Na íntegra, artigo que recebi do Marcio Amorim, professor universitário, belorizontino e torcedor do América:
“Lendo a sua coluna no jornal O Tempo de segunda-feira, como sempre faço, achei que a sua opinião sobre a violência entre torcidas procede no que se refere à impunidade. Tudo o que fazem é porque sabem que nada vai lhes acontecer de mais sério.
Existem alguns mecanismos, em centros mais evoluídos, que, por exemplo, pegando os responsáveis pela baderna, eles são fichados e impedidos de freqüentar estádios durante um certo período de duração de uma pena pré-fixada. Como? Eles são obrigados a se apresentar uma hora antes do jogo do seu time e são liberados uma hora depois. Sem direito a rádio ou televisão. Se não se apresentam, pela desobediência ou se são apanhados em reincidência, podem ser presos. Não vejo nenhuma dificuldade em implantar isto. Não são medidas cabíveis apenas em primeiro mundo. Basta criar um Centro de Detenção Provisória (detenção desde que seja em flagrante) e um órgão especializado em ocorrências esportivas. Tenho certeza de que a Polícia Militar trabalhou mais antes, durante e depois do jogo Atlético X Cruzeiro do que em todo o período do Carnaval. Como o momento é de reflexão, gostaria de acrescentar que a violência pode nascer de uma declaração infeliz de um dirigente importante de um clube, (dou como exemplo o fato de o presidente do Cruzeiro, antes do jogo, ter feito referências pejorativas ao “enfeite” do Mineirão com flanelinhas. Ficou bonito, mas não é definitivamente papel de pessoa tão importante e razoavelmente equilibrada. A torcida, desde que parta dela, tem todo o direito de fazê-lo. Ele tem a obrigação de ser equilibrado, bem como o outro, que de vez em quando se destempera verbalmente); pode nascer, também, de um erro grosseiro de um árbitro ou auxiliar, como no caso de domingo. Aqui vai uma crítica à péssima preparação técnica dos juízes que estão atuando em nosso campeonato. Por mais que a Federação justifique cada erro, não sei se podemos taxar como simples erros. Alguns, quando apitam jogos do seu clube de coração – e é um direito ter uma simpatia por algum time, como qualquer cidadão – não agem com profissionalismo em alguns lances decisivos (houve no domingo, em uma emissora importante da Capital, um torcedor que garantiu que alguém que participou da arbitragem é funcionário do Cruzeiro. Pelo sim, pelo não e para o bem até dele mesmo, dever-se-ia apurar, porque já é a segunda vez que ouço isto no rádio). Estou me lembrando, rapidamente, de dois lances no jogo Atlético X América. O cidadão que apitou agiu de má fé, tirou a vitória do América e não foi execrado, pelo simples fato de ter beneficiado o Galo. Agora como o Galo foi terrivelmente prejudicado, há todo esse auê até hoje, com entrevistas dos envolvidos, tendo de dar explicações em rádios e tv. É triste saber que alguns insanos ameaçam a integridade física dos juízes, dos auxiliares e de familiares dos envolvidos na arbitragem. Um outro fator,a ingestão excessiva de bebidas e de outras coisas mais, está presente em grande parte das ocorrências. Acontece que não se vendem bebidas no estádio, mas o irresponsável vai bebendo pelo caminho e já chega lá pronto para tudo, menos para torcer civilizadamente. E volta para casa, bebendo. Essa incompetência de marcar jogos para as 22 horas da madrugada ainda vai trazer problemas sérios.
Finalizando, algumas medidas estão ao alcance da Polícia e da Justiça, outras nas mãos dos dirigentes dos clubes, evitando abrir a boca em vésperas de jogos complicados, e outras nas mãos da Federação e do quadro de árbitros, escalando juízes que não tenham simpatia por um dos clubes envolvidos. Basta agir.
Agora, como americano, advirto que estamos a dois pontos do Módulo II e a 11 do primeiro lugar. Aonde se chega mais fácil e rápido? Que o novo treinador faça de conta que nunca ouviu falar em Fábio Júnior e Joãozinho, a nata da ruindade e o retrato fiel do descompromisso com um clube tão tradicional, escalando o que há de melhor, independente da idade. Pelo menos, alguns deles, como o Euller, jogam mais e têm amor pelo clube. Emprestaram o jovem, talentoso e promissor Leo para ter dinheiro para pagar caro pernas-de-pau?!
Patético! Abraços!”