pratto no clube. Mas, a empresa ainda não tinha acertado todos os detalhes das negociações com uma parceira brasileira, a paranaense Rocamp, das mais tradicionais do setor confeccionista do Brasil. Logo no início da parceria, uma série de problemas gerou desentendimento comercial entre elas, que está dando dor de cabeça ao Galo, que, pelo menos até dezembro está garantido, segundo o presidente de uma das empresas.

Agradeço ao mineiro Guilherme Lopes, que mora em Curitiba, e que nos enviou esta ótima reportagem da Gazeta do Paraná, trazendo informações que a maioria dos atleticanos não sabia: 

* “Como a paixão pelo futebol arrasou o sonho de uma fábrica no interior do Paraná”

A intenção de ser fornecedora direta dos uniformes de grandes clubes levou a paranaense Rocamp a entrar em um mau negócio com a canadense Dryworld

O amor à primeira vista, com direito a casamento no calor do verão, mal suportou o outono e no inverno se acabou. Hoje em dia, a canadense Dryworld e a paranaense Rocamp só se falam por advogados.

A união entre as fabricantes de uniformes esportivos, formalizada em 4 de janeiro, marcou o início de um ambicioso projeto de expansão dos canadenses e prometia multiplicar o faturamento da empresa do Paraná. Mas a lua-de-mel durou pouco. Problemas de gestão levaram a dificuldades financeiras, dividiram os sócios e afetaram fornecedores e clientes – entre eles Atlético Mineiro e Fluminense, dois dos maiores clubes de futebol do país.

O futuro da sociedade será decidido nos tribunais. Alegando desvios de finalidade e gestão temerária por parte dos canadenses, os sócios brasileiros, minoritários, recorreram à Justiça e conseguiram assumir a gestão do negócio no mês passado, mas a decisão judicial ainda não é definitiva.

O presidente global da Dryworld, Juan Claudio Escobar, foi afastado em 18 de agosto do comando da Dryworld Indústrias Américas, como a Rocamp passou a ser chamada. Para seu lugar, o juiz nomeou Matheus Campagnolo, que dirigiu a confecção nos três anos anteriores à aquisição. Ele é filho do fundador, Edson Campagnolo, presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

Pouco em comum

As duas empresas tinham pouco em comum. Criada em 2010 pelos ex-jogadores de rúgbi Matt Weingart e Brian McKenzie, a Dryworld era desconhecida fora de seu país. Mas desembarcou no Brasil e no ramo do futebol fazendo alarde. Bancou a contratação de Robinho pelo Galo e ofereceu patrocínios recordes ao clube mineiro e ao Tricolor carioca, de R$ 20 milhões e R$ 13,5 milhões ao ano, respectivamente.

A Rocamp sempre foi mais discreta. Fundada há 26 anos em Capanema, cidade de 19 mil habitantes do Sudoeste paranaense, mal estampava seu nome nas peças que produzia para marcas como Mizuno, Penalty, Olympikus e Lupo e para as redes varejistas Decathlon e Centauro.

A aproximação se deu por interesses complementares: a Dryworld queria começar logo a produzir no país, e a Rocamp sonhava com uma marca própria, o que dobraria o faturamento por peça. “A gente se conheceu e já marcou data para o casamento. E só depois foi discutir a relação”, reconhece Edson Campagnolo.

Em troca do controle acionário da Rocamp, os canadenses licenciaram o uso da marca Dryworld em toda a América Latina à família Campagnolo por 20 anos, prorrogáveis por mais dez, e se comprometeram a investir US$ 10 milhões para ampliar a capacidade de produção. O faturamento seria dividido meio a meio.

 

Relação estremecida

TRIO

Daniel Nepomuceno, presidente do Atlético Mineiro, com Matt Weingart e Juan Claudio Escobar, da Dryworld: acordo milionário.Bruno Cantini /Atlético

 

O estopim da crise foi aceso logo no início da parceria. O combinado era que os brasileiros ficariam à frente do desenvolvimento, produção e distribuição dos uniformes. Mas depois a Dryworld alegou que, nessas condições, os fundos de investimento que a apoiam não colocariam dinheiro no negócio. A multinacional assumiu, então, a gestão operacional. Mas jamais investiu o prometido, porque os fundos recuaram, culpando o cenário político e econômico do país.

Com recursos próprios, os Campagnolo haviam comprado, em dezembro, uma confecção que estava fechando as portas em Cascavel, a 120 quilômetros de Capanema. Mas não era o bastante. “Jamais seria possível produzir, sem o aporte de capital, o volume que a Dryworld assumiu”, diz o fundador da Rocamp. “Só para o Galo são 300 mil peças por ano para o mercado. De enxovais [uniformes para o clube], são cerca de 50 mil.”

Dona do slogan “dream, defy, deliver” (algo como “sonhe, desafie, entregue”), a Dryworld não conseguiu cumprir o básico: fabricar (e entregar) uniformes suficientes para os clubes, muito menos para a torcida. As categorias de base tiveram de usar peças antigas. Os times principais também foram afetados. “Quando assumimos a operação, em agosto, o Galo não tinha camisa número 1 para entrar em campo. O Goiás [outro parceiro] não tinha camisa nem calção”, conta Campagnolo.

Terra devastada

A matriz da Dryworld atrasou o pagamento do patrocínio aos clubes, e até hoje não remunerou a Rocamp pela produção dos enxovais. Os problemas no futebol contaminaram outras áreas: o fornecimento para redes varejistas começou a falhar, e por pouco não faltou uniforme com a marca da Olympikus para a seleção de vôlei na Olimpíada.

Mais grave era a situação financeira da confecção. “Todos os limites de crédito acabaram no fim de julho, tanto com bancos quanto com fornecedores. A empresa não estava no Serasa, hoje está. Não tinha protesto, agora tem”, diz Campagnolo. “Recuperamos o fornecimento aos clubes e estamos aos poucos tentando abastecer o mercado, mas com muita dificuldade. Continuaremos fornecendo ao Galo e ao Fluminense pelo menos até dezembro.”

O empresário diz ter ganho um voto de confiança de fornecedores e cooperativas de crédito para reerguer a empresa. Ela já fechou contrato com a Decathlon para 2017, e conversa com várias marcas, entre elas uma italiana, para substituir a Dryworld. “Estamos passando por um momento muito difícil, mas a recuperação é possível. Em médio prazo.”

R$ 25 milhões

era o faturamento anual da Rocamp. Com a Dryworld, a confecção esperava triplicar esse valor ainda em 2016, em razão do aumento da produção e do faturamento por peça. A companhia, que chegou a ter 600 funcionários no começo do ano, agora tem 500, nas fábricas de Capanema, Planalto, Santo Antônio do Sudoeste e Cascavel.

Escobar em silêncio

Contatado pela Gazeta do Povo, o presidente da Dryworld, Juan Claudio Escobar, disse que não comentaria a parceria com a Rocamp. E avisou que comentários de outras pessoas “não refletem a opinião da Dryworld”.

http://www.gazetadopovo.com.br/economia/como-a-paixao-pelo-futebol-arrasou-o-sonho-de-uma-fabrica-no-interior-do-parana-1l93530gee43e70dwku9lkeqo